Vacinas vencidas: confira as explicações das secretarias de Saúde pelo Brasil

Secretarias afirmam que dados foram cadastrados errados, mas que público não recebeu doses vencidas. Apenas Dracena (SP) e Alagoa Grande (PB) identificaram pessoas com vacinas fora do prazo, mas já garantiram a revacinação delas

12:13 | Jul. 04, 2021

Por: Catalina Leite
Vacinação Covid ubs asa sul Brasília-DF, 11/06/2021 Foto: Walterson Rosa/MS (foto: Walterson Rosa/MS)

Após reportagem da Folha de S. Paulo indicar que 26 mil pessoas teriam recebido doses vencidas da vacina contra Covid-19 AstraZeneca, as secretarias estaduais e municipais de Saúde emitiram notas esclarecendo a situação.

Os 26 estados e o Distrito Federal informaram que houve erro na digitalização dos dados do Ministério da Saúde, mas que o público recebeu doses dentro do prazo. Mesmo assim, as secretarias têm instruído a investigação caso a caso, para suprir qualquer suspeita.

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Apenas as cidades de Dracena, interior de São Paulo, e Alagoa Grande, da Paraíba, identificaram pessoas vacinadas fora do prazo.

Em Dracena, 80 pessoas receberam o imunizante vencido, especificamente nos dias 14 e 15 de abril. No entanto, a prefeitura percebeu o erro na mesma época, revacinando os prejudicados. Em Alagoa Grande, foram 72 pessoas afetadas em maio. No entanto, a revacinação começou há uma semana, por orientação do Ministério da Saúde.

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Já no Ceará, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) publicou nota esclarecendo que nenhuma vacina foi distribuída fora da data de validade.

Em nota conjunta, o Conselho Nacional de Secretarias da Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) reforçam que todos os casos estão sendo investigados, mas que não descartam erro no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações.

 

 

A seguir, confira as explicações de todos os estados brasileiros:


Acre

Para o G1 Acre, a Chefe da Rede de Frios Estadual e Coordenadora do Plano Estadual de Imunização do Acre, Renata Quiles, afirmou em nota:

“O governo esclarece por meio da Rede de Frios que todas foram apuradas e tratam-se apenas de erros de sistema, como mencionado anteriormente.

Toda vacina distribuída pelo Estado possui um controle rigoroso de validade, não sendo permitida a distribuição com prazo inferior a 90 dias, sem contar que a campanha tem ocorrido de forma dinâmica a ponto de não se manter vacinas nas geladeiras por mais de 7 dias.

É ressaltado ainda que os municípios, responsáveis pela administração das vacinas, estão buscando todas as fichas e reportando o erro de digitação ao Ministério da Saúde, e caso haja algum caso de vacina ministrada vencida, caberá ao município o esclarecimento.”

Alagoas

A Secretaria de Saúde de Alagoas publicou a nota da Conass e da Conasems como posicionamento oficial.



Amapá

Ao G1 Amapá, a Superintendência de Vigilância e Saúde (SVS) diz:

“Todas as doses foram encaminhadas aos municípios em tempo hábil. É importante ressaltar que sempre é realizado o registro das notas de cada lote e que nelas consta o prazo de validade dos imunizantes, sendo esse um critério de controle. A aquisição e distribuição das vacinas em todo o país e, portanto, a responsabilidade com a validade dos imunizantes, é do governo federal através do Ministério da Saúde”.

Amazonas

“A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas esclarece que todos os lotes de vacina que foram encaminhados pelo o Ministério da Saúde, via Programa Nacional de Imunização (PNI), foram distribuídos em tempo oportuno aos municípios, que são os responsáveis pelo armazenamento, aplicação e informação oficiais do Ministério da Saúde.

A FVS-AM realiza o monitoramento junto às Secretarias Municipais de Saúde em relação ao controle de estoque de vacina, de acordo com lote e data de vencimento e, não há registro, por estas secretarias, de aplicação de doses com data de validade vencida.

No entanto, a coordenação estadual do PNI está monitorando, junto aos municípios, para verificar se pode ter ocorrido falha de registro no sistema de informação; e quais as medidas que serão estabelecidas a partir do resultado desta análise.”


Bahia

“A Secretaria da Saúde do Estado esclarece que não houve aplicação de doses de vacina contra Covid-19 com data de validade vencida em Salvador e outros municípios, a exemplo de Juazeiro, como está sendo erroneamente divulgado.

Conforme explica a superintendente de Vigilância e Proteção da Saúde (Suvisa), Rívia Barros, os imunizantes foram aplicados no prazo de validade, mas a notificação, ou seja, o registo no sistema do Ministério da Saúde ocorreu depois da data de vencimento da vacina.

A Sesab acrescenta que pode também ter acontecido um erro de digitação no sistema do Ministério da Saúde.”


Espírito Santo

Ao portal Folha Vitória, a Secretaria da Saúde do Espírito Santo afirmou que nenhuma vacina contra a covid-19 vencida foi distribuída.

“Nós temos certeza que o problema está no sistema do Ministério da Saúde, que é um sistema que tem muita inconsistência. Quando o vacinador vai registrar o lote, esse lote sai com registro equivocado, de um lote anterior, e alguém que vai fazer a análise dessa informação encontra lá uma inconsistência", reforçou o subsecretário de Vigilância em Saúde do Estado, Luiz Carlos Reblin, ao portal.

Goiás

Ao G1 Goiás, a superintendente de vigilância em saúde de Goiás, Flúvia Amorim, afirmou: "Até o momento não temos nenhum caso que confirmou aplicação da dose, foi erro de registro. São pessoas que estão ali digitando, então a gente sabe que tem a possibilidade de erro. Agora que liberou as correções, a gente vai poder corrigir.”

Maranhão

Ao G1 Maranhão, a Secretaria Municipal de Saúde de São Luís (Semus), capital do estado, enviou nota:

"A Semus informa ainda que não foi notificada pelo Ministério da Saúde ou qualquer autoridade sanitária sobre supostas irregularidades de vacinas e reforça que segue todos os protocolos exigidos, possuindo um procedimento operacional padrão que garante a segurança do processo de vacinação", diz a nota da prefeitura.

 

Mato Grosso

A capital de Mato Grosso, Cuiabá, publicou nota:

“Em relação à suposta aplicação de doses vencidas da AstraZeneca em Cuiabá, a Secretaria Municipal de Saúde esclarece:

-A coordenação da campanha enfatiza que ninguém em Cuiabá recebeu aplicação de vacina vencida.

-Uma alteração no Sistema do Plano Nacional de Imunização pode ter causado o erro. O lote 4120Z005, apontado pelo Ministério da Saúde, como usado após o vencimento, chegou a Cuiabá em 25/01/21 e, de acordo com a resolução da Comissão Intergestores Bipartite – CIB, foi destinado inteiramente para a primeira dose;

-A coordenação da campanha de imunização fez o rastreamento e constatou que as vacinas deste lote foram totalmente utilizadas em fevereiro. Foi dado baixa no lote em 10/02/21, portanto, muito tempo antes do vencimento.

- Por meio do levantamento dos dados, a coordenação da campanha constatou que as pessoas que tomaram a Astrazeneca após o dia 14 de abril foram para segunda dose. Essas aplicações aconteceram em 21/04 , 29/04 e 03/05. Os lotes de Astrazeneca aplicados nestes dias foram o 213VCD006W, com vencimento em 06/09/21 e 213VCD004ZVA, com vencimento em 02/09/21.”


Mato Grosso do Sul

Ao portal Diário Digital, a Secretaria Estadual de Saúde enviou nota:

“A Secretaria de Estado de Saúde informa que todas as vacinas aplicadas em Mato Grosso do Sul foram dentro do prazo de validade. O sistema do SI-PNI computa a dose pela data de lançamento no sistema e não pela data de aplicação. Alguns municípios não alimentaram o SI-PNI desde o início, realizando o lançamento posterior, com isso ficou no sistema a data de lançamento no sistema, como se fosse a data de aplicação.

Também foi relatado por municípios oscilação do Sistema do SI-PNI, não sendo possível o lançamento no sistema na data da aplicação. Todas as doses foram aplicadas dentro da validade das doses.”

Minas Gerais

Ao G1 Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Saúde enviou nota:

"A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais está em contato com os municípios para conferir se as aplicações foram realizadas fora do prazo e registradas no Vacinômetro e no SI PNI, além de orientar as medidas que serão tomadas a partir do resultado desta análise".

Pará

“A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informa que realizou o envio dos imunizantes aos municípios em até 48h da chegada das doses ao Estado e não enviou quaisquer vacinas fora da validade ou próximo da data de vencimento.”

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informa que realizou o envio dos imunizantes aos municípios em até 48h da chegada das doses ao Estado e não enviou quaisquer vacinas fora da validade ou próximo da data de vencimento.

— Sespa Pará (@SespaPara) July 2, 2021


Paraíba

Na Paraíba, foram aplicadas 72 doses de vacinas vencidas em maio na cidade de Alagoa Grande. A prefeitura já está organizando a reaplicação da dose.

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Paraná

“A Secretaria de Estado da Saúde informa que o Paraná não recebeu e não distribuiu nenhuma vacina contra a Covid-19 fora da validade prevista pelos fabricantes. [...] O período mínimo entre a distribuição e a validade dos imunizantes foi de 66 dias. O máximo, de 81 dias. Considerando que os municípios recebem as doses e realizam, de maneira geral, aplicação instantânea, é improvável algum tipo de aplicação fora da data no Estado.

Segundo o setor de Imunizações da Secretaria, trata-se de problema de registro no sistema nacional, a Rede Nacional de Dados em Sáude (RNDS). O Estado orientou os municípios nesta sexta-feira (2), mais uma vez, para que corrijam os registros no sistema, ressaltando que a funcionalidade de correção, por parte do Ministério da Saúde, só foi disponibilizada há 15 dias.”


Pernambuco

Ao Jornal do Commercio, da Rede Nordeste, a Secretaria Estadual de Saúde enviou nota:

“A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informa que já entrou em contato com o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems-PE) para acionar os municípios que tiveram registro no sistema de aplicação de doses vencidas para que o gestor municipal, responsável pela aplicação das doses na população, avalie os casos, para verificar se a informação procede ou se foi erro de digitação, e faça a busca ativa das pessoas que efetivamente foram imunizadas com doses fora da validade.

Em caso de administração de vacina vencida, a orientação do Ministério da Saúde (MS) é fazer a notificação do caso no e-SUS Notifica e acompanhar o munícipe. Essa dose não deverá ser considerada válida, sendo recomendada a revacinação do indivíduo com um intervalo de 28 dias após dose anteriormente administrada.”

Piauí

“A Fundação Municipal de Saúde informa que em Teresina nenhuma dose de vacina foi aplicada com prazo de validade vencido. A FMS confere o prazo de validade de todos os imunizantes recebidos e realiza a aplicação conforme as orientações do fabricante. Em todos os frascos dos imunizantes constam os prazos de vencimento da vacina.”


Rio de Janeiro

“A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informa que todos os lotes da vacina Oxford/Astrazeneca enviados aos 92 municípios do estado estavam dentro do prazo de validade. Dos lotes mencionados na reportagem da Folha de SP, o estado do Rio de Janeiro recebeu apenas dois. A SVAPS está apurando junto às secretarias municipais de Saúde se houve algum erro de registro das doses no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI).”

“A Secretaria Municipal de Saúde do Rio informa que, após a verificação dos dados de todos os 756 casos de vacinação com suspeita de aplicação de doses fora da validade, constatou que nenhuma de suas unidades aplicou doses vencidas.”


Rio Grande do Norte

Ao portal Uol, a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Norte afirmou: “A equipe de imunização da Sesap aponta que possa ter ocorrido o tardio registro na plataforma, que faz com que a data da aplicação do imunizante seja diferente da data que realmente foi aplicado. É importante ressaltar que, como orienta o Ministério da Saúde, cabe aos gestores locais do SUS o armazenamento correto.”

 

Rio Grande do Sul

Ao G1 Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual de Saúde enviou nota:

"Estamos realizando a conferência em relação aos imunizantes que possam ter sido administrados fora do prazo de validade, assim como aguardamos manifestação do PNI.

Tranquilizamos a população gaúcha e esclarecemos que caso sejam identificadas doses aplicadas com qualquer insegurança em relação a sua eficácia - quer seja pelo prazo de validade ou pela conservação, há planos de contingência e segurança previstos.

Em relação ao prazo de validade das vacinas, o tempo foi estabelecido num momento em que não existia conhecimento científico para prazos mais longos e esses dados estão sendo constantemente atualizados, a exemplo do que aconteceu com a vacina da Janssen."

 

Rondônia

Ao G1 Rondônia, a Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) afirmou:

"No início da vacinação nos meses de janeiro e fevereiro, as doses aplicadas pelos municípios não eram informadas em tempo real, com consequente atraso na digitação. A data da digitação dos dados do vacinado não necessariamente corresponde ao dia efetivo de vacinação, os dados são inseridos no sistema de informação a posteriori.”

 

Roraima

A Secretaria de Saúde de Roraima disse ao G1 Roraima que “desconhece a aplicação de 14 doses de vacinas vencidas em Caroebe e Boa Vista” e que “é possível que tenha ocorrido erros nos registros, especialmente nas primeiras etapas da campanha de vacinação em massa, quando as anotações eram feitas manualmente e posteriormente digitadas.”

 

Santa Catarina

“A Secretaria de Saúde Santa Catarina (SES), por meio da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE), identificou que vários destes registros se tratam de erro de vinculação de lotes, ou seja, erro de registro que demandam correção imediata. Um ofício foi encaminhado aos municípios para que investiguem caso a caso, corrijam e deem um retorno ao Estado até segunda-feira, 5. Vários municípios já entraram em contato com a Diretoria, informando que já estão corrigindo os problemas apontados.

A Diretoria também orienta os municípios de forma permanente, por meio de ofícios e notas técnicas, sobre a necessidade de observação dos prazos de validade das vacinas, bem como para a aplicação de boas práticas na gestão da Rede de Frio, de forma a manter a qualidade e segurança dos imunobiológicos.”

São Paulo

Ao G1 São Paulo, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou a identificação de 4.772 registros de aplicação da AstraZeneca após vencimento, e que está orientando as prefeituras a realizar busca ativa das pessoas que supostamente receberam o imunizante fora do prazo.

Sergipe

“A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que realiza um trabalho minucioso de conferência dos lotes de vacinas e que orientou os municípios a realizarem a busca no banco de dados para identificação se de fato ocorreu a aplicação de doses vencidas.

A princípio, a Secretaria de Saúde analisa como um erro de registro, uma vez que a informação trazida na reportagem da Folha de São Paulo se refere à aplicação, em alguns municípios, de apenas uma dose vencida e não há frascos do imunizante contendo apenas uma dose. Cada frasco traz de 5 a 10 doses. Assim, a princípio, o envio de uma informação para o sistema do Ministério da Saúde referente a uma dose com a data “vencida” pode ser um erro de registro.”

 

Tocantins

“A Secretaria de Estado da Saúde (SES) esclarece que todos os lotes que chegaram ao Tocantins, entregues pelo Ministério da Saúde (MS), foram conferidos e verificados todos os dados pertinentes para garantia da qualidade das vacinas.

A equipe técnica da Gerência de Imunização realizou o levantamento para a conferência dos registros e constatou que NÃO distribuiu nenhum lote vencido para os municípios para isso temos todos os relatórios do sistema e notas comprobatórias desde o registro do recebimento das vacinas pelo Estado até a distribuição realizada para os municípios.

A SES destaca que a Gerência de Imunização tem orientado os municípios a sempre desprezar qualquer dose que esteja para vencer e a realizar a busca ativa de pacientes em tempo oportuno, para que doses não sejam perdidas e muito menos aplicadas fora da validade.”

Distrito Federal

Ao G1 Distrito Federal, a Secretaria de Saúde enviou nota:

“A Secretaria de Saúde esclarece que não houve registro de vacinas aplicadas fora do prazo de validade no Distrito Federal. Esta informação é improcedente. Ocorre que nem sempre a vacina aplicada é registrada no sistema do Ministério da Saúde na mesma data em que foi administrada no paciente. Caso o digitador não altere esta data de aplicação na hora de fazer o registro no sistema, corre-se o risco de a vacina ser registrada como uma aplicação fora do prazo de validade.

No momento, a Pasta dedica-se a identificar os possíveis erros e responsáveis que levaram a este desencontro de informações, bem como as medidas cabíveis a este caso.”