Em clima de festa junina, "Arraiá da Vacinação" em Fortaleza tem quadrilhas e grupos musicais
Ao som de muito forró, vacina foi festejada por quem recebeu a primeira dose durante o evento
Pelo segundo ano consecutivo, a Covid-19 interrompe uma das tradições culturais mais aguardadas pelo povo nordestino. Em 2021, com a pandemia ainda em alta, não haverá festejos juninos. Mas desta vez, ao contrário do ano passado, há um motivo mais do que especial para celebrar a esperança em dias melhores: a vacina. Pensando nisso, a Secretaria da Saúde de Fortaleza (SMS) promoveu, nesta sexta,19, no Centro de Eventos, o primeiro "Arraiá da Vacinação" contra a Covid-19.
Em clima de festa junina, com direito a apresentações de quadrilhas e grupos musicais, a vacina foi festejada por quem já estava esperando ela chegar há muito tempo. A exemplo da administradora de academias, Ilana Brasil, 40, que após receber a primeira dose do imunizante, disse que a reação imediata foi a esperança de dias melhores. “Esperança é a primeira coisa que a gente sente. Eu já estava aguardando por isso há muito tempo, mas ser vacinada aqui com este clima de festa, para mim, foi incrível. Estamos num período que remete a felicidade, comemoração, encontros… Então, apesar de a gente não poder viver tudo isso ainda, traz um fio de esperança que estamos perto de ter as festas juninas de volta, quem sabe no ano que vem”, relata.
O momento também foi de alegria até mesmo para quem não foi vacinado. A estudante Mariana Costa, 22, integrante da quadrilha “Amor Nordestino”, que se apresentou no evento, transbordava de felicidade. “Hoje meu pai tomou a primeira dose e na próxima semana vai ser minha mãe. Isso traz a esperança de que minha vez também está chegando”, disse, acrescentando que voltar a dançar quadrilha depois de quase dois anos “é renovador e faz bem para a alma”, ainda que a pandemia não tenha chegado ao fim.
Mateus Silva, 17, que também integra o grupo, contou que participar do evento proporcionou felicidade dupla. “Ficar longe dos festivais foi muito difícil. Hoje, a gente está matando um pouco dessa saudade. E o mais legal é fazer isso com este sentimento de esperança, vendo as pessoas felizes por causa da vacina”, disse.
Segundo a SMS, pelo menos 12 mil pessoas do público geral, de 18 a 59 anos, estavam agendadas para receber a vacina durante o Arraiá. A ação começou às 8 horas e foi encerrada às 23 horas. Até o fechamento desta matéria, a pasta não havia informado quantas doses foram aplicadas durante o evento, mas a expectativa era imunizar cerca de 80 mil pessoas neste fim de semana.
Incentivo aos artistas
Além de festejar a vacina, o Arraiá serviu como incentivo à classe artística, uma das mais afetadas pela pandemia. É o que aponta o secretário de cultura de Fortaleza, Elpídio Nogueira, ao destacar que a iniciativa se transformou numa oportunidade de beneficiar a classe artística. “Enquanto a população aguarda na fila, nada melhor do que apreciar a cultura cearense em uma boa festa de São João, uma oportunidade de contemplar nossos artistas da classe musical", afirma o secretário.
O cantor Clementino Moura, 24, que também se apresentou no evento, elogiou a ação. “É um momento muito importante para nós músicos porque incentiva o pessoal a se vacinar e ao mesmo tempo traz a esperança de que está mais perto de a gente se reencontrar com o público. Isso é muito bom para a nossa classe, que tem sido muito atingida nessa pandemia”, afirma.
Ritmo da vacinação
Para acompanhar a velocidade dos acordes da sanfona, a marcha da imunização na Capital cearense precisa acelerar o passo. Até a última atualização do Vacinômetro da Secretaria Municipal de Saúde, às 22h24min desta sexta-feira, 18, o número de pessoas vacinadas com a primeira dose do imunizante contra a Covid-19 era de 857.616, correspondente a apenas 31,9% da população total do município, que chega a 2.686.000 habitantes, segundo projeção do IBGE.
Se a comparação for feita tendo como base o número de vacinados com as duas doses, o percentual cai para 12,5%, pois somente 337.625 pessoas se enquadram nessa condição. Essa seria a quantidade de pessoas efetivamente imunizadas na Cidade, uma vez que a proteção só é garantida, segundo especialistas, quando completado o esquema vacinal, no caso das vacinas que exigem dose de reforço, como CoronaVac, Pfizer e Astrazeneca.
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