Segundo ano da pandemia causa mais mortes, alerta OMS
A pandemia já matou 3,3 milhões de pessoas em todo mundo desde o final de dezembro de 2019. O aparecimento de variantes e o progresso desigual das campanhas de vacinação continuam a preocupar
23:28 | Mai. 14, 2021
O segundo ano da pandemia causa mais mortes do que o primeiro, alertou nesta sexta-feira, 14, a Organização Mundial da Saúde (OMS), pedindo aos países ricos que não vacinem menores de idade, e sim doem essas doses para outras nações afetadas pela tragédia, como a Índia, que enfrenta uma nova onda de Covid-19 devastadora.
A pandemia já matou 3,3 milhões de pessoas em todo mundo desde o final de dezembro de 2019. O aparecimento de variantes e o progresso desigual das campanhas de vacinação continuam a preocupar.
De acordo com o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, "no ritmo atual, o segundo ano da pandemia será muito mais letal do que o primeiro". Ele também pediu aos países que desistam de vacinar crianças e adolescentes contra a Covid e doem as doses assim liberadas para o sistema Covax. Com isso, elas seriam redistribuídas para os países desfavorecidos.
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Na Europa, onde o número de casos vem caindo exponencialmente, os países reabrem suas economias, enfraquecidas. A Grécia suspendeu hoje todas as restrições de circulação, após sete meses de confinamento, para relançar uma esperada temporada de turismo. Agora, a única condição para viajar para a Grécia é estar vacinado, ou apresentar teste negativo de Covid.
"Os restaurantes estão abertos, podemos ir à praia, aproveitar o bom tempo, fazer compras... É maravilhoso poder sair de novo", exclama em Creta a turista alemã Caroline Falk, de 28 anos. O governo grego lançou uma grande campanha de vacinação, com o objetivo de que as ilhas estejam "totalmente protegidas até o final de junho". No total, mais de 3,8 milhões de pessoas receberam pelo menos uma dose da vacina neste país de 11 milhões de habitantes.
Na Espanha, milhares de veículos lotaram as estradas hoje, seguindo principalmente para as praias, após o fim de meses de confinamento perimetral. Tendo em vista a temporada turística, a Itália, por sua vez, anunciou que suspenderá a partir deste domingo a quarentena de cinco dias para os turistas europeus, enquanto, em Portugal, centenas de turistas britânicos são esperados a partir de segunda-feira, depois que o Reino Unido incluiu aquele país em sua "lista verde" de territórios para os quais seus cidadãos podem viajar sem ter que cumprir quarentena na volta.
O Japão, por outro lado, ampliou hoje o estado de emergência — já aplicado em seis departamentos, incluindo o de Tóquio — para três departamentos adicionais, diante do aumento dos casos de Covid a 10 semanas da abertura dos Jogos Olímpicos. Nesse sentido, o tenista Roger Federer declarou que os atletas "precisam de uma decisão firme" sobre a realização do evento, e disse que entenderia se o mesmo fosse cancelado.
A Inglaterra se preparava para uma nova etapa, com a reabertura de museus, hotéis e estádios na próxima segunda-feira, graças à queda acentuada dos casos de Covid. O premier Boris Johnson advertiu, no entanto, que a variante indiana ameaça prejudicar o desconfinamento, após um aumento preocupante das infecções em algumas regiões, principalmente no noroeste de Londres. Por isso, autoridades decidiram lançar uma campanha de detecção acelerada.
A França, por sua vez, anunciou que os viajantes de quatro novos países (Colômbia, Bahrein, Costa Rica e Uruguai), em uma lista de 12, estariam sujeitos a uma quarentena de dez dias a partir de domingo.
Na Índia, em meio ao surto epidêmico devastador, muitos estados lutam contra a escassez de vacinas, limitando as disponíveis para os 600 milhões de adultos de 18 a 44 anos que agora podem ser vacinados. A vacinação com o imunizante Sputnik V começou nesta sexta-feira naquele país, de 1,3 bilhão de habitantes.
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Depois de mergulhar as grandes metrópoles indianas no caos, com falta de medicamentos, de oxigênio e de leitos para os doentes, o vírus continua a causar estragos na zona rural, carente de infraestruturas. Os mortos são enterrados e, às vezes, abandonados nos rios, enquanto os enfermos tentam se curar com decocções de plantas. Nos últimos dias, mais de 100 cadáveres acabaram nas margens do Ganges, aumentando o temor de uma situação igualmente terrível em outros lugares.
"Nós deixamos pessoas morrer", disse à AFP Kidwai Ahmad, contatado pela AFP de sua aldeia de Sadullahpur, no estado de Uttar Pradesh. "É a Índia que escondemos de todos".
Na Colômbia, a prefeita de Bogotá, Claudia López, contraiu o vírus, em meio à terceira onda naquele país, onde acontecem protestos em massa contra o governo de Iván Duque.
Máscara causa confusão
Nos Estados Unidos, a campanha de imunização possibilitou o levantamento da obrigatoriedade do uso de máscara para pessoas totalmente vacinadas, o que gerou debates acalorados e certa confusão no país, onde algumas empresas seguem a orientação e outras, não.
Com mais de 584.000 mortos, os Estados Unidos continuam sendo o país que mais sofreu com a pandemia, à frente do Brasil (mais de 430.000), Índia (mais de 258.000), México (219.590) e Reino Unido (127.640).
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O responsável por emergências sanitárias da OMS, Michael Ryan, recomendou em entrevista coletiva que, "mesmo em situações em que a cobertura de vacinação seja elevada, se houver muita transmissão, não se retira a máscara". A diretora científica da organização, Soumya Swaminathan, assinalou que "muito poucos países estão em condição de abandonar as medidas".
A série IndyCar de automobilismo anunciou hoje, pelo segundo ano consecutivo, o cancelamento de sua corrida pelas ruas de Toronto, Canadá, programada para julho.