UFC prevê retorno de aulas presenciais obrigatoriamente no 2º semestre letivo, em setembro

Até 27 de setembro, professor pode decidir se retoma aulas presenciais, tendo que manter, obrigatoriamente, aulas remotas. Universidade solicitou aos gestores das unidades a entrega, dentro de 15 dias, de planos de retorno gradual

21:30 | Jun. 25, 2021

Por: Ana Rute Ramires
Liberação de aulas no ensino superior foi anunciada nesta sexta-feira, 25 (foto: Aurelio Alves)

A Universidade Federal do Ceará (UFC) informou que a previsão é de que as aulas voltem a ser obrigatoriamente presenciais no semestre letivo 2021.2, previsto para começar em 27 de setembro. Nesta sexta-feira, 25, o governador Camilo Santana (PT), anunciou a liberação de aulas presenciais em faculdades e universidades cearenses a partir da próxima segunda-feira, 28.

Até início do segundo semestre letivo, fica facultado ao professor a decisão pelo retorno presencial das aulas de suas disciplinas. Mas sem deixar de também ministrá-las de modo remoto para os alunos que ainda desejarem seguir nessa modalidade de ensino. Conforme a assessoria de comunicação da instituição, as disciplinas que já funcionam de modo híbrido seguem conforme acordado anteriormente.

A universidade informou que vem se preparando para o retorno de suas atividades presenciais e alguns setores administrativos já atuam em regime de revezamento de seus servidores. "Nesta sexta-feira, 25, foi encaminhado a todos os gestores das unidades administrativas e acadêmicas da Universidade um ofício-circular solicitando, no prazo de 15 dias, a elaboração de planos de retorno gradual de servidores, levando-se em consideração medidas sanitárias que garantam a segurança da comunidade universitária", diz nota.

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A instituição "vê com tranquilidade" a autorização para a retomada das aulas presenciais nas instituições de ensino superior cearense. "É um bom sinal de que o Ceará está superando a pandemia de covid-19, com o avanço da imunização em nosso estado", acrescenta.

Sindicatos são contra retorno

Para o Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (ADUFC), não é o momento do retorno presencial, visto que o atual semestre letivo, 2021.1, está aprovado e planejado de forma remota. Além da UFC, a entidade representa servidores da Universidade Federal do Cariri (UFCA) e a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). Conforme Bruno Rocha, professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UFC e presidente do sindicato, a liberação do decreto mostra que "as autoridades estão caminhando sem olhar para o cenário real". 

"A gente sabe que para a sala de aula ser aberta para aulas presenciais, tem uma série de requisitos, como diminuição das turmas, espaçamento e circulação de ar, algo que nós não temos na maioria das salas da Universidade, pois todas foram adaptadas para o uso de ar-condicionado, não tendo mais circulação de ar na maioria delas. Então, os riscos são muitos, além de que todas essas medidas carecem de recursos", explicou.

Ele cita ainda que o corte de 30%  nas despesas de custeio e investimentos das universidades públicas "levou a um perigo de que não se consiga pagar as contas até o final do ano". O professor destaca que os professores não estão completamente imunizados, considerando que só receberam a primeira dose da vacina, e não há previsão para a vacinação dos estudantes. "É impossível imaginar que exista uma forma segura de retorno sem a imunização da comunidade universitária quando não há nenhuma garantia de recursos para que se faça as modificações necessárias em um ambiente de sala de aula", afirma. 

A entidade que representa os docentes deve continuar atuando para que nenhuma Universidade Federal do Ceará volte ao ensino presencial, mesmo após decreto, firma Bruno Rocha. 

Wagner Pires, diretor do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais no Estado do Ceará (Sintufce), alerta que a pressão para o retorno presencial preocupa tendo em vista que grande parte da população ainda não foi vacinada. Ele afirma que faltou apoio, treinamento e equipamentos por parte do Governo Federal para a manutenção das atividades. "Em nenhum momento as atividades deixaram de ser realizadas. Podem ter acontecido atrasos mas cumpriram com os calendários", defende. 

"Não temos condições de retornar sem que a maior parte dos cearenses tenham recebido a segunda dose da vacina, sem protocolos, sem máscaras, é preciso fazer estudos acompanhados com representantes da categoria", acrescenta Wagner. 

(Colaborou Marília Serpa/Especial para O POVO)