Covid-19: concentração de mortes em Fortaleza cresce para adjacências de Meireles e Aldeota; veja situação por bairro

Mapas de calor mostram espalhamento da densidade dos óbitos atingindo Dionísio Torres, Joaquim Távora, José Bonifácio, Fátima e Benfica

15:08 | Mar. 08, 2021

Por: Lais Oliveira
A taxa de mortalidade se refere à quantidade de pessoas que morreram por uma doença em relação à população total de um lugar. (foto: FABIO LIMA)

A segunda onda epidêmica de Covid-19 em Fortaleza está sendo caracterizada, até agora, pela extensão de algumas áreas de alta intensidade de mortes. Mapas de calor mostram que a concentração dos óbitos cresce para as adjacências dos bairros Meireles e Aldeota, bastante afetados na primeira onda, atingindo os bairros Dionísio Torres, Joaquim Távora, José Bonifácio, Fátima e Benfica.

A confluência dos bairros José Walter e Planalto Ayrton Senna é outro ponto de atenção, conforme mostra boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) na sexta-feira, 5. Para a secretaria, o cenário de “concentrações espaciais de mortes em vários bairros sugere que há transmissão comunitária”, porém, esse fenômeno não estaria inteiramente identificado “pela limitação de testagem dos casos leves nas áreas menos favorecidas". A Capital está em lockdown desde a sexta-feira, 5 e vai até o próximo dia 18.

Na antiga Regional V, que concentra bairros de alta vulnerabilidade social, o José Walter lidera a taxa de mortalidade (316,7), somando 1.919 e 116 óbitos em uma população de 36.624 habitantes.

A taxa de mortalidade se refere à quantidade de pessoas que morreram por uma doença em relação à população total de um lugar. Para obtê-la, é preciso dividir o número total de óbitos do bairro e a população do bairro e multiplicar o resultado por 100 mil habitantes.

Antigas regionais

Com mais de 31,6 mil habitantes, o bairro Jacarecanga detém a maior taxa de mortalidade da antiga Regional I (347), totalizando 982 casos e 54. Da antiga Regional II, o bairro Manuel Dias Branco lidera o ranking, com índice de 442,2. Na população de 1.583, há 629 casos de Covid-19 e 7 óbitos.

O bairro Presidente Kennedy, por sua vez, apresenta a maior taxa de mortalidade (238,1) na área da antiga Regional III, acumulando 617 infecções por coronavírus e 60 óbitos na população de 25.203.

A maior taxa de mortalidade encontrada entre os bairros da antiga Regional IV está na Vila União (296,8), que contabiliza 50 mortes por Covid-19 e 551 casos entre os 16.848 habitantes.

Por fim, o bairro Pedras, na antiga Regional VI, desponta com a maior mortalidade entre os demais da região, chegando a 952,4. Entre os 1.470 habitantes do local, foram registrados 181 e 14 mortes em decorrência do coronavírus.


Diferentes momentos da pandemia

Na primeira onda da pandemia na Capital, de março a junho de 2020, foi registrada uma altíssima mortalidade mais especificamente nos bairros vulneráveis das Regionais I, II e V.

Na sequência, de julho a outubro do ano passado, a transmissão caiu drasticamente na Capital, com regressão de 88% das mortes em relação ao período anterior. Aglomerados de óbitos já estavam dispersos pela Cidade, mas sem concentração evidente, além da permanência da alta mortalidade em alguns bairros das Regionais I, II, III e V.

A partir de novembro, porém, “o número de mortes interrompe trajetória descendente e tende a significativo aumento, caracterizando a segunda onda epidêmica”, conforme a pasta municipal. No momento atual, o boletim epidemiológico aponta a presença de aglomerados “pulverizados” com poucos óbitos e por alguns aglomerados de alta intensidade mais extensos.