Se eleito governador, Serley quer recriar o BEC: "Um crime a privatização"

Candidato considera a instituição como um dos principais mecanismos para desenvolvimento de políticas públicas, além de ser necessário retomar a capacidade do Estado de intervir na economia

O candidato da Unidade Popular (UP) ao Governo do Estado, Serley Leal, afirmou que um de seus planos em um eventual governo é retomar o antigo Banco do Estado do Ceará, o BEC, privatizado em 2005. Segundo ele, a instituição criada em 1964, foi “muito mal utilizada” pelo Estado. Além disso, ele diz acreditar que foi “um crime” a privatização feita no banco, que hoje é pertencente à iniciativa privada, especificamente ao banco Bradesco.

“A gente queria retomar o BEC. Acho que foi um crime que aconteceu no nosso estado, a privatização do banco do Estado do Ceará, como foi negativa para os servidores públicos e para o próprio erário do Estado. Claro que o BEC foi muito mal utilizado pelo Estado, há época os governos estaduais pegavam emprestado dinheiro do BEC e deixava o caixa do banco negativo, dava prejuízo”, disse.

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No tocante à privatização da instituição, ele considera “um verdadeiro crime nacional” como a questão foi tratada. Para ele, deveria haver uma investigação sobre disso, devido às consequências negativas aos estados. “O Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional, criado pelo governo FHC) foi um verdadeiro crime nacional, precisaria ser investigado, que foi o programa de reestruturação e privatização dos bancos estaduais e que transferiu a dívida desses bancos para o próprio erário estadual, e essa dívida o estado do Ceará, como todos os estados brasileiros, estão pagando ainda hoje”, defendeu.

Para Serley, é necessário que haja um banco estatal próprio para poder fazer políticas públicas  e retomar a capacidade do estado para intervir na economia. “É preciso ter esse banco para financiar a pequena produção, os pequenos produtores que estão sem muita capacidade de investir, veja só hoje a taxa de juro dos grandes bancos”, diz.

Ele, que é bancário, diz que é possível, sim, ter juros subsidiados. “Os grandes empresários têm, inclusive para financiar aviões, capacidade de fazer grandes obras com recurso subsidiado, mas o camelô não tem, o feirante não tem, a pequena confecção da periferia não tem, e é preciso ter e na nossa opinião o estado deveria intervir nisso”.

Sobre o BEC

O Banco do Estado do Ceará (BEC) foi fundado em 1964 pelo então presidente da República Castelo Branco, em conjunto com o então governador do Ceará Virgílio Távora. Em 2005, foi privatizado, passando a pertencer ao banco Bradesco. O BEC tinha a intuito de trazer desenvolvimento para o Ceará. Ele possuía 70 agências bancárias espalhadas pela Capital e Interior, além de estar presente também em outros estados, como Rio de Janeiro e São Paulo.

Eventual segundo turno

A respeito de um eventual segundo turno entre Capitão Wagner (União Brasil) e Elmano Freitas (PT) ou Roberto Cláudio (PDT), Serley diz que a posição da UP é derrotar o bolsonarismo no Ceará. “Qualquer que seja, pelas pesquisas estão indicando a ida ou não do PT e PDT, a nossa decisão de imediato é realmente derrotar o bolsonarismo na figura do deputado Wagner”, diz.

Ele diz que é preciso enfraquecer essas posições políticas reacionárias w conservadoras existentes no Ceará. Aproveitou, inclusive, para criticar uma posição defendida por Wagner para a segurança pública. “É impossível resolver, como se propõe, a segurança pública do nosso estado, distribuindo, fazendo desses policiais verdadeiros 'robo-cops' ou colocando tanques na rua, fazendo como se faz hoje o Rio de Janeiro, invadindo as favelas, assassinando pessoas pobres, jovens. Então, essa ideia que foi plantada no nosso Estado é uma ideia perversa, errônea e a população precisa ser acordada para isso. Nós não podemos aceitar e, infelizmente, isso tem se propagado, e o deputado Wagner é a figura que centralizou essa política no Estado do Ceará”, finaliza.

Acompanhe a entrevista na íntegra:

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