Nany People: "Eu não sou boa de casar, sou boa de acasalar"
Comemorando cinco décadas de trajetória artística, Nany People lança uma nova edição de sua biografia e reflete sobre sua história sem perder a irreverência que a tornou uma das figuras mais marcantes do entretenimento brasileiro
"Eu não sou boa de casar, sou boa de acasalar", disparou Nany People, sem medir palavras, enquanto relembrava sua trajetória em entrevista à jornalista Mônica Bergamo.
A atriz, humorista e apresentadora, que começou no teatro underground paulistano e conquistou espaço na TV e nos palcos, celebra meio século de carreira com projetos inéditos: uma nova versão de seu livro "Ser Mulher Não É Para Qualquer Um - A Saga Continua", um documentário e o espetáculo Nany in Concert.
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Na entrevista à Folha de S.Paulo, Nany relembrou sua trajetória desde Machado, interior de Minas Gerais, onde nasceu, passando por Poços de Caldas, até sua chegada a São Paulo.
"Vim de ônibus lendo Feliz Ano Velho, do Marcelo Rubens Paiva. Quando cheguei, a peça baseada no livro estava em cartaz, fui assistir e me encantei pela Lília Cabral", recorda.
A atriz, que considera Lília sua maior inspiração artística, não esconde a emoção ao falar das mulheres que moldaram sua vida, como sua mãe, Hebe Camargo e Fafá de Belém – esta última sua parceira de palco em um show especial no Teatro Bradesco.
Com seu estilo direto e bem-humorado, Nany criticou o excesso de patrulhamento no debate público e provocou: "Quando surge política, religião ou identidade de gênero num churrasco, eu corro para a linguiça. De preferência, a do chapeiro".
A atriz disse que o mundo anda com “as sensibilidades à flor da pele” e não admite ser cobrada para que esteja sempre alinhada com o que é considerado apropriado a cada momento.
‘"A ignorância é atrevida’, minha avó sempre dizia, e eu vejo cada vez mais como essa frase é verdadeira", apontou.
"Eu nasci viado, comecei a me montar no Carnaval, depois fiz show em boate em São Paulo, trabalhei como garçom no Café Piu Piu, aí criei essa personagem feminina que fez sucesso e com quem me identifiquei. No começo eu era um ator transformista, aí virei drag queen, depois travesti, e agora, depois de 18 anos de muita luta, consegui mudar meu nome na lei, meus documentos todos estão em nome de Nany People Cunha Santos".
Perguntada sobre sua identidade, a atriz foi categórica: "Sou uma mulher que se autofez, tá bom assim? Naquela sigla gigantesca, LGBTQIAPN+, eu sou T, de Tiranossauro", brincou. "Agora, não tenho mais um minuto para perder com isso. Já briguei muito pelo meu pronome feminino, chega".

Hoje, além do relançamento da biografia e do documentário em produção, segue em cartaz com a peça "Como Salvar Seu Casamento", no Teatro Mooca, em São Paulo.
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