Ministério da Saúde admite ineficácia da cloroquina e de medicamentos do 'Kit Covid'

Defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro e por apoiadores do atual governo, documentos enviados à CPI da Covid pelo Ministério da Saúde comprovam ineficácia dos medicamentos. A CPI também investiga a existência de um gabinete paralelo que influenciou no atraso de compra das vacinas

23:39 | Jul. 14, 2021

Por: Marília Serpa
Além de serem defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro para o uso no tratamento precoce da Covid-19, os medicamentos do kit também foram defendidos por apoiadores do atual governo (foto: Mateus Bonomi/AGIF/AE)

Por meio de documentos enviados à CPI da Covid nessa semana, o Ministério da Saúde admitiu que a cloroquina e os medicamentos que fazem parte do “Kit Covid” são ineficazes no combate da doença. Duas notas técnicas, que demonstram a ineficácia comprovada dos medicamentos defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), foram entregues à comissão por pedido do senador Humberto Costa (PT-PE). As informações são do portal Uol.

"Alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados, sendo eles: hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente. A ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimabe não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados nessa população", diz o documento.

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Além de serem defendidos pelo presidente para o uso no tratamento precoce da Covid-19, os medicamentos do kit também foram defendidos por apoiadores do atual governo e indicados no aplicativo do Ministério da Saúde, TrateCov, em Manaus, no início deste ano. A pasta alegou que a plataforma foi colocada no ar por um hacker.

Ainda, a CPI investiga se a existência de um gabinete paralelo ao Ministério da Saúde influenciou no atraso de compra das vacinas, favorecendo a compra dos medicamentos do “Kit Covid”.

Segundo o Uol, o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o ex-chefe da comunicação do governo, Fábio Wajngarten, as médicas Mayra Pinheiro e Nise Yamaguchi e o ex-chanceler Ernesto Araújo fazem parte da lista de testemunhas que são investigadas pela comissão por terem composto o gabinete paralelo e insistido no uso dos medicamentos.

Também aparecem na lista de investigados o ex-assessor do Ministério da Saúde Elcio Franco, o conselheiro do presidente Arthur Weintraub, o empresário Carlos Wizard, Franciele Fantinato, Helio Neto, Marcellus Campelo, Paulo Marinho Zanotto, Luciano Dias Azevedo e o atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga.