Kit Covid é associado ao caso de hepatite medicamentosa, confirma Hospital das Clínicas da Unicamp

O Hospital das Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) confirmou na última terça-feira, 23, o primeiro caso de hepatite medicamentosa relacionada ao uso do 'kit Covid'. O paciente identificado é morador de Indaiatuba, município de São Paulo. Ele tem aproximadamente 50 anos e não possui histórico de outras doenças.

O kit trata-se de tratamento para Covid-19, sem eficácia comprovada, com uso de azitromicina, hidroxicloroquina e ivermectina. Cerca de 3 meses depois de se livrar da Covid-19, o paciente apresentou pele e olhos amarelados.

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A professora e médica da unidade de transplante hepático do Hospital das Clínicas, Ilka Boin, explica que o homem havia chegado com uma síndrome de doença hepática pós-Covid. Ela também acrescenta que quando analisou o caso junto à equipe de saúde, eles perceberam que os resultados não se enquadravam na síndrome.

“Tinha alterações específicas e analisamos a biópsia. Era, na verdade, uma hepatite medicamentosa que causou a destruição dos dutos biliares, e o paciente tinha usado somente, nos últimos quatro meses, remédios do 'kit Covid'", relatou a médica em entrevista à Emissoras Pioneiras de Televisão (EPTV).

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A médica informou ainda que o paciente terá que fazer transplante de fígado. "As lesões foram bem importantes. No começo a gente ia até indicar o transplante de urgência, mas ele foi melhorando conforme foi sendo tratado e avaliado".

De acordo Ilka Boin, duas outras pessoas com quadros clínicos semelhantes morreram antes dos estudos clínicos serem concluídos ou do transplante de fígado ser efetuado. "Até semana passada, a gente só tinha esse caso. Da semana passada para cá, nós já soubemos de mais quatro, (que ocorreram em outras cidades). Talvez comecem a aparecer mais", completou.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já defendeu publicamente o uso dos medicamentos do kit como medida preventiva e solução dos problemas causados pelo vírus.