Imunizar crianças é alternativa para aumentar cobertura vacinal, aponta Fiocruz
Pesquisa indica que estados com população mais jovem também apresentam menor taxa de evolução da cobertura vacinal
22:56 | Dez. 21, 2021
Um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz aponta que a imunização das crianças contra a Covid-19 é importante para aumentar a cobertura vacinal do País. A avaliação, divulgada nesta terça-feira, 21, aponta que estratégia seria eficiente para driblar a curva de estagnação vacinal do Brasil. Atualmente, cerca de 85% dos brasileiros podem se vacinar, se consideradas todas as pessoas acima de 11 anos.
O estudo, submetido a Revista Brasileira de Epidemiologia, aponta que desde setembro o ritmo de vacinação da primeira dose no Brasil vem desacelerando. Para os pesquisadores, isso poderia sugerir que a vacinação já está próxima do seu limite, com 74,95% da população imunizada com a primeira dose. Além de ampliar as faixas etárias, incluindo crianças, a pesquisa também indica a eficiência de intensificar a aplicação da primeira dose em pessoas que vivem em locais remotos.
Leia mais
De acordo com o estudo, o Brasil tem quatro fases de aplicação da primeira dose. Houve uma fase inicial, quando a evolução foi lenta, em parte por conta da falta de imunizantes. Em seguida, se observou uma velocidade no aumento da cobertura, quando a vacinação começou a atingir as pessoas com menos de 70 anos e, posteriormente, com menos de 60. Depois veio a quarta fase, marcada por uma desaceleração.
“A grande maioria dos estados segue esta tendência, variando apenas a velocidade de aumento da cobertura, que foi sistematicamente maior nos estados das regiões Sul e Sudeste”, comenta Raphael Guimarães, o pesquisador do Observatório Covid-19 da Fiocruz e um dos autores do estudo. Segundo o pesquisador, em estados em que a cobertura de primeira dose é mais alta, a diferença para a cobertura da segunda dose é menor. Isso sugere que a perda de população entre doses tem sido pequena.
Os estados do Norte têm a população mais jovem, o que pode parcialmente explicar a cobertura mais baixa nessa região. Ainda, segundo o estudo, o Norte e Nordeste apresentam as piores coberturas, tanto de primeira quanto de segunda doses. “É importante ressaltar que, além de aspectos populacionais, questões relacionadas à logística de distribuição podem influenciar nos dados utilizados na análise”, observa Guimarães.
O estudo lembra que, em relação à vacinação infantil, há imunizantes com comprovada eficácia para este grupo etário e estudos de segurança indicam que é possível sua utilização. "É essencial obter celeridade no processo de aquisição das vacinas que tenham comprovada segurança para crianças de 5 a 11 anos, para que este grupo fique protegido e permita uma maior cobertura vacinal total no País”, ressalta Raphael Guimarães.
Conteúdo sempre disponível e acessos ilimitados. Assine O POVO+ clicando aqui