Ivermectina não tem evidência de eficácia contra Covid-19, diz fabricante do medicamento

Remédio é um dos que fazem parte do chamado "Kit Covid", voltado ao suposto "tratamento precoce" da doença, definido pelo Governo Federal

A Ivermectina não tem dados disponíveis que sustentem a eficácia do medicamento contra a Covid-19, informou a farmacêutica Merck, responsável pela fabricação do remédio, em comunicado oficial nesta quinta-feira, 4. O medicamento é um dos que fazem parte do chamado “Kit Covid”, voltado ao suposto “tratamento precoce” da doença, definido pelo Governo Federal.

Na análise do medicamento, a empresa destaca três pontos. Não há base científica para um potencial efeito terapêutico contra Covid-19 em estudos pré-clínicos; não há evidência significativa para atividade clínica em pacientes com a doença e há uma preocupante ausência de dados sobre segurança da substância na maioria dos estudos. 

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“Não acreditamos que os dados disponíveis sustentem a segurança e a eficácia da ivermectina além das doses e dos grupos indicados nas informações de prescrição aprovadas por agências regulatórias”, diz o comunicado da fabricante.

A Merck também destacou no comunicado que a ivermectina segue sendo recomendada contra a estrongiloidíase e a oncocercose, as duas doenças provocadas por parasitas. Segundo a farmacêutica, os cientistas “continuam a examinar cuidadosamente as descobertas de todos os estudos disponíveis”.

“Kit Covid”

No Brasil, a ivermectina é um dos remédios que fazem parte do chamado ‘Kit Covid’, voltado ao suposto ‘tratamento precoce’ da doença. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) costuma defender o uso desse remédio, entre outros, mesmo sem comprovação de eficácia por estudos científicos. Segundo um levantamento feito pelo portal G1, a venda do medicamento teve um aumento de 557% entre 2019, antes da pandemia, e 2020, quando a pandemia começou. 

Assim como a ivermectina, outros medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19 também tiveram altas expressivas nas vendas em 2020, como a hidroxicloroquina e a nitazoxanida. Em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde lançou um aplicativo, o “TrateCOV”, que recomendava o uso da ivermectina, além de outros medicamentos sem eficácia comprovada. O aplicativo saiu do ar dias depois do lançamento.

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Confira trecho do comunicado da Merck 

A Merck (NYSE: MRK), conhecida como MSD fora dos Estados Unidos e Canadá, afirma hoje sua posição em relação ao uso de ivermectina durante a pandemia de Covid-19. Os cientistas da empresa continuam a examinar cuidadosamente as descobertas de todos os estudos disponíveis e emergentes de ivermectina para o tratamento de Covid-19 para evidências de eficácia e segurança. É importante observar que, até o momento, nossa análise identificou:

- Nenhuma base científica para um efeito terapêutico potencial contra Covid-19 de estudos pré-clínicos;

- Nenhuma evidência significativa para atividade clínica ou eficácia clínica em pacientes com doença Covid-19, e;

- A preocupante falta de dados de segurança na maioria dos estudos.

Não acreditamos que os dados disponíveis suportem a segurança e eficácia da ivermectina além das doses e populações indicadas nas informações de prescrição aprovadas pela agência reguladora.

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