Municípios cearenses estão aplicando a 2ª dose da AstraZeneca antes do prazo máximo de 90 dias
A redução do tempo entre as doses era uma das pautas de reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) desta sexta, 23Atualizada às 22h18min
Alguns municípios do Ceará estão aplicando a segunda dose (D2) da vacina da AstraZeneca, contra Covid-19, antes do prazo máximo estipulado, de 90 dias após a primeira dose (D1). Dentre as cidades que adotam a medida, estão Fortaleza e Eusébio. A estratégia obedece regras do Ministério da Saúde (MS) e era uma das pautas de reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) desta sexta-feira, 23.
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Conforme orientações da pasta de saúde, o período entre as duas doses da vacina deve ser de 30 a 90 dias. Inicialmente, as secretarias realizavam a aplicação da D2 no prazo máximo, de até três meses após a D1, mas a redução desse período tem sido utilizada como forma de tornar a imunização mais efetiva. Agora, os contemplados estão sendo convocados em intervalos menores, obedecendo ao estipulado pelo Ministério.
Por exemplo, em junho deste ano, Fortaleza realizou o agendamento da D2 no período de quatro a doze semanas após a D1 ter sido aplicada — atendendo cerca de 15 mil pessoas. Na última quinta-feira, 22, a Capital cearense tornou a agendar contemplados antes do período máximo estipulado. A medida de "redução" do intervalo de tempo entre as doses foi válida para todas as vacinas utilizadas pelo Munícipio.
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"O período permitido pelo laboratório, de intervalo entre a dose um e a dose dois (da AstraZeneca) é de 30 a 90 dias. Portanto, qualquer agendamento que esteja dentro desse intervalo não está nem atrasado nem antecipado, está na verdade sendo uma agendamento ideal. É importante que a partir do trigésimo dia as pessoas acompanhem as listas diária para saber se estão agendadas", explica Aline Gouveia, secretária adjunta da Saúde (SMS), em vídeo encaminhado ao O POVO.
No Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), os contemplados estão sendo convocados para tomar a D2 da AstraZeneca cerca de dois meses e meio (75 dias) após a aplicação da D1. Segundo Josete Malheiros Tavares, secretário de Saúde do município, um dos critérios utilizados para aplicação da medida é a ampliação da margem de cobertura vacinal com o ciclo completo de imunização.
"Tem o benefício de completar o ciclo de vacinação e com isso reduzir os riscos de complicação e óbitos no caso de infecção. Ao tempo que não compromete a eficácia do efeito imunizante. Outro aspecto importante é que, ao, se dispor de doses para D2, quando se antecipam duas semanas para aplicação permite as equipes de imunização trabalhar de modo melhor planejado, sem sobressaltos", afirma o gestor.
Em Caucaia, o período para a aplicação da segunda dose da AstraZeneca deve ser reduzido em breve. Segundo informações da assessoria da Secretaria da Saúde do município, a medida deve ser anunciada e colocada em prática na próxima semana. O intervalo entre as doses agora será de 60 dias.
A assessoria da Secretaria da Saúde de Maracanaú informou que a pasta deveria discutir adoção de medida em reunião com a Comissão Intergestores Bipartite (CIB) desta sexta-feira, 23.
Procurada pelo O POVO, a Secretária da Saúde do Estado (Sesa) informou que "a aplicação da vacina é competência de cada município" e que recomenda aos municípios seguirem recomendações do Ministério da Saúde. Orientação é dada tanto para o uso da AstraZeneca como para a utilização dos demais imunizantes.
Já o Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems-CE) respondeu, em nota, que "a antecipação da D2 de Astrazeneca ou até mesmo de qualquer outro imunizante deve ser realizada mediante orientações do fabricante e tem sido uma decisão de estratégia local de por parte de cada município, de forma autônoma".
A orientação do Cosems-CE é que sejam sempre observados os estudos mais recentes para tomada de decisão. "Também orientamos que sejam observadas as orientações em Notas Técnicas do Ministério da Saúde e Secretaria Estadual da Saúde", completou.
Eficácia da vacina
A redução do intervalo entre as doses tem sido uma tendência adotada por países como o Reino Unido, por exemplo, com a intenção de tornar a imunização mais efetiva contra as variantes. No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela produção da vacina AstraZeneca no País, recomendou que o intervalo entre a aplicação das duas doses do imunizante fosse de 12 semanas, mas a medida não é seguida.
Segundo informações da agência Deutsche Welle, esse intervalo é estabelecido porque a vacina oferece melhor proteção quanto maior for o intervalo entre as doses. Dados coletados antes da variante Delta mostraram que duas doses da AstraZeneca, aplicadas em um intervalo de menos de seis semanas, tem 55,1% de eficácia em caso sintomáticos da doença causada pelo coronavírus.
Quando esse período é estendido para 12 semanas ou mais, no entanto, a proteção sobe para 81,3%. Se a segunda dose for aplicada de seis a oito semanas após a primeira, a eficácia é de 60%, mas se o intervalo entre as doses for de nove a 11 semanas, o percentual sobe para 63,7%.