Socorrista do Samu relata situação crítica em Caucaia; município tem UTIs lotadas há 15 dias
Até 18 de março, a cidade está em regime de toque de recolher das 18h às 5hAtualizada às 15h40min
Mais chamados de atendimento que ambulâncias disponíveis, espera de até duas horas para dar entrada em unidades de saúde e falta de leitos. Essa era o cenário na noite dessa quarta-feira, 10, em Caucaia. O relato é de Messias Carlos, socorrista do Samu Ceará e diretor do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Sindsaúde). "No plantão de ontem, as cinco ambulâncias do Samu não davam conta. Todo mundo supercarregado fazendo ocorrência de Covid-19", afirma.
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"À noite, tinha 16 transferências de pacientes de Caucaia para Fortaleza. Mandaram mais três ambulâncias do Interior. Mas não chegamos a fazer todas as transferências por falta de leitos em Fortaleza também", continua. "As ambulâncias passavam até duas horas para conseguir dar entrada nos hospitais e na Upa de Caucaia, todos lotados", conta Messias.
Segundo informações da Secretaria da Saúde (Sesa), disponíveis na plataforma IntegraSUS e atualizadas às 11h04min dessa quinta-feira, 11, Caucaia tem 100% dos leitos intensivos ocupados. A lotação se mantém há 15 dias, desde 26 de fevereiro. Na época, o Município dispunha de 5 leitos de UTI exclusivos para Covid-19. No início do mês, o número de leitos dobrou, mas a ocupação não foi aliviada.
Messias afirma que a demanda de atendimentos por Covid-19 triplicou. "As equipes estão exaustas e angustiadas. Pegamos pacientes de todo tipo e nos sentimos impotentes quando chegamos e não tem vaga", desabafa.
O Município recebe pacientes em três unidades: no Hospital Municipal Abelardo Gadelha da Rocha (com 10 leitos de UTI e 23 de enfermaria), na UPA da Jurema (com 13 leitos) e na UPA de Caucaia, no Centro (com 11 leitos). De acordo com a Prefeitura, "a Secretaria de Saúde aguarda aprovação do Ministério da Saúde para a ampliação de novos 10 leitos de UTI".
Pandemia em Caucaia
Atualmente, conforme dados da plataforma IntegraSUS, Caucaia concentra o segundo maior número absoluto de óbitos em decorrência da Covid-19 (476 vítimas da pandemia). Já em relação ao casos confirmados, são 12.436 pacientes e o quarto maior acumulado do Estado.
Nos últimos meses, a situação tem se agravado. Em janeiro, a Cidade registro1.601 casos e 17 mortos. Já em fevereiro, os registros saltaram para3.010 e 52, respectivamente.
Desde o o último dia 5 até 18 de março, a cidade está em regime de toque de recolher das 18h às 5h. O funcionamento de todo o comércio não essencial está permitido somente até às 15h; aulas e atividades presenciais estão suspensas; feiras livres e comércio ambulante foram proibidos e há recomendação de trabalho remoto.
Conforme a Prefeitura de Caucaia, além das medidas restritivas, foram intensificadas as ações de fiscalização e orientação em parceria com a Guarda Municipal e vigilância em sanitária. "Aumentamos em 25% a frota de ônibus nos horários de pico, instalamos barreiras sanitárias na principais vias de acesso ao município e um Plano de Sanitização que busca esterilizar ruas e avenidas com maior tráfego de pessoas e prédios públicos", informa em nota.
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