Nany People: "Eu não sou boa de casar, sou boa de acasalar"
Comemorando cinco décadas de trajetória artística, Nany People lança uma nova edição de sua biografia e reflete sobre sua história sem perder a irreverência que a tornou uma das figuras mais marcantes do entretenimento brasileiro
20:29 | Mar. 09, 2025
"Eu não sou boa de casar, sou boa de acasalar", disparou Nany People, sem medir palavras, enquanto relembrava sua trajetória em entrevista à jornalista Mônica Bergamo.
A atriz, humorista e apresentadora, que começou no teatro underground paulistano e conquistou espaço na TV e nos palcos, celebra meio século de carreira com projetos inéditos: uma nova versão de seu livro "Ser Mulher Não É Para Qualquer Um - A Saga Continua", um documentário e o espetáculo Nany in Concert.
Na entrevista à Folha de S.Paulo, Nany relembrou sua trajetória desde Machado, interior de Minas Gerais, onde nasceu, passando por Poços de Caldas, até sua chegada a São Paulo.
"Vim de ônibus lendo Feliz Ano Velho, do Marcelo Rubens Paiva. Quando cheguei, a peça baseada no livro estava em cartaz, fui assistir e me encantei pela Lília Cabral", recorda.
A atriz, que considera Lília sua maior inspiração artística, não esconde a emoção ao falar das mulheres que moldaram sua vida, como sua mãe, Hebe Camargo e Fafá de Belém – esta última sua parceira de palco em um show especial no Teatro Bradesco.
Com seu estilo direto e bem-humorado, Nany criticou o excesso de patrulhamento no debate público e provocou: "Quando surge política, religião ou identidade de gênero num churrasco, eu corro para a linguiça. De preferência, a do chapeiro".
A atriz disse que o mundo anda com “as sensibilidades à flor da pele” e não admite ser cobrada para que esteja sempre alinhada com o que é considerado apropriado a cada momento.
‘"A ignorância é atrevida’, minha avó sempre dizia, e eu vejo cada vez mais como essa frase é verdadeira", apontou.
"Eu nasci viado, comecei a me montar no Carnaval, depois fiz show em boate em São Paulo, trabalhei como garçom no Café Piu Piu, aí criei essa personagem feminina que fez sucesso e com quem me identifiquei. No começo eu era um ator transformista, aí virei drag queen, depois travesti, e agora, depois de 18 anos de muita luta, consegui mudar meu nome na lei, meus documentos todos estão em nome de Nany People Cunha Santos".
Perguntada sobre sua identidade, a atriz foi categórica: "Sou uma mulher que se autofez, tá bom assim? Naquela sigla gigantesca, LGBTQIAPN+, eu sou T, de Tiranossauro", brincou. "Agora, não tenho mais um minuto para perder com isso. Já briguei muito pelo meu pronome feminino, chega".
Hoje, além do relançamento da biografia e do documentário em produção, segue em cartaz com a peça "Como Salvar Seu Casamento", no Teatro Mooca, em São Paulo.