O que se sabe sobre a variante do coronavírus encontrada na África do Sul

A nova cepa do vírus foi identificada em circulação no país no fim do ano passado e já representa a maior parte dos novos casos de Covid-19 registrados na região. O POVO reuniu informações

Em meio à corrida de imunização contra a Covid-19, doença causada pelo coronavírus Sars-Cov-2, as variantes do vírus se tornam foco das preocupações de cientistas ao redor do mundo. A mais nova variante significativa do vírus, identificada inicialmente na África do Sul no fim do ano passado, tornou-se o mais recente objeto de estudo das pesquisas, devido a sua aparente maior facilidade em infectar novos organismos.

O POVO fez uma pesquisa dos dados divulgados até esta segunda-feira, 4, e reuniu informações sobre o que se sabe até o momento sobre essa variação do vírus e seus impactos na pandemia de Covid-19 que assola o mundo desde o fim de 2019, buscando esclarecer as principais duvidas sobre o assunto. Confira:

Como surgiu essa variante causadora da Covid-19 encontrada na África do Sul?

A nova cepa, ou nova variação do Sars-Cov-2, é fruto de uma série de pequenas mutações no código genético do vírus causador da Covid-19. Tais mudanças ocorrem durante o infinito processo de replicação do vírus durante seu processo de infecção e contaminação dos pacientes.

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Diversas mutações ocorrem nos vírus durante seus respectivos ciclos de existência, da transmissão, infecção, replicação dentro do hospedeiro e então infecção de outra pessoa. A maioria das alterações não resulta em um vírus drasticamente novo, sendo tais variantes bem similares ao vírus original.

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A variante sul-africana foi nomeada de 501.V2 e foi registrada após constatação de uma mutação identificada como E484K. Tal mutação, dentre outras alterações menores, pode ter tornado o vírus mais contagioso. Sendo tal variação, diferente da identificada no Reino Unido no começo deste ano e apontada como até 70% mais contagiosa do que a cepa original do vírus.

A variação do coronavírus na África do Sul é mais letal?

Com relação a maior letalidade ou com um aumento nas chances de desenvolvimento de casos graves da Covid-19 em pacientes infectados pela nova variante do coronavírus, ainda não há informações suficientes. Assim como ainda não é possível afirmar em quantos porcentos a nova variação é mais contagiosa do que as cepas já existentes.

O que apontam os relatórios de saúde sul-africanos é de que a nova cepa é responsável por um aumento da carga viral dos pacientes infectados, o que, associado com uma crescente de casos no país, sugere uma contaminação mais expressiva do que o vírus original.

O epidemiologista Salim Abdool Karim, co-presidente do comitê consultivo do país com relação ao enfrentamento da pandemia na África do Sul, ressaltou que os dados sobre a nova variante ainda são substanciais, mas que expressam um maior contágios, porém sem aparente relação com casos graves e um maior número de mortes. “Os vírus geralmente evoluem para se tornarem mais transmissíveis e menos graves”, pontuou na apresentação de um relatório epidemiológico nacional em 18 de dezembro de 2020.

Apesar da colocação, o comitê frisa que desde a sua identificação no início de dezembro do ano passado, a nova cepa do vírus se tornou predominante no país. “A predominância dele pode gerar uma segunda onda com muitos mais casos do que a primeira”, pontua a apresentação de Salim.

Essa constatação gera uma grande preocupação, já que com um maior número de casos, mais pessoas necessitam de atendimento médico, superlotando assim os sistemas de saúde, vindo a gerar um eventual colapso.

As vacinas em desenvolvimento irão funcionar contra a nova variante do vírus causador da Covid-19?

Mesmo com o grande número de cientistas empenhados em desenvolver um agente imunizante contra a Covid-19, ainda não é possível afirmar com total convicção que as vacinas elaboradas até então serão eficazes contra todas as variações do Sars-Cov-2. A maior parte das vacinas é elaborada tendo como base o mecanismo que o vírus utiliza para se infiltrar nas células saudáveis e então infectar os indivíduos.

A variação sul-africana, porém, diferente das outras já encontradas, apresenta uma ligeira alteração nesse mecanismo, fato que leva as autoridades de saúde do país a se questionarem e a monitorar se pessoas infectadas com outras variações do vírus poderão ser infectadas com as novas cepas.

O relatório epidemiológico do país pontua a necessidade de mais estudos sobre a variante e seu comportamento em meio a população, frisando que as autoridades competentes locais já estão atentas para o novo cenário de contaminação.

A variante encontrada na África do Sul já se espalhou pelo mundo?

 

Ainda que mais contagiosa, a nova cepa do vírus causador da Covid-19 ainda encontra-se restrita ao território onde foi identificada pela primeira vez. De todos os casos relacionados a esta variante, apenas 0,2% estavam fora do país, tendo sido registrados no Reino Unido.

O país que recentemente identificou uma outra variação do vírus, a B117, optou por endurecer as medidas de isolamento social, reforçando a adoção de lockdown nacional e suspendendo voos com destino ou origem para África do Sul.

Como combater a nova variante da Covid-19 encontrada na África do Sul?

Mesmo sendo uma nova variação, a base do funcionamento do vírus ainda é, essencialmente, a mesmo, o que significa que os cuidados e as medidas protetivas já adotadas seguem sendo eficazes.

Diante disto, o uso de máscaras, a higienização constante das mãos com álcool em gel ou álcool 70%, assim como evitar aglomerações, respeitar o distanciamento mínimo entre as pessoas e evitar contato físico são as principais formas de se prevenir e também de enfrentar as mutações do causador da Covid-19.


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