Adufc considera retorno presencial em universidades apenas com ampla vacinação
Cenário ainda se apresenta de forma "muito preocupante", segundo especialista, e não permite que atividades presenciais sejam retomadas na educação superior. Para ele, priorização de profissionais da educação na vacinação seria um caminhoDiante da pressão para retomar atividades presenciais em universidades e institutos federais, sindicatos de professores e demais trabalhadores das instituições se posicionam contra o retorno e a favor da continuação do ensino remoto. Nesta quarta-feira, 27, quatro entidades de classe do setor se uniram para fazer live com a presença de médicos que acompanham o andamento da pandemia.
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O infectologista Roberto da Justa, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), considerou "inadmissível" que os profissionais sejam obrigados a retomar atividades presenciais em universidades federais. Ele pondera que ainda há uma circulação significativa do vírus em Fortaleza e no Ceará, em um cenário que é “muito preocupante”.
O especialista lamentou que os profissionais da educação não tenham sido incluídos nos grupos prioritários de vacinação contra Covid-19, como foi feito em outros países. “Nós temos a possibilidade de vacinar esse segmento de forma ampla, mas o Governo Federal resolveu não priorizar. A culpa da paralisação não pode ser atribuída aos profissionais de educação, mas sim à administração federal”, pontuou durante a transmissão.
Wagner Pires, diretor do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais do Ceará (Sintufce), lembrou que o ensino remoto não está dando o resultado esperado pelos docentes, mas atendendo de forma “mínima e precária”. Ele reclamou da falta de amparo que as instituições federais estão recebendo do governo para um possível retorno: “Nós estamos em uma corrida contra pessoas que são contra a ciência”, ponderou.
A falta de diálogo e assistência da administração superior da Universidade Federal do Ceará (UFC) também foi criticada por Bruno Rocha, presidente do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (Adufc-Sindicato). Ele disse o sindicato não consegue obter respostas diretamente da instituição e está tendo a comunicação mediada pelo Ministério Público Federal (MPF).
"Não vamos aceitar nenhum retorno sem garantias. Pedimos um acompanhamento do MPF para acompanhar possíveis pressões nesse retorno e garantir a segurança dos professores e estudantes. Reafirmamos que o retorno só é seguro com ampla vacinação e condições estruturais mínimas", argumentou. O POVO questionou a UFC sobre o caso relatado pelo presidente e aguarda resposta.
De acordo com o Valor Econômico, a crise financeira nas universidades federais também vem preocupando os reitores. A situação decorre do atraso da análise da proposta de lei orçamentária (PLOA) de 2021. Com isso, as instituições estão recebendo apenas 2% dos recursos anuais a que têm direito. Gestores de algumas instituições falaram ao portal sobre a possibilidade de não pagar contas de luz e água, confiando na tolerância das companhias.
Também participaram da transmissão ao vivo representantes do Sindicato dos Servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (Sindsifce) e do Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual do Ceará (Sinduece – Seção Sindical do ANDES), além da médica Liduína Rocha.
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