Pode beber após vacinação contra Covid-19? Confira orientação

O clínico geral Luciano Lourenço explica que o organismo precisa estar o mais saudável possível para ser estimulado a produzir anticorpos através da vacina

O consumo de bebidas alcoólicas deve ser evitado nas 24 horas após o recebimento de qualquer uma das duas doses da vacina, conforme orientações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Fortaleza, autarquia que gerencia a imunização contra Covid-19 na Capital. A recomendação vem do Ministério da Saúde. Estudo do Departamento de Ciência e Tecnologia do Conselho Filipino para Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde reforça a ideia de que o álcool atrapalha a imunização.

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Fora do Brasil, as orientações quanto ao consumo de álcool enfrentam incertezas, no entanto. Tatiana Golikova, vice-primeira-ministra da Rússia, afirmou no começo de dezembro de 2020 que os recém-vacinados precisariam permanecer 42 dias longe de bebidas alcoólicas para fortalecer a imunidade. Em seguida, o diretor do Instituto Gamaleya, fabricante da vacina Sputnik V, corrigiu o prazo para seis dias.

O diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia do Conselho Filipino para Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde, Jaime Montoya, direciona atenção para quem tem hábito constante de consumo: “Se você é um bebedor assíduo ou alcoólatra, já tem algum efeito no seu sistema imunológico. Precisamente porque você está imunologicamente comprometido, seu corpo pode não responder 100% às vacinas, então temos que monitorá-lo de perto”.

Processo de imunização

Em entrevista ao portal Metrópole, Luciano Lourenço, que é coordenador do pronto-socorro do Hospital Santa Lúcia Sul, em Brasília, afirma que o corpo humano produz anticorpos em duas etapas no caso de vacinas aplicadas em duas doses. A primeira fase demora 20 dias, período em que o organismo reage de forma primária ao imunizante, produzindo defensores provisórios. A fase seguinte transforma então os “soldados” em permanente durante outros 20 dias. Beatriz Rodrigues, infectologista da rede de hospitais São Camilo de São Paulo, adiciona que a resposta imune de um organismo é influenciada por fatores como idade, comorbidades, genética, fatores nutricionais ou mesmo características relacionadas à própria vacina.

Luciano reforça que o álcool pode, de fato, atrapalhar o funcionamento desse processo. Ele explica que o organismo precisa estar em homeostase, ou seja, o mais saudável possível para ser estimulado a produzir anticorpos através da vacina. “Ingerir álcool após receber a vacina não colocará a vida de ninguém em risco, mas é uma vacina com uma cepa desconhecida, então a recomendação de ficar sem álcool uma semana antes e 20 dias depois [da imunização] é inteligente”, analisa. “O que chama atenção da comunidade médica é as pessoas estarem preocupadas com o consumo de álcool em vez de desejarem estarem saudáveis para que o organismo responda da melhor maneira possível”.

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