Ciro sobre PEC dos Precatórios: "Ao consultarem meu irmão, imaginavam estar me consultando"
Ciro disse ao Jornal Nacional que bancada do PDT consultou Cid Gomes sobre PEC dos Precatórios e concluiu que, com isso, tinham também seu aval. Quinze dos 21 parlamentares votaram "sim"
21:56 | Ago. 23, 2022
Em entrevista ao Jornal Nacional, o candidato a presidente Ciro Gomes (PDT) afirmou ter havido um curto-circuito entre a bancada do PDT na Câmara dos Deputados e a cúpula da legenda na votação dos Precatórios, que estende o prazo para pagamento de dívidas do governo federal (os chamados precatórios) até 2026. O texto que passou na Câmara tinha como prazo 2036. A medida foi aprovada ao final de 2021.
No período em que a bancada do PDT votou favoravelmente, Ciro deixou a candidatura presidencial em suspenso, condicionando-a ao recuo dos parlamentares. Ao JN, então, ele afirmou que a bancada consultou Cid Gomes (PDT), seu irmão senador, enquanto ele dormia, achando que com isso estaria tendo o aval indireto dele.
"A única vez na vida eu que eu falei em renunciar, desistir, foi naquela noite. Depois eu até entendi que foi um grande mal-entendido. A bancada achava o seguinte, que se votasse contra era irrelevante porque iria passar por esmagadora maioria. Tentaram atenuar os danos, mitigar, que é o papel de uma oposição pequena numa onda de 300 deputados", justificou Ciro, ao que foi questionado por Renata Vasconcellos sobre a falta de união da bancada.
"Porque foi de madrugada", respondeu Ciro. "Nos entendimentos, o Lira (presidente da Câmara dos Deputados) disse para eles: 'olha, nós temos 340 votos, mas nós queremos fazer por consenso, então se vocês votarem juntos, nós vamos entregar aqui a proteção aos professores, vamos tirar os precatórios dos professores dessa restrição imoral', e eles de boa-fé acreditaram".
Ciro disse então que Cid foi consultado. "Ao consultarem o meu irmão que é senador, eles imaginavam que estavam me consultando". O pedetista disse que, ao ameaçar deixar a candidatura, fez um gesto que mostrou "a quem eu sirvo". "Acima do meu partido está a minha vassalagem ao povo brasileiro", encerrou o líder pedetista.
A votação da PEC dos Precatórios, em primeiro turno, ocorreu em 4 de novembro de 2021. Nela, 15 dos 21 deputados do PDT deram "sim" à proposta. Foi o que levou Ciro, pela manhã, a emitir nota nas redes sociais na qual disse que "há momentos em que a vida nos traz surpresas fortemente negativas e nos coloca graves desafios."
E adicionou: "A mim, só me resta um caminho: deixar a minha pré-candidatura em suspenso até que a bancada do meu partido reavalie a sua posição. Temos Temos um instrumento definitivo nas mãos, que é a votação em segundo turno, para reverter a decisão e voltarmos ao rumo certo.”
No dia 9, quando a PEC foi ao segundo turno entre os deputados, Ciro gravou vídeo em que agradeceu aos parlamentares pelo recuo.