Ao resgatar faixas etárias já contempladas, listas para vacinação refletem mutirões
À medida que a imunização da população geral avança em Fortaleza e pessoas cada vez mais novas são chamadas, é possível perceber reflexo desses novos cadastros nos agendamentos
Apesar de pessoas nascidas em 1962 terem começado a ser agendadas para receber a primeira dose da vacina contra a Covid-19 em 7 de junho (7/6), a vendedora Lúcia de Fátima Alves, de 59 anos, só recebeu o imunizante no último sábado daquele mês. Isso ocorreu porque, após enfrentar diversas dificuldades para se cadastrar por meio dos canais disponibilizados pelo Governo do Estado, apenas no dia 18 ela conseguiu se inscrever na plataforma Saúde Digital.
Naquele dia, Lúcia buscou ajuda de um grupo de estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC) que estava realizando um mutirão de cadastramento próximo à casa dela. A iniciativa, denominada "Cadastra Eu", teve início no dia 13 de junho. "Logo eu fui chamada, em menos de uma semana, e me vacinei no sábado (26 de junho). Só tenho a agradecer", conta.
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O mesmo tem ocorrido com diversas outras pessoas. À medida que a vacinação da população geral avança em Fortaleza, é possível perceber reflexo desses novos cadastros nas listas de convocação para receber o imunizante. Conforme faixas etárias cada vez mais novas são chamadas, nota-se possível consequência desses mutirões de cadastramento quando grupos de idades já contempladas voltam a ser convocados nas listas de vacinação.
Nesta semana, pessoas nascidas em 1986 já estão agendadas para receber a primeira dose da vacina. Apesar de o agendamento avançar nas idades, pessoas das faixas etárias já agendadas anteriormente que ainda não se cadastraram serão contempladas à medida que se inscrevem na plataforma.
Levantamento do O POVO com base nas listas de agendamento da Prefeitura de Fortaleza para a primeira dose da vacina na população geral mostra (ver gráfico) reflexo dos novos cadastros. "Picos" de agendamento de grupos de pessoas nascidas na década de 1960, como é o caso de Lúcia de Fátima Alves, dão indícios desse movimento. Pessoas que vêm se cadastrando em outros contextos, fora de mutirões, também têm influência sobre ele.
O porteiro Antônio Sérgio Oliveira passou por processo parecido com o da vendedora. Ele nasceu em 1969, ano que já era contemplado nas listas desde 12 de junho. "Eu tentei fazer o cadastro várias vezes e não conseguia, sempre dava problema em alguma coisa", conta. Após as várias tentativas sem sucesso, ele ficou sabendo por meio de um telejornal sobre a ação dos estudantes da UFC.
Apesar da chuva que ocorreu na manhã aquele dia 18, Antônio foi ao encontro dos alunos e no dia 26 recebeu a primeira dose da vacina. "Acho que uma semana depois ela (Karyne, uma das voluntárias) ligou para mim, dizendo que já estava marcado, já tinha o dia da vacina. Aí, eu fui sábado e graças a Deus estou vacinado", narra.
Outra iniciativa para ajudar aqueles que não conseguem fazer o cadastro é a de Ygor Castro, 25. O mercadinho da família no bairro Vila Velha, onde ele trabalha há sete anos, tornou-se ponto onde as pessoas da região têm pedido ajuda para o processo. Desde o dia 8 de junho, ele tem tirado dúvidas sobre como fazer o cadastramento, onde se vacinar e quais documentos devem levar. As perguntas são feitas por moradores bairro que têm mais de 45 anos e ou não têm acesso, ou não sabem utilizar a internet.
Para ajudar pessoas nessa situação, a Prefeitura de Fortaleza também deu início, no dia 14 de junho, a mutirões de cadastramento nos 27 Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), nos Centros Urbanos de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (Cucas) Jangurussu e José Walter, e no Centro Cultural Canindezinho.
Além disso, foi anunciado seria realizada busca ativa por meio da Secretaria Municipal da Educação (SME). Outras pastas também seriam mobilizadas para detectar pessoas que ainda necessitassem de ajuda.
A vacinação por idade em ordem decrescente, das pessoas de 59 anos até as de 18 anos, teve início no dia 6 de junho. Até a última segunda-feira, 28,430.227 fortalezenses pertencentes a esta etapa da campanha já haviam sido vacinados com a primeira dose do imunizante, de acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
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