PT diz que aliança no Ceará acabou e responsabiliza PDT por rompimento unilateral

Camilo Santana participou do encontro e deu aval à decisão

17:58 | Jul. 19, 2022

Por: Érico Firmo
Reunião do diretório do PT Ceará discute rumos do partido após PDT escolher o nome de Roberto Cláudio para disputar Palácio da Abolição (foto: Matheus Maciel/PT Ceará)

O PT Ceará aprovou resolução segundo a qual o PDT rompeu a aliança entre os partidos no Ceará. O texto fala que a decisão de lançar Roberto Cláudio como candidato a governador, pela forma como se deu, representou "rompimento tácito e unilateral da aliança até então estabelecida". A resolução é dura: "Prevaleceu a arrogância, o capricho e a expressão de mando que subjugou os interesses dos cearenses à obsessão de poder de um só."

O presidente estadual do PT, Antônio Filho, o Conin, disse que o ex-governador Camilo Santana (PT) participou remotamente da reunião e deu aval à decisão. "O governador expressou sua concordância com a nossa resolução. Reiterou seu compromisso com o PT, disse que está firme com o PT e expressou para o diretório o alinhamento da posição do PT com a sua posição", afirmou.

"O PT interpretou que o PDT fez uma opção de não manter a aliança com os partidos, tendo em vista que interditou o diálogo", disse Conin. "Esperávamos ter sido consultados antes da decisão. Infelizmente, o PDT fez uma opção de decidir de forma unilateral. Não houve essa oportunidade de diálogo para a definição que eles tomaram", acrescentou.

A resolução diz ainda: "O PDT se fechou em copas. Tratou todas as tentativas de diálogo prévio à sua escolha como intromissão indevida", diz a resolução, que defende que Izolda teria direito de ser candidata à reeleição. "A negação do seu direito à reeleição, pelo seu partido, ficará registrada com uma triste página na história política do Ceará." O partido entende ainda que a governadora foi submetida a "triste espetáculo de constrangimento público".

Questionado sobre se poderia haver retomada do diálogo com o PDT, Conin reforçou que o rompimento, no entender do PT, partiu dos pedetistas. "Quem teria que se manifestar sobre isso são os que fizeram a opção de caminhar sozinhos", disse.

Sobre o que será feito e se haverá candidatura própria, Conin disse que será debatido com outras siglas, sob comando de Camilo. "Nós vamos, sob a coordenação dele, sob a liderança dele, dialogar com os demais partidos que também se sentem excluídos desse processo para decidir nosso caminho", afirmou o presidente petista. São esperados na conversa MDB, Progressistas, PCdoB e PV.

Confira a resolução:

DIRETÓRIO ESTADUAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES NO CEARÁ

*RESOLUÇÃO POLÍTICA
DIÁLOGO E UNIÃO EM DEFESA DO CEARÁ E DO BRASIL*

O compromisso do Partido dos Trabalhadores – PT com o Ceará e os cearenses, e com o Brasil, sempre norteou a nossa ação política e nossas decisões. Com base nessa premissa o PT envidou todos os seus esforços para que o projeto político-administrativo em curso no Ceará, comandado nos últimos sete anos e meio pelo ex-governador Camilo Santana e agora pela governadora Izolda Cela tivesse sua reafirmação política junto ao povo cearense com a defesa de suas conquistas e reconhecimento dos desafios para seu avanço e aprimoramento, sempre na perspectiva de melhorar cada vez mais a vida do nosso povo.

Arraigado nesse sentimento de responsabilidade com o nosso povo, o PT defendeu e continua defendendo uma ampla aliança para as eleições de 2022 no estado, a partir de uma candidatura ao governo capaz de unir toda a base de sustentação do governo Camilo/Izolda, reconhecendo inclusive a primazia do PDT na escolha do nome, reivindicando, apenas e tão-somente, um amplo diálogo com os partidos aliados no processo de definição da candidatura.

Infelizmente não foi o que se verificou. O PDT se fechou em copas. Tratou todas as tentativas de diálogo prévio à sua escolha como intromissão indevida. Ignorou inclusive as manifestações públicas de preferência de partidos aliados, lideranças, inclusive do ex-governador Camilo Santana pelo nome de sua filiada e atual governadora Izolda Cela, que, no cargo, manifestou publicamente seu interesse e sua legítima pretensão de postular sua reeleição.

A prerrogativa antes reconhecida a quem, no cargo, postulou a reeleição, foi solenemente negada pelo PDT à governadora Izolda, num triste espetáculo de constrangimento público da primeira mulher a chegar ao governo do Estado. A Izolda Cela nossa solidariedade e nosso reconhecimento do seu valor, da sua dignidade e de sua extraordinária contribuição ao Ceará em todas as funções públicas que brilhantemente desempenhou e desempenha. A negação do seu direito à reeleição, pelo seu partido, ficará registrada com uma triste página na história política do Ceará.

A exclusão de Izolda representou igualmente a negativa do diálogo na busca de consenso e o pouco apreço à aliança, aos aliados e sobretudo, o desprezo às conquistas e melhorias alcançadas na vida dos cearenses por conta do seu trabalho, junto com Camilo nos anos recentes. Prevaleceu a arrogância, o capricho e a expressão de mando que subjugou os interesses dos cearenses à obsessão de poder de um só. Esse veto materializou ainda o rompimento tácito e unilateral da aliança até então estabelecida.

Nesse contexto, o PT, se solidariza com a Governadora Izolda, reitera o seu compromisso com os cearenses e com a democracia e com as pré candidaturas do ex Governador Camilo Santana para o Senado, de LULA para presidente e que continuará o diálogo com os demais partidos aliados.

Fortaleza, 19 de julho de 2022.

Com informações de Henrique Araújo e Mariana Lopes