Entenda os conflitos e as mudanças de lado de partidos na eleição no Ceará

Reviravolta do PSDB e do Progressistas ocorreram na Justiça

A pré-campanha no Ceará foi marcada por reviravoltas quanto aos rumos de vários partidos. A maioria delas no entorno das três candidaturas mais competitivas ao Governo Estadual. O PSDB, o PDT, o Pros, o Progressistas, o Solidariedade e o Psol alternaram as trajetórias, com direito a brigas abertas em alguns contextos.

O Republicanos se viu indefinido sobre quem apoiar. A indecisão da legenda presidida pelo deputado federal Ronaldo Martins (Republicanos) era entre as candidaturas de Capitão Wagner (União Brasil), Elmano Freitas (PT) e Roberto Cláudio (PDT). Martins optou por Wagner.

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O PSDB rachou em bandas quando o presidente da sigla, suplente de senador Chiquinho Feitosa, decidiu enfrentar o líder maior do tucanato cearense, senador Tasso Jereissati, aprovando neutralidade do partido durante convenção na disputa ao Palácio da Abolição, apesar do anúncio de apoio ao candidato Roberto Cláudio pelo ex-governador tucano. A convenção ocorreu em 4 de agosto.

Nesta terça-feira, 10, o PSDB recorreu de decisão que devolveu a direção da sigla a Feitosa, como noticiado pelo colunista do O POVO Henrique Araújo. Feitosa havia sido destituído do controle do PSDB após decisão do presidente nacional da legenda, Bruno Araújo, que atendeu a pedido de Tasso.

Feitosa retomou o controle do partido após uma liminar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter validado a convenção entre PSDB/Cidadania no Ceará, presidida por Chiquinho. A decisão, temporária, ainda aguarda julgamento definitivo. As candidaturas a senador do empresário Amarílio Macedo e do médio Dr. Cabeto estão momentaneamente invalidadas.

Chiquinho Feitosa tinha intenção de ser suplente do candidato a senador Camilo Santana (PT). O ex-governador é cotado para Ministério do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, caso eleito para terceiro mandato presidencial. Caso Camilo também se eleja para o Senado, a indicação abriria vaga para o primeiro suplente.

A adesão do PSDB a Roberto Cláudio, contudo, inviabilizou o projeto de Chiquinho, impossibilitado de ocupar chapa posto na chapa de Camilo.

Professor de Teoria Política na Universidade Estadual do Ceará (Uece), Emanuel Freitas analisa que a tentativa é menos um desejo genuíno que o pequeno remédio que possam comprar, é a cachaça. Para Freitas, o balaço atualmente é um espaço esvaziado que se restringe hoje a força do Tasso Jereissati, atualmente em "ocaso", disse.

Freitas analisa que a busca pelo PSDB remete ao tempo de televisão que as campanhas terão com base no tamanho das coalizões que montarem. "Não sei se a influência do Tasso é tão considerável assim a ponto de justificar essa busca desenfreada por esse apoio. Chiquinho Feitosa vem de outro partido, o Democratas, saiu do União Brasil. Então, veja que é uma busca por uma sombra, a sombra do Tasso, e que não se expressa em número de prefeitos, nem de deputados, enfim."

Progressistas 

O PP liderado pelo deputado estadual Zezinho Albuquerque aderiu ao bloco de Elmano e Camilo, os candidatos petistas ao Governo do Ceará e ao Senado, respectivamente. No entanto, intervenção nacional impediu que o Progressistas se coligasse com o PT nos estados. A decisão foi proferida no último dia 5, limite das convenções partidárias, pelo ministro Ricardo Lewandowski. Nesta quarta-feira, 10, o PP foi confirmado na aliança petista com decisão do pleno do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

PDT

Mesmo com ainda quatro pré-candidaturas ao Governo do Ceará, Izolda Cela e Roberto Cláudio foram os que mais se destacaram nos debates internos. Enquanto Izolda e apoiadores argumentavam que era a mais capaz de unir a extensa base aliada, RC pontuava bem em pesquisas de intenção de voto. O PT avisou ao PDT que não manteria a aliança com RC. Foi o que aconteceu

Republicanos 

Até se definir por Capitão Wagner (UB), o Republicanos cogitou apoiar Elmano ou RC. As conversas estavam abertas com as três candidaturas mesmo depois das convenções. O partido conduzido por Ronaldo Martins já foi governo e agora está na oposição, ao lado de Wagner.

Psol

O Psol havia lançado Adelita Monteiro ao governo e o indígena Paulo Anacé ao Senado, mas decidiu retirar as duas para apoiar Elmano Freitas e Camilo Santana, ambos do PT. Adelita estava de acordo, mas Anacé não. Então, houve intervenção nacional. O partido confirmou o apoio a Elmano, mas decidiu manter Anacé.

Solidariedade 

O deputado federal Paulinho da Força gravou vídeo em que declara que Capitão Wagner é o melhor nome para conduzir o Estado. No entanto, o partido terminou anunciando apoio a Elmano sob justificativa de que o fim da aliança entre PT e PDT mudou o cenário do Estado de forma drástica.

Pros

O partido havia decidido primeiro apoiar Capitão Wagner. Mas, houve mudança do cenário nacional e, numa articulação do ex-senador Eunício Oliveira (MDB), a legenda passou para o lado de Elmano. A Justiça interveio, desfez a mudança e o partido voltou a apoiar Wagner. Entre idas e vindas, o TSE definiu que o comando da legenda fica mesmo com o presidente Eurípedes Junior, da ala próxima ao PT. Dessa forma, o Pros ficou na aliança de Elmano.

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