Tratamento de Paulo Gustavo custa R$ 30 mil por dia e foi barrado no SUS

A médica cardiologista Ludhmila Hajjar detalhou o funcionamento do dispositivo que funciona como um pulmão artificial em entrevista à CNN

11:42 | Abr. 05, 2021

Por: Redação O POVO
Ator e humorista Paulo Gustavo está internado após contrair Covid-19. (foto: Divulgação e Akiromaru/Istock )

O tratamento por Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO) para Covid-19 que está sendo utilizado pelo ator Paulo Gustavo custa R$ 30 mil por dia e foi barrado no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2015. Em entrevista à CNN, a médica cardiologista Ludhmila Hajjar detalhou o funcionamento do dispositivo que funciona como um pulmão artificial.

A médica chegou a ser cotada para assumir o Ministério da Saúde no lugar do ex-ministro Eduardo Pazuello e já atuou no tratamento de figuras públicas que foram infectadas pelo coronavírus, como o apresentador Geraldo Luís e o próprio Pazuello.  O humorista Paulo Gustavo está internado desde o dia 13 de março em um hospital do Rio de Janeiro e no dia 22 do mesmo mês precisou ser intubado.

"Muita gente não tem a chance de ser tratado numa ótima estrutura, como Paulo Gustavo, nem tem chance de ter a ECMO, dispositivo relativamente caro. Não se consegue fazer ECMO em alta escala no SUS", disse.

Ainda de acordo com Ludhmila, em 2015, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) no SUS barrou o uso da ECMO no sistema público de saúde. "Sempre se pondera muito o custo, a efetividade, o momento que o País está passando e a economia. Hoje, eu diria que boa parte das vidas que estão sendo salvas no Brasil se devem a esse dispositivo", completou.

A médica acrescentou que todos os profissionais de saúde da linha de frente têm pra contar "várias histórias de pessoas que não tinham a menor chance de estarem vivas hoje, mas estão em suas casas porque tiveram a possiblidade de implantar a ECMO".

Como funciona a ECMO

 

A ECMO funciona por meio de uma máquina que age como um pulmão e um coração artificiais para pacientes que estão com os órgãos comprometidos. A técnica tem uma ação mais complexa em relação ao ventilador mecânico, que não substitui a função do pulmão, mas apenas fornece um fluxo de ar para o interior deles.

O tratamento é usado há décadas para pacientes com pneumonias graves e agora vem sendo adaptada para pacientes com Covid-19. "[A ECMO] tem dois objetivos: oxigenar e eliminar o gás carbônico do sangue e gerar repouso adequado ao paciente para que a gente recupere o pulmão".

Ludhmila afirmou que a ECMO pode ser utilizado por diferentes períodos, que podem variar de 14 a 25 dias. "É o tempo que o organismo precisa para se recuperar. Quando o paciente tem o pulmão inflamado pela Covid-19, ele fica duro e cheio de água", explicou. 

Ela ainda apelou para que a população siga as medidas preventivas contra o coronavírus. "Infelizmente, a Covid hoje não escolhe idade, sexo, raça, pessoa. Ela se alastrou de uma maneira tão perigosa que todas as pessoas passaram a ser consideradas como do grupo de risco, inclusive para formas graves da doença". 

com informações do UOL