Ciro Gomes diz que vai administrar preços da Petrobras em eventual governo
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) afirmou que vai fazer administração do preço dos combustíveis da Petrobras caso seja eleito presidente da República. Em entrevista ao Central das Eleições da Globo News, o candidato ao Planalto voltou a defender mudança na política de preços da estatal. "Todo monopólio, o preço é administrado pelo governo. A lógica do mercado não existe em contexto de monopólio. Ela (a Petrobras) terá um preço administrado pelo governo, como o preço de energia", disse nesta quarta-feira, 27.
Ciro propôs substituir a Paridade de Preços Internacional (PPI), que alinha o preço dos combustíveis ao praticado fora do País, por uma política baseada nos custos de produção mais um porcentual de lucro da Petrobras.
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"O lucro da Petrobras no ano passado foi de 38%, com essa política de preços inescrupulosa. O lucro da empresa mais bem-sucedida foi de 9%. A Petrobras está investindo (com esse lucro)? Não, está desinvestindo. Está distribuindo lucro antecipado aos acionistas", criticou.
O presidenciável afirmou também que pretende comprar ações da empresa para elevar de 50% a 60% a participação acionária do governo na companhia.
Legislação trabalhista
Ciro Gomes voltou a dizer que substituirá a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) por um novo Código Trabalhista. "A CLT envelheceu, não faz as rupturas necessárias com o que temos hoje. A ideia não é ser reativo, reacionário, uma saudade impraticável de voltar à velha CLT", pontuou.
O esboço desta legislação é apoiado em dois eixos: as convenções internacionais que o Brasil assinou com a Organização Internacional do Trabalho e "as grandes questões que estão judicializadas". Entre as mudanças citadas por Ciro, estariam a equiparação dos salários dos terceirizados com celetistas e um arcabouço de direitos para os motoristas de aplicativo.
Renda mínima
Ciro voltou a falar também que vai institucionalizar uma renda mínima no Brasil para combater a pobreza. "Quero libertar o povo brasileiro. Às vésperas da eleição, principalmente no Nordeste, é uma humilhação: 'se você não votar no fulano, corto seu Bolsa Família'. A ideia básica é que seja de status constitucional, que todo brasileiro, sendo ou não capaz de contribuir para a Previdência, tenha direito a uma renda básica mínima", explicou.
Vice
O ex-ministro também disse na entrevista que vai deixar a decisão sobre quem será seu candidato a vice para o prazo limite, 5 de agosto, à espera de uma composição com PSDB, União Brasil ou PSD. O presidenciável lembrou que o PDT possui alianças com as siglas em alguns Estados e, por isso, recebeu o pedido de dirigentes para que deixasse "as portas abertas".
"O União Brasil, que tem o Bivar como candidato, tem algumas alianças comigo, como o ACM Neto na Bahia. Apoiamos o Ronaldo Caiado em Goiás, apoiamos o Mauro Mendes (Mato Grosso). O PSDB de Natal, nós saímos com a vice de lá. O PSD é liderado pelo Kassab, e eles pedem que eu deixe a porta em aberto para que a gente possa, eventualmente, fazer esse cálculo (de indicar a vice de Ciro)", afirmou.
Ciro disse, no entanto, que há nomes habilitados no PDT para ocupar a vice, caso não haja composição com outro partido. Ele repetiu que prefere uma mulher para a vaga.
'Dor de cotovelo'
Na entrevista, Ciro revelou ter ficado com "dor de cotovelo" pelo apoio da cantora Anitta ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao falar sobre propostas para a área da cultura, o pedetista se disse admirador da artista e afirmou que gostaria de ter o voto dela.
Ciro atribuiu a declaração de apoio a um medo de Anitta de ser "cancelada" nas redes sociais. "Ela tinha dito uma coisa essencial: 'estou em dúvida'. Porque mais do mesmo vai dar mais do mesmo. Ela disse: 'eu estou em dúvida, quero ouvir o debate, assistir os candidatos e depois vou decidir'. Caíram de pau em cima dela, ela, pra se livrar dessa pressão fascista da galera do PT, as pessoas estão se rendendo pra não serem canceladas", disse o presidenciável.
Anitta declarou o voto em Lula no Twitter em publicação no dia 11. "Não sou petista e nunca fui. Mas este ano estou com Lula e quem quiser minha ajuda para fazer ele bombar aqui na internet, TikTok, Twitter, Instagram é só me pedir que estando ao meu alcance e não sendo contra lei eleitoral eu farei", escreveu a cantora. "A partir deste momento eu sou 'Lulalá' [no] primeiro turno. E lutarei por uma novidade na política presidencial brasileira nas próximas eleições."
Desde então, a cantora disse ter conversado com o petista para explicar a estratégia de marketing que considera ideal para ganhar o pleito e derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Taxação de fortunas
O candidato à Presidência pelo PDT propõe taxar em 0,5% fortunas a partir de R$ 20 milhões para custear um programa de renda mínima. "Eu proponho uma tributação, que está prevista na Constituição, sobre grandes fortunas, que estou especializando: 0,5% sobre patrimônios acima de R$ 20 milhões, arrecadaria o suficiente para financiar essa renda com mais essas outras fontes. R$ 60, R$ 70 bilhões por ano. Isso atinge 58 mil de contribuintes no Brasil, num país de 212 milhões, tal é a selvageria da concentração de renda no nosso país", disse Ciro.
Ainda segundo o candidato, o programa de renda mínima reuniria Auxílio Brasil, seguro-desemprego, aposentadoria rural, Benefício de Prestação Continuada (BPC) e outros auxílios já pagos atualmente e restabeleceria o monitoramento de indicadores sociais que acompanhava o Bolsa Família.
Durante a entrevista, Ciro disse também que pretende equiparar os salários de homens e mulheres na proposta de criar um novo código trabalhista para o País.
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