AstraZeneca: pelo menos 6 estados reduziram intervalo entre doses; Ceará mantém prazo
Ministério da Saúde determinou o intervalo de 12 semanas entre as duas doses da vacina AstraZeneca. Após análise para possível diminuição, o prazo continua sendo o mesmo, mas pelo menos seis estados brasileiros diminuíram, sem orientação do Governo Federal, o tempo de aplicação entre uma dose e outra
22:09 | Jul. 09, 2021
O Ministério da Saúde (MS) atualmente recomenda um intervalo de 12 semanas (três meses) entre primeira dose (D1) e segunda dose (D2) da vacina AstraZeneca. Em cidades de pelo menos seis estados do País, o intervalo entre as doses foi reduzido por gestores como uma tentativa de ampliar a segurança da população contra a variante Delta do novo coronavírus. As informações são do portal G1.
A bula da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela produção e importação da tecnologia da AstraZeneca, informou que a segunda dose da vacina pode ser administrada entre quatro e 12 semanas após a primeira. O MS escolheu o maior prazo para aumentar o número total de pessoas vacinadas com apenas uma dose, levando em conta que o imunizante do fabricante oferece proteção parcial de 76% após 21 dias da primeira aplicação.
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Pelo menos seis estados, no entanto, diminuíram o tempo entre as duas doses para tentar proteger a população contra a variante Delta, mesmo sem orientação do Governo Federal. Estudos apontam que somente o plano de vacinação completo pode ser capaz de garantir proteção contra a variante do vírus.
Mesmo que o MS já tenha estudado a possibilidade de diminuir o prazo, chegando à conclusão de mantê-lo em 12 semanas, Pernambuco diminuiu o intervalo entre as doses para 60 dias, Acre para 45 dias, Santa Catarina, Espírito Santo e Piauí para 70 dias, enquanto Tocantins diminuiu para 80 dias.
Houve, ainda, mudanças pontuais para grupos ou faixas etárias no Ceará, em Alagoas e Sergipe. O estado de São Paulo também manifestou a intenção de encurtar o prazo, mas manteve o prazo até receber aval da Anvisa.
A baixa taxa de adesão à segunda aplicação é um risco para o combate a todas as versões do vírus. A necessidade de um esquema vacinal completo garante um índice maior de proteção contra a versão grave da doença, pois estudos indicam que somente com a aplicação do reforço é possível barrar a nova variante.
Procurada pelo O POVO, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informou que continua orientando municípios cearenses a seguirem as recomendações dadas pelo Ministério da Saúde. Ou seja, a orientação da pasta ainda é a de aplicar a D2 da AstraZeneca em até 90 dias.
Proteção eficaz com duas doses
A revista científica Nature apresentou um estudo, nesta quinta-feira, 8, assinado por cientistas do Instituto Pasteur e do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS, na sigla em francês), que mostra que a variante Delta é parcialmente resistente a alguns tipos de anticorpos, mas que as duas doses da vacina da Pfizer ou da AstraZeneca/Oxford são capazes de neutralizá-la.
A AstraZeneca apontou, ao G1, outra pesquisa feita pelo governo do Reino Unido que demonstra a eficácia da vacina. O documento sobre o artigo publicado pela farmacêutica revela que duas doses da vacina são 92% eficazes contra a hospitalização devido à variante delta, e não há casos de mortes entre os vacinados.