É possível pegar H3N2 e Covid-19 ao mesmo tempo, diz pesquisadora da Fiocruz

Os sintomas das duas síndromes gripais apresentam sintomas semelhantes. Epidemiologista encoraja a testagem e a vacinação para ambas as doenças

22:26 | Dez. 26, 2021

Por: Lara Vieira
Este ano, vacina antigripal apresentou baixa adesão (foto: Getty Images)

Mesmo com baixa probabilidade, é possível a contaminação simultânea pela Covid-19 e pelo vírus da Influenza. É o que afirmou neste domingo, 26, a pneumologista Margareth Dalcomo, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Em entrevista ao canal CNN, a especialista indicou que a vacinação para ambas as síndromes gripais, mesmo que o atual imunizante disponível no Brasil não cubra a variante do vírus H3N2.

Segundo a especialista, tanto a cepa Ômicron, da Covid-19, quanto a cepa Darwin, da Influenza, contêm sintomas muito semelhantes. “É possível que alguém se contamine com os dois patógenos. É pouco provável, mas possível é, não há dúvida, ambas as doenças são de fácil contagiosidade. A cepa Ômicron tem uma capacidade de espalhamento muito superior às cepas anteriores”, explicou Dalcomo.

Segundo a pesquisadora, a testagem para ambas as síndromes é a estratégia mais indicada. “O correto, o desejável, diante da suspeita, alguém seja testado para Covid-19 e para o vírus da Influenza A”, declarou.

A pesquisadora ressalta, ainda, que o atual cenário epidemiológico é incomum para essa época do ano. As influenzas, no geral, se comportam de acordo com a sazonalidade, entre o final do outono e começo de inverno. Durante a conversa, a pesquisadora levantou pontos para rápida disseminação dos vírus das variantes, como o uso inadequado de máscaras e a baixa adesão à vacina antigripal neste ano.

Além da imunização contra a Covid-19, a pneumologista também encoraja a vacinação contra a Influenza, mesmo que o imunizante disponível no Brasil atualmente não cubra a cepa Darwin.

“Não é verdade dizer que a vacina que nós estamos recebendo no Brasil, seja trivalente ou a quadrivalente, que não cobre exatamente essa subespécie Darwin, que está causando essa epidemia atual, ela não sirva. Absolutamente, a vacina causa uma certa proteção cruzada, e protege sim. É melhor estar vacinado do que não estar", esclarece Dalcomo.

A epidemiologista também ressalta que a cepa Ômicron, da Covid-19, chega a uma população muito mais protegida. A variante já apresentou casos em diversas regiões do Brasil nos últimos meses. Para Margareth, no entanto, a atual cobertura vacinal do Brasil altera pode ser eficaz contra o índice de contágio da cepa, apesar de maior índice de contágio. "Lembrando que a cepa Ômicron exige o reforço de vacinação com três doses", destacou a pesquisadora da Fiocruz.

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