2 doses da AstraZeneca podem garantir proteção de 93,6% contra mortes por Covid, diz estudo

Os percentuais se tornam mais efetivos após os 14 dias da imunização com a segunda dose, com 77,9% de eficácia contra casos sintomáticos; 87,6%, internações e 93,6%, mortes.

09:11 | Jul. 23, 2021

Por: Levi Aguiar
imunizante AstraZeneca/Oxford (foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Um recente estudo feito com 61.164 residentes do estado de São Paulo, que receberam o imunizante AstraZeneca/Oxford, mostra que a vacina oferece alta proteção contra casos sintomáticos, hospitalizações e mortes de Covid-19. A pesquisa foi feita com pessoas com idades entre 60 e 79 anos. O trabalho foi desenvolvido por um grupo de pesquisadores ligados a universidades brasileiras e norte-americanas.

A análise foi feita entre os dias 17 de janeiro e 2 de julho. No mesmo período de alta circulação da variante gama (P.1), registrada inicialmente em Manaus. Além disso, o estudo usou informações de indivíduos com doença respiratória aguda e submetidos ao teste RT-PCR identificados nos bancos de dados de vigilância (e-SUS e Sivep-Gripe).

AstraZeneca

 

A estimativa da efetividade da vacina de Oxford foi feita comparando quatro grupos: (1) vacinados e (2) não vacinados com PCR positivo para Covid-19 e (3) os vacinados e (4) não vacinados com resultado negativo.

O estudo aponta que a eficácia da vacina, 28 dias após a primeira dose, é de:

- 33,4% contra casos sintomáticos;
- 55,1%, contra hospitalizações e
- 61,8%, contra mortes.

Os percentuais se tornam mais efetivos após os 14 dias da imunização com a segunda dose:

- 77,9% contra casos sintomáticos;
- 87,6%, internações e
- 93,6%, mortes.

“A principal mensagem desses resultados é o incremento que temos com o esquema vacinal completo. É muito importante porque sai de cerca de 62% para prevenção de óbito e vai para 94%. Reforça a ideia que é necessário o esquema vacinal completo para uma excelente proteção”, afirma o infectologista da Fiocruz, Julio Croda, em entrevista à Folha de S. Paulo.

Croda lembra que todas as vacinas aprovadas são boas. “Todas protegem contra casos graves, hospitalizações e óbitos e qualquer variante, mas não existia esse dado para a gama. É o primeiro estudo de efetividade no Brasil para essa variante".

Coronavac

 

Os pesquisadores também apresentaram atualizações de um estudo que avaliou a eficácia da Coronavac diante da alta circulação da variante gama. O estudo foi feito de 17 de janeiro a 29 de abril com 43.774 moradores no estado de São Paulo acima de 70 anos e que receberam a Coronavac.

Conforme os resultados, 14 dias após a aplicação de duas doses do imunizante produzido no Brasil pelo Instituto Butantan, a efetividade da vacina foi de:

- 41,6% contra casos sintomáticos;
- 59% contra hospitalizações e
- 71,4% contra mortes.

Na faixa etária entre 70 a 74 anos, a eficácia da Coronavac é de:

- 61,8% contra casos sintomáticos
- 80,1% contra hospitalizações e
- 86% contra mortes.

Na pesquisa, a proteção da Coronavac caiu na população com 80 anos ou mais, sendo de 28% contra casos assintomáticos, 43,4% contra hospitalizações e 49,9% contra mortes.

“Os dados são melhores que os da vacina da gripe, que previne 40% de mortes para acima de 80 anos”, ressalta Croda. E finaliza dizendo que as diferenças de estimativas não diminui a importância do imunizante: “Apesar da diferença nas estimativas, não há diferença entre as vacinas”, afirma.