Domingos comenta abordagem de Nelson a prefeitos em prol de Izolda e recomenda neutralidade

Para o presidente estadual do PSD, o processo de escolha do candidato do PDT ao governo já está "inadequadamente inflamado", e posicionamentos externos colocam a aliança em risco

12:54 | Jul. 11, 2022

Por: Ítalo Coriolano
Para Domingos Filho, o melhor é manter a neutralidade sobre a disputa do PDT (foto: Thais Mesquita)

O presidente do PSD no Ceará, Domingos Filho, recomendou que os prefeitos do partido fiquem neutros na disputa interna do PDT para a escolha do candidato ou candidata ao Palácio da Abolição. Segundo o ex-vice-governador do Estado, os gestores estão sendo abordados pelo assessor de Relações Institucionais do Governo do Ceará, Nelson Martins (PT), para que façam declarações públicas de apoio à reeleição da governadora Izolda Cela (PDT) e à eleição do ex-governador Camilo Santana (PT) para o Senado.

Segundo Domingos, os prefeitos estão em dúvida sobre como se posicionar diante de mensagens e ligações do petista. Na avaliação dele, o ideal é respeitar a autonomia do PDT para a decisão e manter a neutralidade, como forma de evitar o rompimento da aliança governista.

"O PSD firmou entendimento de respeitar as instâncias de cada partido na escolha de seus candidatos a Governador(a) - no caso do PDT - e a Senador, no caso do PT. Essa decisão de neutralidade, num processo que precisa de serenidade e mediação, é a mais adequada para diminuir os conflitos das disputas internas que, embora legítimas, não devem ser motivos para o encerramento da aliança que tem conseguido alavancar o desenvolvimento do Estado do Ceará", argumentou.

Acusado por vereadores do PDT de pressionar prefeitos do Interior a declararem apoio a Izolda Cela, Nelson Martins disse ao O POVO que as "manifestações dos prefeitos e prefeitas têm sido espontâneas de apoio à continuidade de um projeto do ex-governador Cid, Camilo e Izolda, que tem ajudado muito ao estado do Ceará."

Neste sábado, uma onda de prefeitos manifestou apoio à atual governadora. Questionado se todos os gestores foram movidos por um sentimento coletivo de apoio no mesmo dia cuja consequência foram publicações de apoio nas redes sociais, Nelson disse: "Você pode perguntar a cada um.

Para Domingos Filho, o processo de escolha do candidato já está "inadequadamente inflamado", e posicionamentos nesse contexto só iriam agravar a situação. "Recomendo aos Prefeito(a)s do PSD e aos demais militantes do 55, que se abstenham de manifestar opinião sobre qual deve ser a definição do PDT entre qualquer um de seus 4 pré-candidatos, pois, certamente, em nada contribuirá com o processo de definição que já está inadequadamente inflamado", destacou.

O presidente do PSD também anunciou a data da convenção estadual da sigla: 24 de julho, às 18 horas, na cidade de Tauá, seu berço político. "Oportunidade em que iremos deliberar sobre a posição do partido nas eleições de 2022", informou. Em se confirmando o rompimento da aliança entre PT e PDT, é provável que Domingos ocupe a vaga de vice em uma eventual candidatura do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) ao Governo do Estado.

Atualmente, a aliança está rachada: o governador Camilo Santana, ao lado de lideranças do PT e de outros partidos, como PP, MDB, PV e PCdoB, defendem que Izolda tem o direito de postular reeleição e seria o nome que mais agrega os aliados; já o presidenciável Ciro Gomes aposta na popularidade de Roberto Cláudio, que teve melhor performance em pesquisa encomendada pelo PDT do que a atual governadora, em comparação ao pré-candidato da oposição Capitão Wagner (UB). RC apareceu a quatro ponto do deputado federal licenciado, enquanto Izolda está 22 pontos atrás.  A pedetista, entretanto, questiona esse tipo de ferramenta, alegando que pesquisas mostram apenas um retrato do momento a três meses das eleições. Também defende que os partidos precisam participar da escolha. "Coloco meu nome para unir. Não se faz nada sozinho", disse a governadora.