Atendimentos por síndrome gripal nas UPAs de Fortaleza quase dobram desde outubro

Com quinto aumento de casos de Covid-19, demanda nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) aumentou 96,5% entre outubro e novembro de 2022. Dados do IntegraSUS, plataforma da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), foram atualizados neste domingo, 27

21:45 | Nov. 27, 2022

Por: Gabriela Custódio
Em meio à quinta onda de Covid-19, Unidades de Pronto Atendimento (UPA) têm aumento na procura por pacientes com síndrome gripal na segunda quinzena de novembro de 2022 (foto: Myke Sena/MS)

Após quatro meses de sucessivas quedas, o número de atendimentos por síndrome gripal em Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de Fortaleza aumentou 96,5% entre os meses de outubro e novembro de 2022, considerando dados atualizados neste domingo, 27.

De 5.921 atendimentos, as 12 UPAs monitoradas no IntegraSUS, plataforma da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), passaram a registrar 11.831. A média de atendimentos diários passou de 191, em outubro, para 438,1 em novembro, segundo a plataforma.

Esse avanço ocorreu de forma repentina nas últimas semanas. Entre 1º de outubro e 12 de novembro, a média de atendimentos diários era de 206 atendimentos, e, nesse período, o dia com maior número de consultas foi 19 de outubro, com 315.

Após 13 de novembro, o total de atendimentos nas UPAs teve aumento em quase todos os dias e chegou a 1.017 consultas na última terça-feira, dia 22 de novembro.

Os dados foram coletados e analisados pela Central de Jornalismo de Dados do O POVO (DATADOC) e estão disponíveis para consulta.

Naquele dia, quatro UPAs registraram mais de 100 atendimentos: UPA Praia do Futuro (131), UPA Cristo Redentor (145), UPA José Walter (135) e UPA Autran Nunes (167).

A médica Ianne Rolim trabalha na UPA Jangurussu e confirma que houve aumento "significativo" da procura na unidade por pacientes com síndrome gripal, assim como dos casos de Covid-19. "Percebi aumento rápido do numero de casos positivos com teste rápido realizado na unidade, do dia 18 até hoje (27 de novembro)", conta.

A maioria dos casos, segundo a médica, têm sido leves, com sintomas como tosse seca, dor na garganta, febre, dor no corpo e cefaleia. "Não atendi nenhum paciente grave e com dessaturação", complementa, destacando que isso ocorreu inclusive entre pacientes do grupo de risco para a Covid-19, como idosos, diabéticos, cardiopatas e pessoas com obesidade.

Aumento da Covid-19

Este crescimento nos atendimentos na porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) ocorre em meio ao momento em que o Estado passa pelo quinto aumento dos casos de Covid-19, causado pela introdução e posterior dominância da sublinhagem da variante ômicron BQ.1 do Sars-Cov-2, vírus causador da doença. Os primeiros quatro casos da BQ.1 foram confirmados no Ceará no último dia 11 de novembro.

"O que se dá é um maior volume de atendimentos a pacientes com sintomas gripais, a maior parte leves, mas alguns queixando desconforto mais persistente, mas frequentemente relacionados à secreção mucosa abundante em vias aéreas superiores", explica o médico de família e comunidade Ticiano Sampaio, que atua em Caucaia e é clínico plantonista no Hospital de Pacatuba. 

O médico destaca o aumento de casos de Covid-19 nesta quinta onda da pandemia não tem sido acompanhado por casos de síndrome respiratória grave na proporção em que ocorria antes do avanço da vacinação contra a doença, mas aponta que a segurança conferida pelas vacinas precisa ser constantemente reavaliada, uma vez que os imunizantes podem ser desafiados por novas variantes do vírus.

"Quando uma nova variante se espalha, é preciso voltar o olhar para os centros que se dedicam a observar com seriedade a questão e ver que tipo de informação está sendo passada, ficar atento ao que recomenda a OMS. Talvez tenhamos mais sucesso nisso agora que o negacionismo saiu do centro do poder no País", afirma.

Além das UPAs de Fortaleza, cujos dados estão disponíveis no IntegraSUS, o médico Eduardo Ciríaco também tem percebido aumento da demanda de atendimento na UPA de Cascavel desde a metade do mês, tanto de pacientes com síndrome gripal quanto da positividade para Covid-19.

"(Os sintomas mais comuns são) tosse seca, obstrução nasal, rinorreia e garganta doendo, alguns com febre baixa e adinamia. Até o momento nenhum internamento", explica.

Prevenção

Sobre as medidas necessárias para o atual momento da pandemia na Capital e no Estado,o médico Ticiano Sampaio destaca a importância de a população estar sempre atenta às recomendações atualizadas das autoridades de saúde, uma vez que o cenário pode mudar com frequência.

Algumas recomendações, porém, mantém-se sempre importantes:

  • Não circule sabendo que está sintomático;
  • Em casos de sintomas que remetam à gripe, fazer teste para Covid-19 no terceiro dia desde o surgimento dos sintomas;
  • Diante de um resultado positivo para Covid-19, deve-se fazer isolamento e ficar em observação. Um médico deve ser procurado em caso de qualquer piora;
  • Atualizar a proteção vacinal sempre que um reforço for disponibilizado;
  • Utilizar máscaras faciais ao comparecer a serviços de saúde;
  • Nesses tempos em que as pessoas ao redor estão ficando gripadas com mais frequência, deve-se preferir ambientes arejados;
  • Seguir as orientações oficiais conforme vão sendo atualizadas.