Segunda dose: por que é preciso tomar? Dá reação? Mais leve ou intensa?

Com o avanço da vacinação, é preciso que a população fique atenta para garantir a imunização completa; veja por que é importante tomar a segunda dose e completar o esquema vacinal

Após quase sete meses de campanha, a vacinação vem avançando no Brasil. Segundo o Our World In Data, o país tem 54% da população vacinada com pelo menos uma dose e o percentual aumenta em algumas capitais, como Fortaleza. A Prefeitura comemorou a marca de 80% da população adulta vacinada com a primeira dose (D1) do imunizante. O aumento do alcance da cobertura vacinal abre espaço, não só para comemorações, mas para o compartilhamento de experiências sobre os efeitos colaterais. Mais leves ou intensos? Na primeira ou segunda dose? São algumas das dúvidas que O POVO explica.

Dor no local da aplicação, sintomas gripais, moleza no corpo, uma febre baixa são alguns dos principais sintomas esperados, dependendo do sistema imunológico de cada indivíduo. Como varia de corpo para corpo, há quem quisesse compartilhar sua experiência com outros para ajudar quem não tomou e incentivar a vacinação de pessoas que ainda tem receio.

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— Jéssica Fernandes (@FernandessJess) August 12, 2021

Afinal, é normal que as pessoas sintam reação ao tomar a vacina da Covid-19? A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)- Ceará, Jocileide Sales, explica que qualquer medicamento ou vacina pode provocar uma reação adversa. Esse tipo de resposta se caracteriza por uma ocorrência indesejada após a administração de um medicamento em sua dose correta. Eles são esperados, previstos em bula e, em geral, são divididos entre muito comuns, comuns e incomuns.

“A vacina, mesmo com esses efeitos, protege contra o adoecimento por aquele vírus ou bactéria contra qual você está se vacinando. É uma grande vantagem, porque se adoecer, pode ter um caso grave, ser hospitalizado, ir para UTI e morrer”, pontua ela. A médica ressalta que outros medicamentos que causam reações permanentes ou graves são tomados habitualmente, e o público tende a não se atentar para essas situações.

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Segundo ela, as vacinas em geral, incluindo a da Covi-19, trazem benefícios bem maiores que as reações, que duram, no máximo, entre dois ou três dias. “As pessoas ficam com esse medo, esse receio. Eu sempre fico pensando:' e se não tomar a vacina?'. É o risco de pegar a doença, morrer ou ter uma sequela grave”, afirma ela.

A segunda dose dá mais reação adversa?

Depende. Algumas pessoas relatam sentir mais reações na primeira dose com a AstraZeneca/Oxford, enquanto na segunda afirmam sentir sintomas mais atenuados ou quase nada. Já quem tomou Pfizer, relata que a segunda dose trouxe sintomas mais intensos. A página do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, já traz entre as informações e avisos que os efeitos colaterais (como febre, calafrios, cansaço e dor de cabeça) em todo o corpo foram mais comuns após a segunda dose da vacina da Pfizer. No caso da Coronavac e Janssen os relatos tendem a ser bem menores.

Entretanto, essa reação varia de organismo para organismo, além da tecnologia da vacina, podendo o indivíduo não sentir nada e o efeito da vacina ser exatamente o mesmo de quem sentiu algo. As reações só devem ser um sinal de alerta quando durarem muitos dias ou tiverem uma intensidade muito alta. O que acontece no caso de reações mais intensas na segunda dose é que, na primeira aplicação, o organismo é estimulado e produz uma quantidade elevada de anticorpos e de células de memória. Em um segundo contato, seja por outra dose da vacina ou em casos de uma exposição ao vírus, o corpo está apto a produzir mais células de defesa.

Com a segunda injeção, o sistema imunológico já reconhece o “ataque” e, por mais desconfortável que possa ser, é sinal que as defesas do corpo contra o coronavírus estão se solidificando. “Essa resposta rápida, de produção em massa de células, requer uma atividade muito maior do sistema imunológico, por isso as reações podem ser um pouco mais intensas. É bom porque o sistema está respondendo”, ressalta Jocileide.

Pode tomar remédio para aliviar os sintomas?

Com cautela. A médica explica que é possível sim tomar um medicamento para aliviar os sintomas de uma reação adversa, mas apenas se ela for leve. Uma dor no local da aplicação ou no corpo são situações que pode haver a administração de um ibuprofeno ou paracetamol. Em casos mais extremos, a indicação é procurar atendimento médico para analisar o caso e passar a medicação correta.

Em maio, a Anvisa alertou que o uso indiscriminado de paracetamol para alívio de dores e febre após a vacinação contra Covid-19 pode levar a eventos adversos graves, incluindo hepatite medicamentosa e morte. Segundo a agência, o uso deve ser feito sempre observando a dose máxima diária e o intervalo entre as doses, conforme as recomendações contidas na bula, para cada faixa etária.

O alerta foi feito pela Gerência-Geral de Monitoramento de Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária (GGMON), que recomenda aos profissionais de saúde e à população que notifiquem à Anvisa os casos de reações indesejadas após o uso do medicamento.

A segunda dose protege contra a variante Delta?

Sim. Os estudos realizados para a comprovação de eficácia das vacinas levam em consideração a aplicação das duas doses e, consequentemente, a imunização completa em média 15 dias depois. Nos testes, embora haja uma diminuição da eficácia contra a variante Delta, os resultados ainda são promissores.

Um estudo publicado por pesquisadores do sistema de saúde do Reino Unido, da Universidade de Oxford e do Imperial College London, reforça a importância de receber a segunda dose da vacina contra a Covid-19. A pesquisa aponta que a eficácia da primeira dose das vacinas da Pfizer/BioNTech e da AstraZeneca é de 30,7% contra a variante delta — com uma variação de 25,2% a 35,7%.

Já ao completar o ciclo das duas doses, as taxas dos dois imunizantes duplicam e, em alguns casos, quase triplicam contra a delta. No caso da AstraZeneca, a eficácia chega a 67%, com resultados entre 61,3% a 71,8%. No caso da Pfizer/BioNTech, o mesmo índice chega a 88%, com variação entre 85,3% a 90,1%.

Já contra a variante alfa, que surgiu no Reino Unido, a eficácia das duas vacinas é de 48,7% com apenas uma dose (intervalo de 45,5% a 51,7%). Com as duas, é de 93,7% (91,6% a 95,3%) para a Pfizer e, para a AstraZeneca, de 74,5% (intervalo de 68,4% a 79,4%).

A presidente da SBIm-Ce pontua ainda a importância da vacinação em massa para diminuir a circulação de variantes já existentes e evitar o desenvolvimento de outras. Com a ampliação da vacinação para pessoas mais jovens, ela reforça a importância desse público procure se vacinar, já que, segundo Sales, costumam ser a faixa etária que mais circula e se locomove pela cidade.

Relatar efeitos adversos

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alerta para a importância de profissionais de saúde e cidadãos comunicarem eventuais reações adversas causadas pelo uso de medicamentos ou tratamentos, incluindo vacinas. O comunicado pode ser feito à própria Anvisa ou aos fabricantes. A resposta ajuda também no seguimento dos estudos das vacinas que seguem em curso.

No caso da Coronavac, qualquer pessoa que apresentar um evento adverso pós-vacinação com a vacina Covid-19 (recombinante) pode entrar em contato com o laboratório Bio-Manguinhos neste link. Também é possível entrar em contato através do Serviço de Atendimento ao Cliente pelo e-mail sac@bio.fiocruz.br ou pelo telefone 08000 210 310 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h).

Já os profissionais de saúde devem notificar os eventos adversos pós-vacinação observados nas unidades de saúde ao Programa Nacional de Imunizações por meio do e-SUS Notifica, que pode ser acessado neste link.

Para vacinas da Janssen, o contato pode ser feito pelo site da empresa (clicando aqui), ou com o SAC, no telefone 0800 701 1851, opção 1.

Confira o perfil das vacinas aplicadas no Ceará

Coronavac

A tecnologia empregada na fabricação do imunizante é a de vírus inativado, uma das mais estudadas e seguras do mundo. O vírus é replicado e, posteriormente, morto. Assim, não é capaz de se multiplicar no corpo e adoecer o organismo, mas consegue desencadear a produção de anticorpos e produzir resposta imunológica.

Reações

Muito comuns

  • Sistêmica: dor de cabeça, cansaço
  • Local: dor

Comuns

  • Sistêmica: enjoo, diarreia, dor muscular, calafrios, perda de apetite, tosse, dor nas articulações, coceira, coriza, congestão nasal
  • Local: vermelhidão, inchaço, enduração, coceira

Incomuns

  • Sistêmica: vômito, febre, vermelhidão, reação alérgica, dor de garganta, dor ao engolir, espirros, fraqueza muscular, tontura, dor abdominal, sonolência, mal-estar, dor nas extremidades, dor abdominal superior, dor nas costas, vertigem, falta de ar, inchaço
  • Local: hematoma

Pfizer

A vacina é baseada em mRNA, que usa RNA mensageiro sintético, que auxilia o organismo do indivíduo a gerar anticorpos contra o vírus. Pode ser desenvolvida e fabricada mais rapidamente do que as vacinas tradicionais.

Reações

  • Sistêmica: cansaço, dor de cabeça, calafrios, dores nas articulações, febre, náusea, mal-estar, linfonodos inchados (linfadenopatia), diarreia, vômito
  • Local: dor na região da aplicação, dor muscular,  inchaço na região da aplicação, vermelhidão na região da aplicação, dor no braço

Astrazeneca

No Brasil, é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A tecnologia empregada é o uso do chamado vetor viral. O adenovírus, que infecta chimpanzés, é manipulado geneticamente para que seja inserido o gene da proteína “Spike” (proteína “S”) do Sars-CoV-2.

Reações

Muito comum 

  • Local: Sensibilidade, dor, sensação de calor, vermelhidão, coceira, inchaço ou hematoma (manchas roxas) onde a injeção é administrada
  • Sistêmica: sensação de indisposição de forma geral, sensação de cansaço (fadiga), calafrio ou sensação febril, dor de cabeça, enjoos (náusea), dor nas articulação ou dor muscular.

Comum 

  • Local: caroço no local da injeção
  • Sistêmica: febre, enjoos (vômitos), sintomas semelhantes aos de um resfriado como febre alta, dor de garganta, coriza (nariz escorrendo), tosse e calafrios


Janssen

Assim como o imunizante da Astrazeneca, também se utiliza da tecnologia de vetor viral, baseado em um tipo específico de adenovírus que foi geneticamente modificado para não se replicar em humanos.

Reações

  • Local: dor, vermelhidão na pele e inchaço
  • Sistêmico: dor de cabeça, sensação de muito cansaço, dores musculares, náusea, febre

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