Deputado do Amazonas diz que próximas 72h "tendem a ser uma tragédia"

Capital Manaus não tem capacidade suficiente para produzir oxigênio para salvar pacientes com Covid-19 e cenário é de "tragédia humanitária", segundo o deputado Marcelo Ramos (PL-AM)

O deputado Marcelo Ramos (PL-AM), afirmou nesta quinta-feira, 14, que o Amazonas vive uma "catástrofe e uma tragédia humanitária" em decorrência do avanço da Covid-19. O maior problema, de acordo com o parlamentar, é a falta de oxigênio, que vem ocasionando muitas mortes, devido à baixa da capacidade da Capital Manaus em produzir oxigênio. Ele pontuou que tratativas estão sendo feitas com governadores de todo o País para pedir doações e ajuda no combate à pandemia no estado.

"No pior momento da pandemia Manaus consumia 28 mil metros cúbicos de oxigênio por dia e hoje está consumindo 70 mil m³, mas a capacidade de produção da cidade é de cerca de 30 mil m³. A empresa que fornece se comprometeu a ampliar a capacidade, mas recuou e o governo não se preparou pra isso", disse Ramos que está em Fortaleza para acompanhar reunião com o deputado Arthur Lira (PP), favorito de Bolsonaro nas eleições para a presidência da Câmara.

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Marcelo Ramos relata que atualmente um avião realiza transportes diários de doações de oxigênio para Manaus, mas o problema é que a aeronave é de pequeno porte e só consegue transportar 5 mil m³ por viagem. "Houve uma solicitação feita pelo governador do Amazonas e pelo ministro Pazuello para que a embaixada dos EUA fizesse a cessão de um aeronave Galaxy, que tem grande capacidade de transporte de oxigênio", comenta.

Apesar das doações e paliativos que estão sendo feitos pelo governo do Amazonas, como a instalação de 10 mini-usinas, Ramos diz que as próximas "48h e 72h tendem a ser uma tragédia para o povo do Amazonas": "É surreal a gente está aqui respirando, é algo que a gente pode tocar e sentir e é isso [falta de oxigênio] que está matando as pessoas".

Apoio de governadores

O deputado ponderou já foi feito ofício para os governadores de todo o Brasil entrarem com ajuda emergencial para o Amazonas. "Aqui no Ceará nós pedimos audiência com o governador, não sei se foi confirmada, mas de qualquer forma, independente disso, todos os governadores receberam ofício do governo do Amazonas fazendo o apela pela doação de oxigênio".

Na noite desta quinta-feira, 14, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), afirmou que ligou para Wilson Lima, governador do Amazonas, e se colocou à disposição para ajudar a combater a "grave crise enfrentada em Manaus", incluindo o problema da falta de oxigênio.

Hospitais viraram "câmaras de asfixia" em Manaus

A situação em Manaus voltou a se agravar, segundo relato de profissionais da saúde que atendem pacientes de Covid-19. O pesquisador Jesem Oerellana, da Fiocruz-Amazônia, afirmou à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, que tem recebido vídeos, áudios e telefonemas de pessoas que atuam na linha de frente de unidades de saúde com informações dramáticas.

"Estão relatando efusivamente que o oxigênio acabou em instituições como o Hospital Universitário Getúlio Vargas e serviços de pronto atendimento, como o SPA José de Jesus Lins de Albuquerque. Acabou o oxigênio e os hospitais viraram câmaras de asfixia", diz Oerellana.

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