Mundo tenta se proteger da nova variante omicron; África do Sul se diz 'castigada'

Enquanto isso, na Alemanha as autoridades informaram que já existe um possível primeiro caso dessa variante nova e muito contagiosa, em uma pessoa que retornava da África do Sul

16:51 | Nov. 27, 2021

Por: AFP
No início de fevereiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que a sublinhagem BA.2 da Ômicron já havia sido confirmada em 57 países (foto: Divulgação)

Com três casos confirmados e um suspeito na Europa, a preocupação com a nova variante omicron da Covid-19 aumenta no Velho Continente neste sábado (27), enquanto se acentua o isolamento de vários países africanos, como a África do Sul, cujos líderes lamentaram estarem sendo "castigados".

 

"Foi confirmada a identificação de dois Casos de covid-19 com mutações compatíveis com a variante B.1.1.529 no Reino Unido", informou o departamento da Saúde britânico neste sábado em um comunicado, no qual destacava que esses dois casos estão relacionados entre si e que foram identificados após "uma viagem ao sul da África", onde a variante foi detectada pela primeira vez esta semana.

 

Enquanto isso, na Alemanha as autoridades informaram que já existe um possível primeiro caso dessa variante nova e muito contagiosa, em uma pessoa que retornava da África do Sul.

 

O ministro de Assuntos Sociais da região de Hesse (oeste), Kai Klose, disse que é "muito provável que a variante omicron tenha chegado" ao país, já que os testes realizados na sexta-feira com este viajante revelaram "várias mutações típicas da omicron". Espera-se que a análise completa chegue nos próximos dias.

 

Na sexta-feira, o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) afirmou que o risco de que a nova variante da covid-19 se espalhe pela Europa é "de alto a muito alto".

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que essa variante é "preocupante" assim como a atualmente dominante delta e as detectadas anteriormente, alfa, beta e gama.

 

Além disso, foi detectado um caso em Hong Kong, outro em Israel em uma pessoa que retornava do Malawi e outro em Botsuana.

 

Na Holanda, 61 passageiros de dois voos que pousaram na sexta-feira em Amsterdã procedentes de Joanesburgo deram positivo para a covid-19 e foram isolados em quarentena, informou a autoridade islâmica holandesa, que agora tenta verificar se há infecções da nova variante.

 

A nova mutação fue notificada pela primeira vez pela África do Sul em 24 de novembro. Desde sexta-feira, cada vez mais países suspendem as viagens com a África do Sul, Zimbábue, Namíbia, Lesoto, Essuatini (ou Suazilândia), Moçambique e, em alguns casos, Malawi.

 

Neste sábado, o governo sul-africano se disse "castigado" por ter detectado a nova variante e lamentou que sua excelência científica por tê-la descoberto acabe penalizando o país.

 

Por sua vez, o presidente americano Joe Biden destacou que a emergência dessa nova variante mostra que ela "não acabará sem vacinações a nível mundial" e pediu doações de mais vacinas para os países pobres.

 

O coronavírus deixa mais de 5,18 milhões de mortos em todo o mundo desde sua aparição na China no final de 2019, embora a OMS estime que os números reais possam ser muito maiores.

 

Os Estados Unidos proibiram a entrada em seu território de viajantes procedentes do sul da África, exceto os que são americanos ou residentes permanentes no país. Canadá, Brasil e vários países árabes, como a Arábia Saudita, também adotaram restrições.

 

Na Ásia, o Japão vai endurecer suas limitações de entrada, com 10 dias de isolamento para todos que chegarem dessa região. A Tailândia anunciou uma proibição de entrada a partir de dezembro e a Coreia do Sul aplicará restrições de vistos e uma quarentena a partir de domingo para os passageiros procedentes de oito países, entre eles a África do Sul.

 

Na Europa, a União Europeia recomendou suspender as viagens procedentes da África do Sul e de outros seis países da região. Vários países europeus, como o Reino Unido, França, Itália e Suíça proibiram os voos desses países africanos, medida que será aplicada a partir de domingo na Rússia e de terça-feira na Espanha.

 

A emergência da omicron coincide com um aumento de casos de covid-19 na Europa, que obrigou as autoridades de diferentes países a reforçarem as medidas sanitárias. Sendo assim, Holanda anunciou que seus bares, restaurantes e comércios considerados "não essenciais" deverão fechar de 17h00 às 05h00.

 

Os temores relacionados à nova variante fizeram que as bolsas e os preços do petróleo despencassem, um mercado que na sexta-feira viveu seu pior dia em 17 meses.

 

Na sexta-feira, a OMS disse que poderia levar várias semanas para determinar se a nova variante provoca mudanças na transmissibilidade ou gravidade da covid-19, assim como na eficácia das vacinas.

 

Os laboratórios Pfizer/BioNTech informaram que estão estudando urgentemente a eficácia de sua vacina contra essa nova variante e que teriam dados "em duas semanas no mais tardar".

 

Neste sábado, o cientista britânico que liderou as pesquisas sobre a vacina Oxford/AstraZeneca contra o coronavírus, Andrew Pollard, afirmou que é possível criar uma nova contra a variante omicron "muito rápido".

 

O professor considerou que é "altamente improvável" que esta nova variante se propague com força entre a população já vacinada.

 

Cerca de 54% da população mundial recebeu ao menos uma dose da vacina anticovid, mas nos países de baixa renda essa proporção é de apenas 5,6%, segundo o portal Our World in Data.