Ceará aguarda decisão do Ministério da Saúde para vacinar adolescentes

Neste domingo, o governador de São Paulo, João Dória, se antecipou ao Plano Nacional de Imunizações (PNI) e disse que vacinará todos os adolescentes de 12 a 17 anos entre os dias 23 de agosto e 30 de setembro

20:48 | Jul. 11, 2021

Por: Leonardo Maia
IMUNIZANTE deve ser aplicado quatro meses após segunda dose (foto: JOEL SAGET / AFP)

O Ceará aguarda a inclusão dos adolescentes no Plano Nacional de Imunização (PNI), coordenado pelo Ministério da Saúde, para iniciar a vacinação deste público. Em nota, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) defendeu que já iniciou o cadastro dos cearenses entre 12 e 17 anos no Saúde Digital, mas ainda não tem uma previsão sobre quando os adolescentes devem começar a receber doses da vacina.

No Ceará, há pelo menos 704.852 cearenses com idades entre 12 e 15 anos, conforme projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na lista com todos os cadastrados para vacinação no Ceará, a Sesa ainda não divulgou as pessoas que já realizaram a inscrição com menos de 18 anos. O documento é publicado no site oficial da pasta e até a noite deste domingo, 11, os mais jovens cadastrados nasceram em 2003 e tem 18 anos. O POVO questionou a Sesa sobre o número de adolescentes cadastrados, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

Mesmo sem a orientação da administração federal, o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), anunciou neste domingo que vacinará todos os adolescentes do seu Estado entre os dias 23 de agosto e 30 de setembro. A decisão foi tomada após São Paulo adquirir de forma direta lotes extras de imunizantes para atender a uma demanda de 3,2 milhões de pessoas.

O secretário da Educação de São Paulo, Rossieli Soares, ponderou que a imunização dos adolescentes, que começará por aqueles com comorbidades e as gestantes, permitirá que as aulas sejam retomadas de forma mais segura. A previsão para retorno na rede pública é no segundo semestre deste ano, conforme o gestor. “Daremos um passo importantíssimo para garantir a desejada imunização de toda a população”, pontuou.

O imunologista Edson Teixeira, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), ressalta a importância de que exista uma coordenação nacional no processo de vacinação para evitar a criação de problemas de comunicação para a população. “Nós já temos uma dificuldade de trazer as pessoas para a segunda dose, inclusive em uma parcela significativa de pessoas com mais de 60 anos. Toda vez que você modifica algo pode criar algum ruído de informação e complicar ainda mais completar o esquema vacinal das pessoas”, enfatiza.

O especialista considera ainda que a pressa em antecipar a aplicação de doses dos imunizantes não se justifica se os cuidados não farmacológicos, como a garantia do distanciamento social e o uso da máscara, não forem mantidos. Sobre os adolescentes, ele argumenta que o número de vacinas que circulam no país ainda é insuficiente para a ampliação da faixa etária. “Claro que quanto mais pessoas imunizadas melhor, mas temos que ver se há vacinas para isso”, explica.

Para a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), não faz sentido anunciar a vacinação de adolescentes agora. Em entrevista ao portal UOL, Juarez Cunha, presidente da SBIm, considerou que o anúncio de forma autônoma pelo estado pode causar um desconforto para o PNI e até uma “politização” do processo de imunização. “É o tipo da informação que não vai ajudar em absolutamente nada. Por isso que talvez seja informação só de cunho político. É algo que vai acontecer daqui a um mês e meio. Por que anunciar agora?", avaliou.

Cunha considera que os adolescentes devem ser vacinados no Brasil ainda neste ano, possivelmente próximo ao mês de setembro. No entanto, ele reforça que a integração dos estados precisa acontecer para que a comunicação sobre a vacinação não seja prejudicada. "Isso acaba gerando um ruído porque são notícias que circulam por todo o país. E você tem diferentes decisões dos diferentes estados. Isso atrapalha a campanha. É sempre muito ruim quando algum estado faz uma orientação diferente do que o PNI está fazendo”, considera em entrevista ao UOL.

Até agora, a única vacina distribuída no Brasil autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser aplicada em adolescentes a partir de 12 anos é a Pfizer. A ampliação foi aprovada após a apresentação de estudos desenvolvidos pelo laboratório e que indicaram a segurança e eficácia da vacina para esse grupo. Os estudos foram desenvolvidos fora do Brasil e divulgados pela Anvisa no início de junho.