Covid-19: variante indiana é identificada em 51 países; um deles na América do Sul
Embora mais transmissível, estudos preliminares indicam que a nova cepa não atinge pessoas vacinadas contra a doença. Sesa recomenda que viajantes que cheguem ao Ceará de áreas afetadas façam quarentena
22:24 | Mai. 17, 2021
Uma nova variante do coronavírus (B.1.617) tem gerado preocupação em relação à possibilidade de novo descontrole do avanço da doença. Possivelmente mais transmissível, a nova cepa, que ficou conhecida como “variante indiana”, foi registrada em 51 países do mundo, com cerca de 7,3 mil casos, de acordo com levantamento da iniciativa Gisaid, que compila as estatísticas sobre a doença de forma global. (Veja lista no fim da matéria).
Entre as nações atingidas pela nova variante, apenas a pequena ilha de Aruba registra casos na América do Sul, com três registros confirmados. Ainda não foi confirmada a infecção da variante no Brasil, mas o caso de um tripulante indiano é um alerta para a entrada da doença. Com sintomas da Covid-19, o homem de 54 anos deu entrada em um hospital da rede privada de São Luís, no Maranhão.
Conforme nota da Secretaria de Estado de Saúde (SES) do Maranhão, ele estava em um navio com 24 pessoas que atracaria no porto de São Luís e começou a ter sinais e sintomas no dia 4 de maio, apresentando febre. No dia 13 de maio, ele foi removido do navio e levado de helicóptero até o hospital. Outros dois passageiros sintomáticos também foram encaminhados para unidades de saúde. O restante segue em quarentena no navio, ainda em alto mar.
Leia mais
Na última sexta-feira, 14, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), emitiu um alerta para evitar a entrada da variante no Estado. Conforme nota técnica, os viajantes de áreas com a cepa indiana devem cumprir quarentena e realizar testes da Covid-19 antes de se deslocarem dentro do Ceará. Outra recomendação é que as pessoas evitem viagens não essenciais, especialmente para áreas que concentram maior número de casos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a linhagem B.1.617 como uma Variante de Preocupação (VOC), que pode significar, entre outros indicadores, evidência de transmissibilidade ou gravidade aumentadas. As B.1.617.1 e B.1.617.2 foram identificadas pela primeira vez na Índia no ano passado, e foram detectadas, simultaneamente, devido ao aumento da prevalência no grande surto observado no país.
Epicentro do número de casos da variante, Reino Unido seguirá flexibilização
Jantar em uma área interna de restaurante ou assistir uma partida de futebol no estádio voltam a ser possibilidades na Inglaterra, que nesta segunda-feira, 17, iniciou uma nova etapa na flexibilização do confinamento, apesar do temor do avanço da variante indiana do coronavírus. O país já registrou 3,3 mil casos da variante indiana, sendo 83% dos registros nas últimas quatro semanas.
Ao mesmo tempo que pediu "prudência" aos britânicos, o primeiro-ministro Boris Johnson afirmou que no momento não há motivos para mudar a estratégia, com a reabertura de áreas internas de pubs e restaurantes - as áreas a externas estavam abertas desde abril -, hotéis, museus, salas de espetáculos e estádios para até 10.000 espectadores.
O comitê científico que aconselha o governo mantém suas reservas ante a grande reabertura desta segunda-feira e alertou que existe uma "possibilidade realista" de que a variante seja até 50% mais contagiosa que a detectada no fim de 2020 na Inglaterra. Essa última provocou uma onda de contágios e mortes que levaram o Reino Unido a um longo período de retorno ao confinamento a partir de janeiro.
A reabertura, conforme o comitê, poderia "conduzir a um aumento substancial das hospitalizações, similar ou maior que os picos precedentes", quando os serviços de saúde ficaram à beira do colapso no início de 2021. Segundo o governo britânico, nas últimas duas semanas de dezembro do ano passado, a taxa de transmissão da doença saltou 70%.
Na sequência dos países que mais registraram casos da nova linhagem estão a Índia e os Estados Unidos, com 2,2 mil e 758 registros confirmados, respectivamente. Outros dois países também registram números acima dos dois dígitos: Estados Unidos (758) e Alemanha (230).
Leia também | O que explica a catástrofe da Covid-19 na Índia?
Vacinados estão protegidos contra variante, indica ministro do Reino Unido
Conforme a análise de dados preliminares, o ministro da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, afirmou nesta segunda-feira que a nova cepa não está afetando pessoas imunizadas contra o vírus, embora o contágio seja mais rápido. Ele ponderou, no entanto, que a variante pode prejudicar os “avanços” realizados pelo país e alertou que as pessoas fiquem vigilantes. As informações são da CNN.
Em relação às vacinas que são aplicadas no Brasil, apenas a Pfizer disse que o seu imunizante não precisa de modificações para novas variantes. "Até o momento não há evidência de que seja necessária uma adaptação da atual vacina anti-covid da BioNTech contra as variantes identificadas", afirmou a empresa em um comunicado no dia 10 deste mês.
A BioNTech, no entanto, afirmou em março que iniciara os testes para uma "versão modificada, específica para as variantes", antecipando a necessidade de em algum momento fazer ajustes a sua vacina atual. "Este estudo pretende explorar o caminho regulatório que BioNTech e Pfizer deverão seguir se o vírus SARS-CoV-2 mudar de maneira suficiente para exigir uma vacina atualizada", indicou a empresa.
A farmacêutica AstraZeneca e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsáveis pela vacina de Oxford, informaram que ainda não possuem estudos sobre a eficácia do imunizante contra a variante indiana. O mesmo foi dito pelo Instituto Butantan, responsável pela produção da CoronaVac no Brasil.
O órgão paulista justificou que a cepa deve estar circulando no Brasil para início dos estudos. A Sinovac Biotech, farmacêutica chinesa responsável pela vacina, também não começou testes sobre a eficácia do imunizante contra a nova variante. As informações foram repassadas para o jornal O Globo no fim de abril.
(Com AFP)