No Ceará, 89 profissionais da Enfermagem morreram no enfrentamento à pandemia
Categoria é a mais numerosa na área da saúde. Técnicos e auxiliares de Enfermagem e mulheres foram os mais afetados no EstadoNo Ceará, 89 profissionais da Enfermagem, entre auxiliares, técnicos e enfermeiros, morreram em decorrência da Covid-19. O dado consta em levantamento realizado pelo Conselho Regional de Enfermagem do Ceará (Coren-CE) e contabiliza os óbitos registrados desde janeiro de 2020 até outubro de 2022.
O técnico de enfermagem Messias Carlos de Souza relata que a pandemia "causou bastante ansiedade, tristeza e apreensão entre os profissionais''. "Quando a regulação do Samu ligava para passar uma ocorrência, nós atendíamos o celular já pedindo a Deus que não fosse Covid-19", conta o técnico, que atende no serviço médico de urgência.
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"Em algumas unidades de saúde houve muito sofrimento. Perdi vários amigos e causava uma tristeza enorme, porém, levantava a cabeça e a coragem de lutar contra essa pandemia aumentava", completa o profissional.
Para Ana Paula Brandão, presidente do Coren-CE, dois momentos foram os mais difíceis: os primeiros meses de 2020, quando havia poucas informações sobre o vírus e a doença; e o pico da segunda onda de casos e óbitos, quando mais pessoas foram afetadas gravemente pela Covid-19. “Nesse momento, apesar de os profissionais da saúde terem sido prioritários na vacinação, houve um atraso nas vacinas que prejudicou muito.”
“Uma das questões que mais fez os profissionais irem a óbito foi a ausência e os modelos inadequados de equipamentos de proteção individual”, avalia. “A nossa categoria é a maior da área da saúde e os nossos dados mostram que aqueles que mais morreram foram os auxiliares e técnicos de Enfermagem”, detalha.
O perfil de profissionais vitimados pelo coronavírus no Ceará aponta ainda uma predominância de óbitos entre mulheres. “A nossa profissão é majoritariamente executada por mulheres”, explica Ana Paula.
A presidente do Coren-CE entende que o número de óbitos é “gritante” e “ainda não é totalmente fidedigno”. “Temos muitas relações fragilizadas de trabalho, em que o vínculo não é um vínculo empregatício formal; é só prestação de serviço. Então os números podem estar subnotificados”, aponta.
Brasil
Relatório divulgado nessa quinta-feira, 13, mostra que, em dois anos de combate à Covid-19, 4.683 trabalhadores da linha de frente morreram em decorrência da doença no Brasil. Foram cerca de seis mortes de profissionais da saúde por dia ou uma morte a cada quase quatro horas.
Cerca de 80% dos profissionais mortos eram mulheres e 70% trabalhavam como técnicos e auxiliares de enfermagem.
Dados oficiais
A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), por meio da plataforma IntegraSUS, contabiliza que 63 profissionais dos serviços de saúde no Estado morreram por Covid-19 desde o início da pandemia. Os dados foram atualizados no último dia 11 de outubro.
Na classificação por ocupações, a pasta aponta 24 enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem, 18 médicos e 21 profissionais de outras funções ligadas à saúde.