Hospital da Bahia busca pessoas não vacinadas para testar pílula contra Covid

O período de busca por voluntários e o número de vagas não foram definidos pelo hospital

A Paxlovid, pílula desenvolvida contra a covid-19 pela farmacêutica Pfizer, está em fase de testes no Brasil e, na Bahia, não é diferente. Por aqui, o estudo é conduzido pelo Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia (Ufba), que é vinculado à Rede Ebserh, e já está em fase de recrutamento.

O período de busca por voluntários e o número de vagas não foram definidos pelo hospital. Por isso, quem quiser participar do estudo, precisa procurar o laboratório de pesquisa e infectologia ou o núcleo de ensaios clínicos da instituição.

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Qualquer um dos dois departamentos pode realizar os encaminhamentos para que os interessados façam parte do estudo sobre o medicamento que, de acordo com dados preliminares da Pfizer, tem eficácia de 89% na prevenção de casos graves para quem já está infectado.

Gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão do Hupes, o infectologista Carlos Brites é quem está coordenando o estudo na Bahia. Ele conversou com a reportagem do CORREIO para dar detalhes como quem pode participar do estudo, o que a pílula traz de novo no combate à pandemia e informações sobre as etapas da pesquisa desenvolvida aqui.

Quem pode ser voluntário?

 

Não é todo mundo que está apto a contribuir para a pesquisa. Pelo contrário, na Bahia, onde 94,4% das pessoas que poderiam se vacinar tomaram pelo menos a primeira dose da vacina, quem está incluso na minoria que pode ajudar.

“É um perfil bem restrito. Para entrar, você tem que ter tido contato nos últimos cinco dias com alguém que teve covid e não estar vacinado. Isso é para testar o impacto deste medicamento em alguém que foi exposto ao vírus e não tem uma vacina prévia”, afirma Carlos Brites.

Esse perfil de voluntários foi definido porque, entre os que não foram vacinados, o risco de desenvolver formas graves do vírus é muito mais alto. Além do fato do medicamento já ter se mostrado efetivo em vacinados.

"Ela é extremamente eficaz em prevenir formas graves em quem tomou vacina, isso já está demonstrado, 90% de redução de formas graves. [...]. A questão é: será que ele é capaz, num grupo de alto risco de quem não tomou vacina, de prevenir a evolução da doença? Isso que tentamos ver agora", pontua Brites.

Ainda de acordo com o infectologista, a pesquisa pretende verificar se a pílula pode fazer mais do que combater a evolução do vírus.

“Uma das destinações dela é tratar pessoas que pegaram o vírus para evitar que evolua para forma grave. A outra destinação é verificar se pode fazer a prevenção da infecção", conta.

Como será o processo

 

Assim como é de praxe em estudos do tipo, nem todos os voluntários receberam, de fato, a pílula nos testes. Metade deles vão ingerir dois comprimidos diários do medicamento por 10 dias, enquanto a outra metade receberá duas pílulas de placebo por dia pelo mesmo período. A partir disso, a equipe do hospital vai avaliar o estado dos participantes através de análises clínicas e laboratoriais. 

A aplicação do placebo é feita para comparar o desenvolvimento de quem não ingere qualquer medicamento com quem fará uso da pílula, parecido com o que era feito com a vacina. Apesar disso, Brites afirma que esse processo é menos complexo.

"É bem mais simples que estudos de vacina que levam seis meses, por exemplo. É um estudo curto de duração e que vai permitir avaliar a possibilidade de bloquear a infecção através do medicamento", garante.

Como o estudo já está em andamento, se houver candidato hoje, ele começará a ser testado logo após a comprovação de que se encaixa no perfil dos voluntários necessários para a pesquisa.

Estudo clínico

 

Mauro Bitencourt, farmacêutico e professor de Farmácia da Rede UniFTC, fala que os estudos clínicos são divididos em quatro fases. Sendo a primeira com indivíduos saudáveis - sem a doença que o medicamento combate -, e a última após pré-aprovação de agência reguladora.

Apesar de não haver uma exposição da quantidade de pessoas que serão testadas ou uma meta dentro do estudo, é provável que o estudo esteja na fase 2 ou 3 dos testes. Bitencourt fala sobre quantos voluntários são necessários nessa fase.

"Na fase 2, a literatura indica que varia normalmente entre 70 e 100, podendo chegar a 200 em alguns casos. Na fase 3, o número é muito maior, com mais de mil, variando normalmente entre dois e três mil", informa.

O professor pontua, no entanto, que esse número pode ser diferente de pesquisa para pesquisa. "Cada estudo é único. O número mínimo de participantes voluntários depende sim de qual fase do teste, mas, ainda assim, cada estudo tem suas particularidades", salienta.

 

Do Correio 24h para a Rede Nordeste

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