Petistas defendem que Camilo tenha protagonismo na escolha de candidatura governista

Petistas cearenses se contrapõem à tese de que o ex-governador Camilo Santana (PT) possa ser deixado de fora do processo de escolha da candidatura da base aliada para o Governo do Ceará, reclamação feita pelo deputado federal José Guimarães, em entrevista exclusiva ao O POVO. Eles apontam que o ex-governador deve ter protagonismo.

Para o deputado estadual, Acrísio Sena (PT), tanto Camilo quanto o ex-presidente e pré-candidato a presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), possuem potencial para serem “os grandes protagonistas nas próximas eleições do Ceará”. “Com todo esse capital político, o ex-governador hoje é a maior liderança política do Ceará, tendo profunda influência no resultado do pleito de outubro próximo.”

O parlamentar citou pesquisas recentes de intenção de votos para as eleições estaduais. A mais recente foi divulgada na última semana e mostra o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB), com apoio de Lula, na liderança da corrida eleitoral com 34% das intenções de voto. O levantamento foi realizado pelo Instituto Conectar Inteligência e Pesquisa e contratado pelo MDB.

“Camilo enfrentou, em pouco mais de sete anos de gestão, uma profunda crise hídrica, um motim policial, ataques de facções à segurança do Estado e dois anos de pandemia da Covid-19. E passou por tudo isso com maestria, demonstrando enorme competência e capacidade de diálogo, tendo quase 80% de aprovação junto à população”, completou Acrísio.

 

O presidente do PT de Fortaleza, vereador Guilherme Sampaio, também defendeu o papel do ex-governador nas decisões eleitorais diante da sucessão do bloco governista. O parlamentar afirmou considerar “quase impossível” Camilo ser afastado das decisões eleitorais do bloco e lembrou de recente pesquisa publicada no fim do sétimo ano de mandato do petista onde ele aparece aprovado por 78% da população, conforme a pesquisa do Instituto Opnus, feita em parceria com O POVO.

"Camilo saiu do Governo com uma aprovação recorde. Ao lado de Lula, é o maior puxador de votos nessas eleições no Ceará, como demonstram todas as pesquisas. Seria uma grande ingenuidade ou um imenso equívoco quem quer que tenha integrado o arco de alianças de seu governo desconsiderar sua força política. Se por acaso houver alguém pensando assim, pode ter certeza que cometerá um erro fatal na tática eleitoral", avaliou o vereador. 

As manifestações acontecem em meio à tensão na aliança PT-PDT no Estado, em função do acirramento da disputa entre os pré-candidatos do bloco governista para as eleições de outubro. Apoiada por petistas, a governadora Izolda Cela (PDT) é vista pelos defensores como candidata natural para disputar a reeleição ao Palácio da Abolição. Porém, o ex-prefeito Roberto Cláudio já foi defendido como nome mais forte, ainda no ano passado, pelo senador Cid Gomes (PDT). Mais recentemente, a opção por ele foi defendida pelo presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.

Pouco antes de sair do cargo para poder ser candidato ao Senado Federal, Camilo já vinha sinalizando proximidade com uma eventual candidatura de Izolda, sua então vice. O petista chegou a ser chancelado por Lula como personagem indispensável na escolha do candidata que concorrerá à sucessão do Governo do Ceará. Em entrevista à Rádio Progresso, de Juazeiro do Norte, no dia 17 de fevereiro, o pré-candidato a presidente afirmou que o correligionário cearense deverá ter autonomia no processo.

Em plenária do PT Ceará promovida pelo grupo de José Guimarães, na última quinta-feira, 9, o principal estrategista político do PT criticou uma possível exclusão de Camilo das discussões eleitorais. O parlamentar reage à pressão de lideranças pedetistas em oficializar o ex-prefeito Roberto Cláudio como futuro candidato a governador pelo bloco. 

A reportagem procurou o presidente do PT no Ceará, Antônio Filho, o Conin, para comentar sobre o assunto, mas não obteve sucesso. Ao O POVO, o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão (PDT), afirmou que não há possibilidade de o ex-governador ser excluído do processo de escolha da candidatura da base aliada para o Governo do Ceará.