Com entrega de 14 milhões de doses, Pfizer quer armazenar vacina em freezer comum
Devido a sua tecnologia, o imunizante deve ficar idealmente a - 70ºC. Estratégia de temperaturas mais amenas, requerida à Anvisa, pretende facilitar a distribuição no País
12:34 | Mar. 23, 2021
No último dia 15, o Ministério da Saúde confirmou a compra de 100 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 produzida pela farmacêutica Pfizer em parceria com a alemã BioNTech. Desse total, 14 milhões de doses serão distribuídas entre abril e junho; a maior parte do montante será entregue no terceiro trimestre deste ano.
A presidente da Pfizer no Brasil, a espanhola Marta Díez, detalhou em entrevista à Revista Veja que assumiu o compromisso de entregar 1 milhão de doses em abril, 2,5 milhões em maio, e o restante escalonado progressivamente até setembro.
Em fevereiro, o imunizante se tornou o primeiro contra a Covid-19 a obter registro definitivo no Brasil.
Conservação a - 70ºC
O imunizante da Pfizer se tornou o primeiro no mundo produzido em larga escala feita com o RNA, método que usa parte do material genético do vírus para estimular o corpo a produzir defesa contra o Sars-Cov-2. Entretanto, a técnica exige cuidados extras, como o armazenamento a - 70ºC.
Diante da compra pelo Ministério, a multinacional pediu autorização à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para armazenar a vacina em freezer comum, com temperaturas de -15ºC a -25ºC. A medida deve facilitar o transporte do imunizante a regiões mais remotas. É o que explicou Díez ao jornal Estado de S. Paulo.
Pelo pedido feito à Anvisa, a vacina poderia ser armazenada por 20 dias sob nova temperatura. O aval já foi dado pelo FDA, a agência de medicamentos dos Estados Unidos. Antes, a vacina seria armazenada apenas entre 60 a 80 graus negativos. Nestas condições, a validade é de 6 meses. A baixíssima temperatura era apontada como barreira pelo governo Bolsonaro para a compra.
A Pfizer também desenhou uma caixa que conserva a vacina em cerca de 70 graus negativos por um mês. Após deixar as baixas temperaturas, o imunizante ainda pode ser mantido por cinco dias em refrigeradores comuns, de 2 a 8 graus, já usados na rede do SUS.
Eficácia e testes
A vacina da Pfizer tem eficácia global de 95%. Na população acima de 65 anos, alcança 94%, segundo avaliou a Anvisa. Para garantir esse resultado são aplicadas duas doses, em intervalo de 21 dias
A empresa fará testes no Brasil sobre a eficácia da vacina em mulheres grávidas. Serão aplicadas doses em 350 voluntárias.
A companhia também avalia, em outros países, os resultados em crianças e pacientes imunodeprimidos.
Nos Estados Unidos, Pfizer e BioNTech iniciaram testes clínicos para monitorar a segurança e a resposta imunológica da aplicação de uma terceira dose do imunizante a fim de neutralizar as novas cepas de Covid-19 descobertas no mundo.
Com informações da Veja e do Estadão