No Jornal Nacional, Bolsonaro disse mentiras sobre Covid-19, meio ambiente, urnas e economia
O POVO verificou as falas do presidente com informações enganosas e falsas no Jornal NacionalO presidente da República Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, abriu, na noite desta segunda-feira, 22, a série de entrevistas com candidatos a presidente da República no Jornal Nacional (JN), da TV Globo. Durante a conversa com os jornalistas Wiliam Bonner e Renata Vasconcellos, o chefe do Planalto proferiu diversas informações falsas.
O POVO verificou algumas das falas do presidente com informações enganosas e falsas.
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"Você não está falando a verdade quando fala em xingar ministro. Isso não existe. É uma fake news da sua parte"
É falsa a afirmação de que Bolsonaro não xingou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente já proferiu xingamentos a pelo menos dois membros da Suprema Corte, entre eles Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. Durante a manifestação do dia 7 de setembro de 2021, o presidente chamou Moraes de “canalha”. "Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo brasileiro", afirmou o presidente em tom inflamado.
O xingamento foi reforçado em julho de 2022 após o ministro prorrogar o inquérito que investiga as milícias digitais. Em relação a Barroso, Bolsonaro se referiu ao magistrado como “filho da puta” no dia 6 de agosto de 2021. Em outras ocasiões anteriores, o mandatário já havia chamado o ministro de “criminoso” e “mentiroso” por suas posições contra o voto impresso.
JN: "Mas, candidato, eu lhe perguntei qual era o seu propósito. Lembra a pergunta que eu fiz ao senhor? Qual era o seu propósito…"
Bolsonaro: “Você falou ministro? Foi um ministro específico. Está refeita aqui a dúvida?”
Além de mentir ao afirmar que nunca xingou ministros do STF, Bolsonaro também faltou com a verdade ao afirmar que ofendeu apenas “um ministro específico”. Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso foram alvo dos xingamentos. o momento chegou a ser filmado e postado nas redes sociais oficiais do presidente, porém, foi apagado posteriormente.
"Em 2018, houve uma denúncia de fraude e a senhora Rosa Weber determinou que fosse aberto o inquérito pela Polícia Federal para apurar a fraude. Que, obviamente, se houve fraude, eu ganhei, quem fraudou seria eu. A PF continua com a apuração”
A ministra Rosa Weber não determinou abertura de inquérito para apurar possibilidade de fraude nas eleições de 2018. Na verdade, acusação foi protocolada pelo advogado Ricardo Freire Vasconcellos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alegando "fraude matemática" nas urnas. O documento foi analisado pela Secretaria de Tecnologia da Informação do TSE e arquivado por falta de provas, sem abertura de inquérito.
Outro episódio que foi alvo de investigação da Polícia Federal em 2018 não teve relação com fraudes no sistema eleitoral, mas de ataque hacker contra o sistema eletrônico do TSE. Giuseppe Dutra Janino, secretário de Tecnologia da Informação do TSE, pediu abertura de um inquérito para apurar a questão, em novembro de 2018. Rosa Weber apenas designou uma equipe para constituir uma Comissão de Sindicância a apurar a denúncia.
"Serão respeitados os dados das urnas desde que as eleições sejam limpas e transparentes. Quando você diz que são auditáveis, em 2014 não aconteceu isso. Tudo bem. Vamos botar um ponto final nisso?"
É falsa a alegação de impossibilidade de auditoria nas eleições brasileira, pois a Justiça Eleitoral permite que que os sistemas de votação sejam acessados para análise e verificação a qualquer momento. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) disponibiliza auditorias antes e depois da eleição, dos códigos-fonte do sistema da urna eletrônica e da votação, por meio dos boletins de urna, que neste ano serão divulgados na internet no mesmo dia da apuração.
As máquinas têm elementos que possibilitam a auditoria eletrônica: o Registro Digital do Voto, que tem a função de recuperar os sufrágios para recontagem eletrônica, caso seja necessário, e o log da urna eletrônica, arquivo do registro cronológico de todas as operações realizadas pelo software da máquina. Para justificar a desinformação, Bolsonaro lembra do resultado de uma auditoria solicitada pelo PSDB, em 2014, para conferir o resultado da eleição presidencial daquele ano. A análise concluiu não ter havido fraude.
Fonte: Tribunal Superior Eleitoral
"Não houve suspensão da minha parte. A questão da Pfizer. No contrato da Pfizer estava escrito não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Outra coisa: a Pfizer não apresentou os efeitos colaterais."
Ao tentar justificar o motivo de ter atrasado a compra de vacinas contra a Covid-19 da Pfizer, o presidente afirma que a empresa deixou de apresentar os efeitos colaterais do imunizante, o que não é verdade. O estudo de fase três, cujo objetivo é demonstrar a eficácia da substância analisada, foi publicado ainda em dezembro de 2020 e contava com a relação de eventos adversos observados. A vacina obteve o registro definitivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em fevereiro de 2021. Esta foi a primeira autorização dessa natureza para um imunizante contra o coronavírus no Brasil e em toda a América Latina.
Em janeiro, a Anvisa havia aprovado o uso emergencial das vacinas CoronaVac e Oxford/Fiocruz/AstraZeneca. Até aquele momento, a Sinovac e a AstraZeneca não tinham entrado ainda com pedido de registro para uso definitivo de seus imunizantes.
Após a autorização, foi publicada a bula da vacina, que também contém informações sobre efeitos adversos. Porém, o governo federal assinou o primeiro contrato com a empresa somente em março de 2021, após a Pfizer enviar oito propostas para o Brasil entre agosto e dezembro de 2020, além de uma nona tentativa em fevereiro.
"Eu não errei nada do que eu falei sobre a pandemia"
Bolsonaro fez vários pronunciamentos com informações erradas durante a pandemia da Covid-19. O presidente em diversas vezes defendeu o uso de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a doença, como a hidroxicloroquina e a ivermectina. Por meio de documentos enviados à CPI da Covid em julho de 2021, o Ministério da Saúde admitiu que a cloroquina e os medicamentos que fazem parte do “Kit Covid” são ineficazes no combate da doença. Ele também foi contra o uso de máscaras e a adoção do isolamento social, medidas que a ciência demonstrou serem eficientes para conter a transmissão do vírus.
Ele se opôs a medidas sanitárias decretadas por governadores para tentar conter o avanço da doença pelo Brasil, todas baseadas nas diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS). Bolsonaro repetiu diversas vezes que as vacinas aprovadas para uso no Brasil eram experimentais, mesmo com todos os imunizantes aplicados no país passando por três fases de testes, quando tiveram segurança e eficácia comprovadas.
"Hoje muitos países já falam que o lockdown foi um erro. Que as pessoas se contaminavam muito mais em casa do que nas ruas"
É falso que autoridades de diversos países afirmaram que as medidas de isolamento adotadas durante a pandemia de Covid-19 foram um erro. O POVO não encontrou nenhuma declaração deste tipo partindo de nenhuma autoridade. O encontrado foi apenas o caso do enfrentamento da pandemia na Suécia, que se recusou a adotar leis específicas para quarentena e isolamento social. Em vez da regulamentação pesada de outros países da Escandinávia (região do norte europeu que agrupa Dinamarca, Noruega e Suécia), o governo sueco propôs uma política pública baseada em compreensão, cuidado e segurança com o próximo — uma forma de isolamento social baseado em cidadania, não em multas ou regulamentações severas.
A política, no entanto, não anula o sucesso do isolamento social, apontada por diversos estudos científicos como eficaz para conter a transmissão da Covid-19. Em julho de 2020, artigo no British Medical Journal avaliou medidas de distanciamento social em 149 países — de restrições ao transporte público, passando pela proibição de aglomerações públicas e chegando ao lockdown. A publicação estimou que tais medidas, em conjunto, haviam causado redução média de 13% na incidência da Covid-19; sendo a adoção de lockdown nos estágios iniciais da intervenção um fator que amplificou o benefício.
Em junho, dois artigos publicados na revista Nature já apresentavam estimativas dos efeitos iniciais das medidas restritivas. Um deles (Hsiang et al), tratando das medidas de redução de contágio adotadas em 1,7 mil diferentes localidades de Ásia, Europa e EUA, até então, sugeria que mais de 140 milhões de infecções haviam sido "evitadas ou adiadas" graças às restrições. Outro (Flaxman et al), sobre 11 nações europeias, calcula que 3 milhões de vidas haviam sido salvas pelas restrições, até 4 de maio.
"Negativo, negativo. Menos de 48 horas tavam chegando já cilindros lá em Manaus. Lá foi uma coisa atípica, anormal, que aconteceu de uma hora para outra. Menos de 48 horas, cilindros começaram a chegar em Manaus. Fizemos nossa parte em Manaus"
A falta de oxigênio medicinal em Manaus, que provocou a morte de vários pacientes de Covid-19 e obrigou a remoção de dezenas para outros Estados, chocou o Brasil e outros países ao mostrar pessoas morrendo por asfixia.
Com os dados em mãos que apontavam para um novo colapso, o governador do Estado, Wilson Lima (PSC), editou em 23 de dezembro de 2020 um decreto determinando o fechamento do comércio não essencial a partir do dia 26 de dezembro e proibindo eventos comemorativos. O presidente Jair Bolsonaro (PL) definiu a medida como absurda. No dia em que as restrições entrariam em vigor, protestos contra as novas regras bloquearam vias de Manaus. Lima, que é próximo do presidente, voltou atrás em sua decisão e autorizou que o comércio seguisse funcionando.
Com a piora da situação, Wilson Lima alertou ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, em 6 de janeiro de 2021, de que a falta de cilindros de oxigênio em Manaus era grave. Porém, a distribuição efetiva de cilindros e a transferência dos doentes para outros hospitais ocorreu apenas a partir do dia 14, quando a crise ganhou projeção nacional. Dias antes, em 11 de janeiro, Pazuello esteve na cidade e promoveu o uso de medicamentos ineficazes contra a Covid-19. Ou seja, o governo federal soube com seis dias de antecedência que a crise eclodiria. A informação consta de um ofício enviado pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao Supremo Tribunal Federal (STF).
JN: "O senhor mencionou quarenta e oito horas o fato é que Manaus ficou uma semana, mais de uma semana, nove dias sem receber o apoio das pessoas com falta de oxigênio nos hospitais"
Bolsonaro: "Não é verdade isso"
Em 14 de janeiro, no entanto, Pazuello admitiu, em reunião com prefeitos, que não havia aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) disponíveis para transportar oxigênio para o Amazonas. Logo depois, o ministro mudou o discurso, na noite do mesmo dia, em transmissão ao vivo ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na ocasião, disse que os aviões com oxigênio já estavam a caminho de Manaus.
O Ministério da Saúde não agiu rapidamente para resolver o colapso do sistema de saúde no Amazonas em janeiro de 2021. Foram oito dias entre o primeiro aviso sobre o colapso do sistema de saúde em Manaus, em 6 de janeiro de 2021, e a distribuição efetiva de cilindros de oxigênio, no dia 14. No dia 6, o ex-ministro Eduardo Pazuello recebeu em Brasília o governador do Estado, Wilson Lima (PSC), que afirmou a possibilidade do aprofundamento da crise em saúde. No dia seguinte, a empresa White Martins, principal fornecedora de oxigênio aos hospitais da capital do Amazonas, alertou o governo sobre a impossibilidade de o fornecimento acompanhar o aumento da demanda.
Além disso, Relatórios da Força Nacional do Sistema Único de Saúde foram enviados ao governo entre os dias 8 e 13 de janeiro relatando e alertando sovre os problemas. Eles previam até a data em que o colapso ocorreria. Mesmo com os dados, Pazuello esteve no Amazonas no dia 11 de janeiro, mas contrariou a ciência ao apostar no uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19 para conter o aumento no número de casos da doença na região.
O colapso no fornecimento de oxigênio em Manaus matou mais de 30 pessoas nos dias 14 e 15 de janeiro. Familiares de pacientes internados com Covid-19 precisaram eles próprios ir atrás da compra dos respiradores. Aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) chegaram a levar equipamentos para o Estado, porém, de forma atrasada.
"Fizemos a nossa parte e tratei com muita seriedade essa questão. Agora, não adotei o politicamente correto. Não estimulei. Inclusive, o que eu falei é que quando foi decidido o que era essencial. O trabalho essencial, eu falei: deve ser todo aquele necessário para o homem ou a mulher levar o pão para dentro de casa. A própria OMS concordou comigo naquela questão"
Bolsonaro engana ao distorcer uma declaração dada pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, sobre medidas restritivas durante a pandemia. Em 30 de março de 2020, Ghebreyesus usou as redes sociais para sugerir que os governantes considerassem os impactos sociais e econômicos do confinamento sobre os mais pobres. Ele defendeu a necessidade de cada país encontrar soluções para evitar que parte da população ficasse desassistida.
Em nenhum momento, no entanto, Tedros defendeu o fim ou o relaxamento das medidas de restrição de atividades. Mesmo assim, o presidente brasileiro fez questão de repetir a informação falsa ao menos 15 vezes em suas declarações.
People without regular incomes or any financial cushion deserve social policies that ensure dignity and enable them to comply with #COVID19 public health measures advised by national health authorities and @WHO. #coronavirus
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) March 31, 2020
JN: "Não, não, não. Ela disse que o senhor imitou gente com falta de ar e que faltou também a solidariedade. Foram as duas coisas. Bom, candidato, o senhor já deixou claro que mais brasileiros se contaminaram por ficar dentro de casa sem se expor."
Bolsonaro: "Não, não acho não".
JN: "O senhor disse isso".
Bolsonaro: "Nova York mostra isso aí. Estudos de fora do país mostram isso"
Bolsonaro distorce informações de uma apresentação feita pelo então governador de Nova York, Andrew Cuomo, em 6 de maio de 2020. Segundo o político americano, 84% de um grupo de 1.289 recém-internados em hospitais do estado declararam que, antes de contraírem a Covid-19, evitavam sair de casa cotidianamente. Porém, o levantamento não indica onde essas infecções ocorreram, muito menos que tenham sido dentro de casa. O governador também não se utilizou de números da apresentação para negar a eficácia do distanciamento social no Estado, mas para reforçar a orientação de que mesmo quem estava em isolamento deveria se precaver.
"Nós pegamos 2020, 2021, e tivemos um saldo positivo de quase 3 milhões de empregos no Brasil"
A informação é imprecisa, pois, segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, foram geradas 2.771.628 vagas de trabalho no mercado formal em 2021. Em 2020, porém, não houve saldo positivo, pois foram fechados 192.746 postos. O saldo de empregos criados foi de 2.578.882 milhões, número menor do que o citado pelo presidente.
"Diferente de 2014 e 2015, que tivemos uma perda de quase 3 milhões de empregos no Brasil"
É falso que o Brasil perdeu quase 3 milhões de empregos entre 2014 e 2015, período em que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) estava no poder. Dados do Anuário Estatístico da Relação Anual das Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Previdência, indicam um saldo positivo de 623.077 novos empregos e 1.510.703 número de desempregados. Portanto, entre 2014 e 2015, foram perdidos 887.626 postos de trabalho, não 3 milhões, como afirmou Bolsonaro.
"Eu tentei nos primeiros dois anos de mandato fazer a regulação fundiária. Para saber, por exemplo, qualquer local desmatado ou com foco de calor de quem é um CPF daquela propriedade. O presidente da Câmara não colaborou para votar essa proposta avante"
O presidente comenta sobre o projeto de lei 2.633/2020, apresentado pelo deputado Zé Silva (SD-MG), que trata da regularização fundiária. Ele defende que a proposta traria como benefício a identificação dos focos de incêndio e responsabilização dos culpados. Na verdade, o projeto determina a ampliação do tamanho das propriedades que poderiam ser facilmente regulamentadas sem vistoria prévia pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a partir da análise de documentos e de declaração do ocupante de que cumpre a legislação ambiental.
A mensagem não previa que essas terras passassem a ser vistoriadas caso a propriedade fosse alvo de termo de embargo ou de infração ambiental, lavrado pelo órgão ambiental federal. Mesmo com as regras de análise ambiental, não é possível afirmar que a legislação ajudaria a identificar autores de crimes ambientais. O projeto foi aprovado na Câmara com alterações, em 3 de agosto de 2021, e segue em tramitação no Senado.
JN: "Uma coisa é incêndio natural, outra coisa é o desmatamento e o fogo provocado pelo homem."
Bolsonaro: "Mas tem incêndio natural. O pantanal sul-matogrossense é comum pegar fogo de forma espontânea"
A informação é negada pela ciência. Cientistas especializados no bioma afirmam que os incêndios que devastam o Pantanal em Mato Grosso do Sul são causados principalmente pela ação do homem. Segundo o pesquisador Felipe Dias, diretor-executivo do instituto SOS Pantanal, são raros na região os focos originados por combustão espontânea. Ao portal Terra, o pesquisador do SOS Pantanal Felipe Dias afirmou em 2019 que 99% dos incêndios no bioma são de origem humana. “Começa com uma ação do homem e, depois, fatores como a falta de umidade, o calor e o vento se incumbem de espalhar”.
Em setembro de 2020, O governo de Mato Grosso informou que cinco perícias realizadas no Pantanal apontaram ação humana como causa das queimadas na região. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que os incêndios aumentam mais de 220% no mesmo ano. O total de focos registrados até o momento era superior a 7 mil, resultado recorde para a área.
"Olha só. A Amazônia é do tamanho da Europa Ocidental."
A área ocupada pela Amazônia Legal (5 milhões de km²) é bastante superior à da Europa Ocidental (cerca de 1 milhão de km²).
"No meu tempo não era centrão. Não existia centrão"
O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi eleito para a Câmara dos Deputados em 1990, período onde já se registrava a existência de um bloco parlamentar chamado de “Centrão”, formado na Assembleia Nacional Constituinte de 1987–1988, termo usado inclusive pela imprensa. O bloco contava com diversos aprtidos, entre eles o Partido Democrata Cristão (PDC), sigla onde Bolsonaro era filiado na época.
Em julho de 2021, o presidente confirmou fazer parte do bloco. Ao confirmar que o senador Ciro Nogueira (PP) iria assumir o comando da Casa Civil, "em busca de uma melhor interlocução com o Parlamento", o chefe do Executivo disse ainda que "Centrão" é um termo "pejorativo".
"Eu sou do Centrão. Eu fui do PP, do PTB, do então PFL, no passado integrei siglas que foram extintas. O PP, lá atrás, foi extinto, depois nasceu novamente da fusão do PDS com o PPB, se eu não me engano. Agora, nós temos 513 parlamentares. O tal Centrão são alguns partidos que lá atrás se uniram na campanha do Alckmin e ficou, então, rotulado Centrão como algo pejorativo, algo danoso. Não tem nada a ver. Eu nasci de lá", declarou Bolsonaro à Rádio Banda B, de Curitiba.
"Nós estamos num governo sem corrupção"
É falsa a declaração de Bolsonaro sobre a ausência de corrupção no governo. Integrantes e ex-integrantes da atual gestão são alvos de investigações e denúncias de casos de corrupção e outros delitos. O último caso aconteceu em junho de 2022, quando a Polícia Federal prendeu preventivamente o ex-ministro Milton Ribeiro por suposto envolvimento em esquema de liberação de verbas do Ministério da Educação. Ele é acusado de favorecimento de pastores na distribuição de verbas, além de suposta participação em crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.
Além disso, o relatório da CPI da Covid-19 no Senado pede o indiciamento de Bolsonaro e seis ministros e ex-ministros por crimes como prevaricação, emprego irregular de verbas públicas, falsificação de documento particular e charlatanismo. A Polícia Federal e o Ministério Público investigam ainda por suspeitas de corrupção outros membros de governo, como o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (PL), o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PL), que comandou a pasta do Turismo, além de Fabio Wajngarten, que chefiou a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom).
"Eu indiquei ministros por critério técnico"
A informação é falsa. O ex-ministro do Turismo, Gilson Machado (PL-PE), é veterinário e produtor rural. A maior relação dele com o turismo deve-se ao fato dele ser dono de pousada em Alagoas. João Roma (PL-BA), ex-chefe do Ministério da Cidadania, é deputado federal e só esteve no cargo após um acordo com o Republicanos, na época partido dele. O ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub (PMB-SP), atuava como economista e professor da Unifesp, onde era espacializado em produção acadêmica voltada à Previdência Social. Outro exemplo é o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-general do Exército atuante na área logística.
"Conseguimos a transposição do São Francisco que estava parada desde 2012, levando água para o Nordeste"
As obras da transposição do São Francisco não ficaram paradas de 2012 até 2019, quando Bolsonaro assumiu a Presidência. O ano foi previsto para a conclusão das obras, ainda no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no entanto, os prazos foram estendidos para 2014 e depois para 2015, período em que a primeira estação de bombamento do Eixo Norte foi entregue pela então presidente Dilma Rousseff (PT). Em 2017, a gestão de Michel Temer (MDB) entregou o Eixo Leste. Em novembro de 2018, antes da gestão Bolsonaro, o Ministério do Desenvolvimento Regional informou que faltava entregar apenas o trecho final do Eixo Norte, que estava 92,5% pronto.
"Criamos o Pix tirando dinheiro de banqueiros"
Apesar de ser lançado durante o governo de Jair Bolsonaro, em novembro de 2020, o Pix foi anunciado e começou a ser desenvolvido pelo Banco Central (BC) em 2016, no governo de Michel Temer (MDB). outra alegação falsa e sem provas é que o Pix tenha tirado dinheiro dos bancos, pois, embora tais empresas tenham deixado de arrecadar com tarifas de transações como DOC e TED, os lucro instituições não pararam de crescer. Inclusive, as discussões do Pix se ampliaram em 2017, por meio de estudos realizados em parceria com agentes do mercado financeiro e integrantes de outros bancos centrais.
O lucro líquido do sistema de bancos foi de R$ 132 bilhões em 2021, valor 49% superior ao registrado em 2020 e 10% acima do observado em 2019. Os dados constam do Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado pelo BC em janeiro deste ano. De acordo com o BC, a rentabilidade dos bancos continua em recuperação dos efeitos da pandemia e deve se manter resiliente no curto prazo.
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