Caso Mizael: Polícia realiza reconstituição do crime
A ação foi acompanhada pelo Ministério Público do Ceará, que contesta a versão de Inquérito Policial Militar, de que os agentes agiram em legítima defesa. A reconstituição foi demandada em outubro do ano passadoA reconstituição do crime que vitimou o garoto Mizael Fernandes da Silva, 13, foi realizada, entre o fim da noite de quinta-feira, 18, e as primeiras horas desta sexta-feira, 19. O adolescente foi morto em ação policial enquanto dormia em uma residência em julho do ano passado no município de Chorozinho, a 69 quilômetros de Fortaleza.
A reprodução simulada do crime é realizada para verificar se a infração foi praticada de determinado modo, de acordo com o artigo 7 do Código de Processo Penal. Participaram da ação a Delegacia de Assuntos Internos (DAI) da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) e a Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce).
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O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) também acompanhou a reconstituição. O órgão contesta o Inquérito Policial Militar que defendeu a atuação em legítima defesa de dois agentes que se envolveram no crime. Para o MPCE, houve excesso na ação policial e o caso deveria ser transferido para a Vara do Júri de Chorozinho. A reconstituição dos fatos foi demandada pelo órgão estadual em outubro do ano passado.
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Relatos indicam ainda que o local do crime teria sido alterado por policiais. Testemunhas afirmaram terem visto os PMs que participaram da ação que vitimou Mizael levando objetos semelhantes a garrafas ou borrifador, que conteria uma substância. O reagente ainda indicou sangue em pia de banheiro. A ordem para limpar o local teria vindo de um agente que aparentava posição de comando. Ele teria dito coisas como "limpe a merda que você fez" e "coma o seu BO".
A forma como o garoto foi brutalmente assassinado gerou revolta nos moradores do município, que chegaram a realizar protestos pedindo por justiça. O caso foi para Justiça Militar Estadual que, à época, declarou não ser de sua competência a análise do Inquérito Policial Militar (IPM) que investigou a morte do garoto. Para a defensora pública Mariana Lobo estaria claro, a partir do testemunho de familiares de Mizael Fernandes da Silva, 13, que a morte dele se trata de um homicídio. "Impossível esse adolescente ter dormindo com uma arma na mão", observa.
(Colaborou Gabriela Almeida)