Covid-19: recomendação é evitar festas de fim de ano e seguir medidas de proteção

Eventos como Natal e Réveillon podem não acontecer em algumas famílias cearenses. Especialistas reúnem dicas para organizar uma festa com segurança ou encontrar alternativas para o evento

14:21 | Nov. 26, 2020

Por: Marília Freitas
Não é seguro participar de eventos com aglomeração como festas de Réveillon (foto: Gabriel Monteiro/SECOM RJ)

Os tradicionais eventos de Natal e Réveillon que reúnem diversos amigos e familiares podem não ser o modo ideal de comemoração em 2020. Devido a pandemia, as reuniões podem trazer aglomerações e também a não obediência às medidas de segurança contra o novo coronavírus. Dentre as alternativas, especialistas recomendam novos formatos de confraternizações ou até mesmo a suspensão das festas.

A escolha de Tânia Jorge, 66, foi de não realizar festas de fim de ano. Sempre com a tarefa de reunir familiares e amigos para a ceia, a aposentada não planeja comemorações para o mês de dezembro. "Já avisei a toda a família, porque não adianta fazermos aglomeração. Não sei por onde os meus familiares andaram", pontua.

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Grupo de risco da Covid-19 devido à idade e a um infarto no início do ano, ela convive com o marido que vem realizando tratamento contra o câncer. A escolha da festa foi para evitar maiores riscos e, segundo ela, os familiares concordaram com a decisão unanimemente. "Nem clima para o Natal tem", conta.

Se em novembro de outros anos já estaríamos organizando as festanças, em 2020 a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que as comemorações de fim de ano não sejam realizadas. FA Prefeitura de Fortaleza ainda não se pronunciou se haverá realização dos tradicionais Réveillon e Carnaval.

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A demora é normal: estamos em um momento atípico. "As festas são o nosso momento de lazer, mas com a chegada da pandemia, ficamos distantes. E isso ocasiona sintomas de ansiedade e de tristeza", cita a psicóloga e especialista na área comportamental do ser, Dalyla Sampaio.

Segundo ela, os isolados desenvolveram em si o que chama de "processo de esquiva": quando acabamos nos prevenindo muito de algo que nos traz medo mas que, após um tempo, parece ter ficado "tudo bem", sem doentes na família ou sem óbitos de amigos pela Covid-19, exemplifica. "Acaba que nosso cérebro entende e se acostuma com o 'novo'", frisa.

Devido a isso, surge a falsa sensação de estarmos seguros. Isso aponta para a vontade de se reunir e de reencontrar amigos. Entretanto, de acordo com a OMS, o momento ainda não é o ideal para reuniões com familiares do grupo de risco ou com mais do que cinco pessoas, por exemplo. "De fato, as pessoas perderam o medo. Mas elas continuam adoecendo", alerta.

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A recomendação é parecida com a da enfermeira infectologista Lúcia Duarte. "Temos que ter um pé muito no chão. Depois quem sofre com as consequências somos nós e não podemos nos descuidar", alerta. Lúcia aponta para o desmonte de hospitais de campanha em Fortaleza e os índices de uso das Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) do Ceará. Na tarde de hoje, 26, o índice de UTIs ocupadas com casos de Covid-19 era de 62,33%.

Na visão da enfermeira, as experiências passadas com a doença vêm diminuindo os números de óbitos e facilitando os atendimentos. Entretanto, as festas de fim de ano com aglomerações podem se tornar um foco de contaminação perigoso. "Será que iremos manter o distanciamento ou usar máscara dentro da nossa própria casa? Com todos os membros da nossa família juntos?", questiona.

Para Dalyla e Lúcia, as recomendações são manter o distanciamento em caso de festas ou até mesmo evitar encontros com pessoas desconhecidas ou que não mantiveram o isolamento social da forma correta. Caso ainda assim aconteça, a recomendação é aderir a espaços abertos da casa, como varandas e quintais e manter o uso da máscara.

Evitar expor parentes ou amigos do grupo de risco às comemorações também é uma opção, não os convidando para a festa presencial sob explicações de medidas de segurança. Uma forma de aliviar a saudade são por chamadas de vídeo ou ligações telefônicas. "É uma doença que maltrata e deixa sequelas, algumas irreversíveis. Nós precisamos acreditar nos dados epidemiológicos e fazer nosso cuidado individual olhando para o próximo", cita a enfermeira.