Metade dos contaminados por Covid-19 apresenta sequelas, aponta Fiocruz
Maior queixa dos pacientes acometidos pela infecção é a fadiga, que se caracteriza pelo cansaço extremo e pela dificuldade em atividades rotineirasMetade das pessoas diagnosticadas com Covid-19 apresenta sequelas que podem durar por mais de um ano, conforme resultado de pesquisa divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Minas Gerais. No total, foram acompanhados 646 pacientes que tiveram a infecção durante 14 meses e constatou-se que 50,2% tiveram sintomas pós-infecção — caracterizando a Covid longa, como caracteriza a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A principal queixa entre os pacientes acometidos pela infecção (35,6% do total) é a fadiga, que se caracteriza pelo cansaço extremo e pela dificuldade em atividades rotineiras. No total, foram contabilizados 23 sintomas, entre eles a tosse persistente, a dificuldade de respirar, a perda de olfato ou paladar e dores de cabeça frequentes. Além disso, pacientes também relatam transtornos mentais, como insônia, ansiedade e tontura.
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A pesquisadora e coordenadora do estudo, Rafaella Fortini, disse que a presença de comorbidades, entre elas a hipertensão arterial crônica e o diabetes, aumentam a chance de ocorrência de sequelas, assim como levam a uma infecção aguda mais grave. “Temos casos de pessoas que continuam sendo monitoradas, pois os sintomas permaneceram para além dos 14 meses”, aponta em nota divulgada no site oficial da Fiocruz.
Os resultados do estudo mostraram que os sintomas pós-infecção se manifestam nas três formas da doença: grave, moderada e leve. Na forma grave, de um total de 260 pacientes, 33,1% tiveram sintomas duradouros. Entre os 57 diagnosticados com a forma moderada da doença, 43 manifestaram sequelas e, dos 329 pacientes com a forma leve, 198 (59,3%) apresentaram sintomas meses após o término da infecção aguda.
“Tais resultados mostram a importância de entendermos bem essas sequelas, uma vez que estão ocorrendo até mesmo em pessoas que, durante a fase aguda da infecção, estiveram assintomáticas”, ressalta a pesquisadora. O estudo acompanhou pacientes do pronto-socorro do Hospital da Baleia e Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, ambos referência para Covid-19 em Belo Horizonte. Todos testaram positivo para Covid-19 por RT-qPCR entre abril de 2020 e março de 2021.
A médica alerta que as pessoas busquem serviços médicos mesmo com sintomas mais leve da Covid longa. “Há uma tendência de procurar tratamento apenas para as sequelas mais graves, como a trombose. Entretanto, é fundamental buscar ajuda médica para as outras questões, pois elas também podem interferir bastante na qualidade de vida das pessoas”, afirma. “Trata-se de uma doença complexa, que pode atingir vários órgãos, e, dessa forma, ter informações é fundamental para que possa ser tratada adequadamente”, acrescenta.