B.1.617: o que é e como age a variante indiana do coronavírus
O POVO responde as principais dúvidas sobre a variante indiana do coronavírusO Brasil confirmou nessa quinta-feira, 20, os primeiros casos de Covid-19 pela variante B.1.617 do coronavírus, identificada originalmente na Índia. Classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como "de preocupação global", a chamada variante indiana contribuiu para a mais recente - e intensa- onda da pandemia na Índia. No Ceará, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) notificou a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) sobre um caso suspeito.
Detectada em tripulantes estrangeiros de um navio atracado no porto de São Luís, no Maranhão, a variante ainda não tem transmissão comunitária no País. Entretanto, a fácil transmissão do Sars-Cov-2 e caraterísticas da variante despertam preocupações. O POVO responde as principais dúvidas sobre a variante indiana do coronavírus.
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O que a variante indiana tem de diferente das outras?
Essa variante do coronavírus se originou a partir de pelo menos três mutações do material genético do coronavírus. Duas são semelhantes às mutações encontradas nas outras variantes de preocupação. Os estudos epidemiológicos e genômicos indicam que essas mudanças tornam o Sars-Cov-2 mais capaz de entrar nas células humanas, se replicar e burlar alguns anticorpos.
A linhagem da B.1.617 tem três versões com algumas diferenças: a B.1.617.1, a B.1.617.2 e a B.1.617.3. Elas foram descobertas na Índia entre outubro e dezembro de 2020 e, possivelmente, foram originadas nesse país.
Ela é mais contagiosa ou leva a casos mais graves?
Em 10 de maio e baseada em estudos preliminares, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a variante como uma preocupação global por ser mais transmissível que o vírus original. Ainda não há informações de que a variação do vírus é mais letal.
As vacinas existentes são eficazes contra ela?
Conforme a OMS, as vacinas e os tratamentos disponíveis contra a Covid-19 são, até onde se sabe, eficazes contra os casos da variante indiana. No entanto, as evidências ainda são recentes.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) informou na semana passada que as vacinas que usam tecnologia de RNA mensageiro, como as da BioNtech/Pfizer e Moderna, parecem ser eficazes contra a variante.
A variante já chegou ao Ceará?
Por nota e em nota técnica, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informa que até o dia 12 de maio apenas a variante P.1 (conhecida como variante brasileira ou de Manaus) foi detectada no Estado. Até essa data, 823 casos suspeitos de Covid-19 por contaminação de variante de preocupação (VOC, na sigla em inglês) foram comunicados à pasta. Das amostras sequenciadas, houve a confirmação de 40 casos da variante P.1.
Os casos de infecção por coronavírus da variante P.1 foram detectados nos municípios de: Fortaleza, Caucaia, Icó, Brejo Santo, Moraújo, Pentecoste, Santa Quitéria, Limoeiro do Norte, Meruoca, Ipu, São Gonçalo do Amarante e Antonina do Norte.
Há, entretanto, um caso suspeito de Covid-19 pela variante indiana em Fortaleza. A Sesa recebeu, em 17 de maio de 2021, notificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre esse caso em um passageiro vindo da Índia que desembarcou a trabalho na Capital no último dia 9. A pasta ainda aguarda resultado do teste genômico para saber se o coronavírus causador da doença no viajante é ou não da variante indiana.
A vigilância epidemiológica e genômica das novas variantes começou a ser realizada no Ceará em 20 de janeiro deste ano e "continua sendo realizada com objetivo de identificar outras cepas que já circulam no Brasil". Os exames são analisados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro e Amazonas e pelo Instituto Evandro Chagas, por meio de sequenciamento total.
Como se proteger?
Independente da variante, o coronavírus é transmitido principalmente pela inalação de pequenas partículas no ar. Assim, a prevenção não muda. As três principais medidas de proteção contra o coronavírus devem ser mantidas: preferência por espaços ao ar livre, bem ventilados e sem aglomerações; uso de máscara, garantindo que ela esteja bem ajustada ao rosto, sem vazamento nas laterais; e distanciamento físico.
Variantes em circulação
As mutações e o decorrente surgimento de variantes é algo natural e esperado na evolução de um vírus. Toda vez que um vírus infecta alguém, ele tem a possibilidade de sofrer mutação. Quanto mais infecções ocorrem em uma região, maior a possibilidade de que variantes do vírus possam originar novas versões.
A maioria das mutações virais tem pouco ou nenhum impacto na capacidade do vírus de causar infecções e doenças. Mas, dependendo de onde as alterações estão localizadas no material genético do vírus, podem afetar capacidades como a transmissão (pode se espalhar mais ou menos facilmente) ou gravidade (pode causar doenças mais ou menos graves).
Além da indiana, outras cinco variantes do Sars CoV-2 também já foram apontadas como responsáveis por maiores índices de transmissão e, por isso, classificadas como de interesse ou de preocupação. Em dezembro, ocorreu a identificação da variante inglesa B.1.1.7.
Depois vieram as variantes B.1.351, na África do Sul, e a em Manaus, P.1. Mais tarde, as variantes de interesse: B.1.525, na Nigéria, e B.1.429, na Califórnia.
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