Em 1º dia de lockdown, Caucaia registra ruas movimentadas no Centro
Isolamento mais rígido foi anunciado pelo prefeito Vitor Valim ontem, 11. Na manhã desta sexta-feira, 12, porém, comércio de rua e estabelecimentos não essenciais ainda funcionavamAtualizado em 12/03/2021 às 12h52min
Em isolamento rígido (lockdown) desde a meia noite desta sexta-feira, 12, Caucaia amanheceu com ruas movimentadas no Centro e O POVO registrou alguns estabelecimentos semiabertos. O município da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) vivencia lotação nos leitos intensivos devido à segunda onda da Covid-19 e o prefeito Vitor Valim (Pros) anunciou a medida mais rígida na noite de ontem, 11. Pouco depois, o governador Camilo Santana decretou lockdown para todo o Ceará a partir de sábado, 13, até o dia 21 de março.
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"Eu não gostaria de jeito nenhum de estar tomando essa medida [lockdown], [mas] os números estão alarmantes na nossa cidade de Caucaia, os nossos leitos de UTI estão lotados. Então, nós temos que frear essa doença para preservar vidas. Sei que a economia é importante, mas vidas estão na frente de qualquer coisa", explicou Valim em vídeo divulgado no Instagram.
Caucaia já estava sob toque de recolher desde o dia 8 de março, das 18h às 5 horas, com funcionamento do comércio permitido apenas até as 15 horas. O Diário Oficial do Município, publicado ontem, decreta em Caucaia "as medidas de isolamento social rígido estabelecidas pelo Governador do Estado Ceará, Camilo Sobreira de Santana, através do Decreto Estadual n.º 33.965 de 04 de março de 2021", documento que oficializou o lockdown em Fortaleza desde o dia 5 de março. Segundo esse decreto, apenas atividades essenciais, como hospitais, supermercados e farmácias, podem funcionar.
A proprietária de uma loja de material de construção no Município, que preferiu não se identificar, relata que, mesmo com autorização para o estabelecimento abrir, há uma sensação de temor em relação ao vírus e à violência urbana.
"Fechamos por mais de 100 dias em 2020. Se fosse pelo vírus, também estaríamos fechados agora, mesmo com autorização. Mas não temos condições [econômicas para fechar], precisamos abrir. Se as pessoas tivessem consciência, a gente não estaria enfrentando um lockdown de novo", desabafa.
José Felintro Soares Pereira trabalha no Centro de Caucaia vendendo bonés há um mês. Para ele, o lockdown não é uma medida efetiva. "Na minha opinião, esse lockdown não serve porque o pessoal tá na rua. O pessoal não deixa de circular, temos aglomerações nos bancos. Para mim, o que adianta é todo mundo se conscientizar e utilizar máscara", opina.
O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Sindsaúde) alertou sobre a situação crítica no sistema de saúde de Caucaia, com falta de leitos e ambulâncias para atender chamados e fazer transferências. A demanda de atendimentos por Covid-19 triplicou no município.
No Centro, a reportagem identificou ainda o comércio de rua amplamente aberto, com venda de produtos como chapéus, roupas íntimas, frutas e verduras. Algumas lojas também atendiam clientes presencialmente, mesmo que em grupos menores.
Na manhã de hoje, não foram vistas equipes de fiscalização para garantir o cumprimento do lockdown no local. O movimento de pessoas era maior nas proximidades de atividades essenciais como clínicas médicas e farmácias.
Prefeitura diz que descumprimento ao lockdown pode gerar multa de R$ 75 mil
Procurada, a Prefeitura de Caucaia esclareceu que neste primeiro momento, "levando em consideração que o lockdown está recente no município, as primeiras abordagens no comércio da Cidade, na Grande Jurema e no Litoral, serão educativas". Depois de orientação sobre a decisão e importância do cumprimento do lockdown, a desobediência gera multa de 75 mil reais.
O Município informou também que, desde o dia 4 de março, tem quatro equipes multidisciplinares instaladas nas principais vias de acesso ao Município: Parque Leblon e Tabapuá. Os grupos incluem guardas municipais, agentes da vigilância sanitária, profissionais de saúde do grupo de combate à Covid-19, além de agentes da Autarquia Municipal de Trânsito, sendo duas equipes em cada barreira sanitária.
Existem ainda duas equipes da Guarda Municipal (com 3 agentes cada) atuando nas fiscalizações do comércio no Centro de Caucaia, na Grande Jurema e no litoral.
Confira alguns pontos do decreto para lockdown em Caucaia
TRABALHO REMOTO
Órgãos e entidades públicos federais, estaduais e municipais operam exclusivamente remoto, exceto o setor de Licitações do Município, bem como as atividades essenciais e aquelas cujo trabalho remoto seja inviável.
ATENDIMENTO AO PÚBLICO
Cabe aos gestores diretos e indiretos de Caucaia a decisão de atender ao público, definindo forma e horário.
PROIBIDO DE FUNCIONAR:
- Bares, restaurantes, lanchonetes e estabelecimentos congêneres, permitido exclusivamente o funcionamento por serviço de entrega, inclusive por
aplicativo;
- Templos, igrejas e demais instituições religiosas;
- Museus, cinemas e outros equipamentos culturais, público e privado;
- Academias, clubes, centros de ginástica e estabelecimentos similares;
- Lojas ou estabelecimentos do comércio ou que prestem serviços de natureza privada;
- Shoppings, galeria/centro comercial e estabelecimentos congêneres, salvo quanto a supermercados, farmácias e locais que prestem serviços de
saúde no interior dos referidos estabelecimentos;
- Estabelecimentos de ensino para atividades presenciais, salvo em relação a atividades cujo ensino remoto seja inviável, quais sejam: treinamento para profissionais da saúde, aulas práticas e laboratoriais para concludentes do ensino superior, inclusive de internato, e atividades de berçário e da educação infantil para crianças de zero a 3 (três) anos;
- Feiras e exposições;
- Barracas de praia, lagoa, rio e piscina pública ou quaisquer outros locais de uso coletivo;
- Festas ou eventos de qualquer natureza, em ambiente aberto ou fechado, público ou privado;
- Prática de atividades físicas individuais ou coletivas em espaços público ou privados abertos ao público
Funcionamento permitido
- Setores da indústria e da construção civil
- Órgãos de imprensa e meios de
comunicação e telecomunicação em geral
- Serviços de call center;
- Estabelecimentos médicos, odontológicos para serviços de emergência, hospitalares,
laboratórios de análises clínicas, farmacêuticos, clínicas de fisioterapia e de vacinação;
- Serviços de “drive thru” em lanchonetes e estabelecimentos
congêneres
- Loja de departamentos com setores destinados à venda de produtos
alimentícios;
- Estabelecimentos para comércio de material de construção;
- Oficinas e concessionárias exclusivamente para serviços de
manutenção e conserto em veículos
- Lojas de conveniências de postos de combustíveis, vedado o atendimento a clientes para lanches ou refeição no local;
Com informações do repórter Ítalo Cosme
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