CoronaVac é efetiva contra variante brasileira do coronavírus, aponta estudo

Imunizante demonstrou efetividade de 50% após 14 dias da primeira dose. Estudo foi feito por pesquisadores de instituições nacionais e internacionais com uma amostra de mais de 67 mil profissionais de saúde de Manaus

12:16 | Abr. 07, 2021

Por: Marcela Tosi
Doses não enviadas estão com distribuição bloqueada pela Sesa (foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Um estudo feito com mais de 67 mil profissionais de saúde de Manaus aponta que a vacina CoronaVac tem 50% de efetividade contra a variante P.1, variante brasileira do coronavírus identificada pela primeira vez na capital manauara. De acordo com os dados preliminares, a efetividade (ou seja, o impacto real na redução da doença ou da sua gravidade) foi confirmada 14 dias após a primeira dose.

O estudo é o primeiro a avaliar a efetividade do imunizante em um local onde a variante P.1 é predominante. A análise é provisória. 

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, mais detalhes sobre o estudo serão apresentados na tarde desta quarta-feira, 7. Já um artigo científico com os resultados deve ser publicado até o próximo sábado.

Segundo o infectologista Julio Croda, responsável pelos trabalhos, foi constatado que a vacina mantém contra a P.1 o mesmo nível de eficácia apontado nos ensaios clínicos. "É uma tranquilidade. Enquanto a gente tiver a P.1 como variante predominante, o Ministério da Saúde e as secretarias estaduais podem continuar administrando a vacina porque ela vai trazer algum impacto do ponto de vista do controle da doença", defendeu para o G1 São Paulo.

Veja a nota divulgada por Croda:

pic.twitter.com/Vkn66Muqnf

— Julio Croda (@juliocroda) April 7, 2021

 

Ainda não há informações sobre a efetividade da vacina após 14 dias da segunda dose. Os pesquisadores vão coletar esses dados durante as próximas semanas para fazer a análise final.

 

Metodologia

 

Segundo Croda, foi analisado o impacto do imunizante nos profissionais que tiveram diagnóstico confirmado de Covid-19, com base nos dados da Secretaria Municipal da Saúde de Manaus. "A gente verificou quem desses [profissionais] tinha tido a doença e foi checar se ele tomou a vacina. E a partir desses dados a gente conseguiu calcular a efetividade da vacina, que é a eficácia na vida real, no mundo real", explica.

Os dados relativos à efetividade completa, com as duas doses, ainda estão sendo coletados. Além do estudo em trabalhadores de saúde em Manaus, o grupo vai avaliar a efetividade da CoronaVac e da vacina da AstraZeneca em idosos nas capitais Manaus, Campo Grande e São Paulo e no estado de São Paulo.

"Nesse momento, o dado é preliminar e com uma dose o nível de efetividade foi de 50%. Importante ressaltar que Manaus tem muitos profissionais com infecção prévia. Por isso talvez a efetividade da vacina com duas doses, que a gente vai estar acompanhando ainda isso, pode ser muito maior do que 50%", avalia.

O grupo Vebra Covid-19, que estuda a eficácia das vacinas contra a doença no Brasil, reúne pesquisadores de instituições nacionais e internacionais, além de servidores da Secretaria de Saúde do Amazonas, Secretaria de Saúde de São Paulo, Secretaria de Saúde de Manaus e Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. 

Variantes no Brasil


A eficácia da Coronavac contra as variantes do coronavírus já havia sido indicada pelo Instituto Butantan desde o início de março. Em notícia publicada no dia 10, a instituição afirma que "dados iniciais apontam que a vacina do Butantan contra a Covid-19 é capaz de combater as variantes P.1 (também conhecida como amazônica) e P.2 (do Rio de Janeiro) do novo coronavírus".

O estudo está sendo realizado em parceria com o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e incluiu as amostras de 35 participantes vacinados na Fase 3 realizada pelo Butantan. Conforme a nota, o estudo completo inclui um número maior de amostras já em análise. Os resultados serão divulgados posteriormente.

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