Lapsos de memória: conheça oito causas e como evitá-las
Na maioria das vezes, os esquecimentos fazem parte da rotina e acontecem por fatores comportamentais, como estresse, noites maldormidas e alimentação inadequadaDica 1
Sobrecarga na rotina, estresse e esquecimento
O processo para transformar a memória de curto prazo em uma de longo prazo é complexo. O excesso de informações do dia a dia, associado ao acúmulo de estresse, pode deixar o cérebro sobrecarregado e afetar diretamente a capacidade de memória, que falha em alguns momentos.
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“A sobrecarga na rotina e o estresse podem ocasionar lapsos de memória à medida que o nosso corpo produza respostas sistêmicas para esse estresse, inclusive modificações em certas regiões do cérebro responsáveis pela memória”, explica o psiquiatra Elton Kanomata, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Os processos cognitivos são afetados e dificultam a inserção de detalhes e a integração de novas informações em nossas memórias.”
Dica 2
Ansiedade e depressão estão relacionados à lapsos de memória?
Existem, sem dúvida, casos de lapsos de memória associados a algum problema de saúde, especialmente ansiedade e depressão. Por exemplo: alguém com ansiedade pode ter dificuldade em se concentrar e processar informações, resultando em lapsos de memória temporários.
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Já uma pessoa com depressão pode ter a sua capacidade de retenção de informações prejudicadas devido a alterações nos neurotransmissores. “Um exemplo comum é esquecer compromissos ou detalhes importantes do dia a dia devido a essas condições”, explica a neurologista Polyana Piza, do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia.
Dica 3
Noites mal dormidas influenciam na memória
Cerca de 30% das pessoas têm algum distúrbio do sono, como a insônia. “Muitos vão para cama mais tarde do que precisam. Na cama, olham o celular e outras telas, o que inibe a produção e a liberação de melatonina. As pessoas acabam dormindo vencidas pelo cansaço, e não de forma natural, que seria o corpo relaxar e se preparar para o sono. E elas têm que acordar muito cedo”, aponta a neurologista Letícia Soster, do Grupo Médico Assistencial do Sono do Hospital Israelita Albert Einstein.
"A consequência é que a maioria está em privação de sono e isso pode causar dificuldade de concentração, de lembrar palavras, de compreender um contexto. É o efeito do cansaço que não foi recuperado
"
Letícia Soster, neurologista
De acordo com a neurologista, problemas com o sono alteram o mecanismo da atenção. “Muitas vezes, quando o nosso cérebro não está descansado o suficiente, ele gasta energia se ocupando em permanecer vígil. A necessidade de o cérebro manter a vigilância suplanta a capacidade de nos mantermos atentos e pode causar problemas de memória”, diz.
Além disso, como estão muito privadas de sono, as pessoas têm episódios de sono muito curtos (chamados microssonos). “Quando isso acontece, a informação que ela estava adquirindo é parcialmente quebrada. Isso faz com que a pessoa não consiga estar atenta ao que está acontecendo porque ela está preocupada em se manter acordada. Como a informação não foi armazenada pelo cérebro, causa os lapsos de memória”, alerta.
Dica 4
Uso excessivo de telas deixa o cérebro ‘destreinado’ a lembrar
Soster ressalta também que o uso excessivo de telas e mídias sociais deixa o cérebro “destreinado” para armazenar informações.
“As pessoas usam muitas mídias ao mesmo tempo, que estimulam o prazer imediato. Isso é como destreinar o cérebro a ter uma leitura mais longa e aprofundada. Muito provavelmente, as pessoas com queixas de memória não estão conseguindo se concentrar em uma leitura. É como se o cérebro estivesse sendo treinado a ter raciocínios mais curtos, e não mais densos”, diz.
Dica 5
Início da menopausa e a ‘névoa mental’
Nessa fase, o corpo passa por diversas mudanças hormonais. Entre os sintomas mais clássicos, está, sem dúvida, o fogacho (ondas de calor). Mas não é o único; os lapsos de memória e a falta de atenção também se manifestam.
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A queda nos níveis hormonais se manifesta em sintomas físicos e mentais, incluindo os transtornos cognitivos, com impacto na memória, na linguagem e até na orientação de tempo e espaço. Chamados de “névoa mental”, esses sintomas costumam permanecer por cerca de quatro anos.
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Dica 6
Alimentação desregulada afeta a memória
Uma alimentação inadequada também pode afetar a memória. Nutrientes essenciais, como vitaminas do complexo B, ácidos graxos ômega-3 e antioxidantes são importantes para a saúde cerebral.
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Somando-se a isso, alimentos processados, gorduras saturadas e açúcares podem levar a um estado crônico de inflamação no corpo, incluindo o cérebro. A inflamação crônica está associada a danos nas células cerebrais e ao comprometimento da função cognitiva, incluindo a memória.
“Mais do que se focar em um nutriente ou um produto alimentício único, a atenção deve estar direcionada aos padrões alimentares”, alerta a nutricionista Serena Del Favero, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Assim, não adianta suplementar cápsulas de ômega-3 ou outra vitamina específica e consumir frequentemente frituras e alimentos ultraprocessados”, aponta.
Dica 7
Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e os lapsos de memória
De acordo com a neurologista Piza, adultos com TDAH podem experimentar problemas de memória devido à dificuldade em manter o foco e a atenção: podem esquecer compromissos, perder objetos com frequência e ter dificuldade em lembrar detalhes de conversas recentes.
Segundo o psiquiatra Kanomata, no caso do TDAH, as falhas na memória decorrem do desvio da atenção para onde a pessoa deveria estar focada. “A qualidade de como as informações são registradas na memória é comprometida e, no momento da evocação dessas memórias, se destacam esses lapsos”, explica.
Dica 8
Infecções causam esquecimentos?
Muitas pessoas que foram infectadas pelo coronavírus passaram a relatar falta de concentração, esquecimento e sensação de cansaço mental após a infecção. Segundo Piza, alguns estudos sugerem que a infecção por Covid-19 pode causar problemas cognitivos, incluindo lapsos de memória, conhecidos como “mente nebulosa” e “névoa cerebral”.
“Há casos de pacientes que se recuperaram da Covid-19 e relataram dificuldades em lembrar palavras comuns, nomes de pessoas conhecidas e eventos recentes. Não se sabe ao certo o mecanismo exato fisiopatológico que leva a esses episódios, mas acredita-se que seja algo transitório”, diz.
Kanomata ressalta que qualquer infecção que afete o sistema nervoso central – e não apenas a Covid-19 – pode levar a episódios com lapsos de memória.
Dica 9
O que fazer para prevenir os lapsos de memória?
O manejo do estresse pode ajudar muito a reduzir os lapsos de memória. Isso inclui ter hábitos saudáveis, como:
- evitar álcool, tabaco e drogas;
- realizar atividade física regularmente; e
- manter uma alimentação saudável.
Outras estratégias são benéficas, como a meditação e a acupuntura. “Nos casos em que se perde o equilíbrio entre estresse e saúde, é o momento em que podemos estar diante do comprometimento de nossa saúde mental e a procura por profissionais especializados deve ser indicada”, diz Kanomata.
Piza destaca também que é importante estabelecer algumas estratégias, como:
- organização do tempo;
- técnicas de relaxamento;
- cuidados com a saúde geral; e
- estimular o cérebro com atividades desafiadoras, como aprender um novo idioma, praticar instrumentos musicais ou participar de jogos que envolvam o raciocínio.
(Com Fernanda Bassette, da Agência Einstein)
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