Covid em Fortaleza: área nobre segue concentrando aumento de casos e jovens são os mais atingidos

Os "micro-surtos" têm atingido indivíduos entre 20 a 39 anos e podem estar associados aos "eventos superdisseminadores", festas com aglomerações e pouco uso de máscaras

18:54 | Nov. 13, 2020

Por: Gabriela Almeida
Em vídeos publicados em uma rede social na sexta-feira, 30, foi possível perceber aglomeração e o não uso de máscaras em um dos eventos pertencentes à programação do Marina Al Mare. (foto: Reprodução/Redes Sociais)

O aumento no número de infecções pela Covid-19 em  Fortaleza, percebido ainda no inicio de outubro,  segue concentrado na área nobre do Município. Conforme informações do boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), divulgado na tarde desta sexta-feira, 13, os "micro-surtos" têm sido identificados em bairros da Regional II, cujos nomes não foram discriminados. Os jovens são os mais atingidos e a alta transmissão pode ter sido provocada por eventos que promovem aglomerações.

A pasta realizou um "georreferenciamento" dos casos novos da patologia no Município, analisando dados levantados entre o dia primeiro de outubro e a última terça-feira, 10.  O balanço constatou que o incremento de casos ainda se concentra "majoritariamente" em bairros que apresentam um maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Os "micro-surtos", como epidemiologistas da pasta classificam, têm atingido indivíduos entre 20 a 39 anos e podem estar associados aos "eventos superdisseminadores"- festas com aglomerações e pouco uso de máscaras. Conforme SMS, a contaminação dos jovens pode ter ocorrido durante a presença deles nesse tipo de festividade.

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Entre os dias 5 e 12 deste mês, a proporção de positividade das amostras RT-PCR, analisadas pelos laboratórios que apoiam a rede pública, foi de 12,2%. Conforme boletim, o número ainda "indica uma circulação viral relevante, embora discretamente menor do que a da semana passada (13,9%)".

Incremento não se reflete em óbitos

De acordo com o boletim divulgado nesta sexta, referente a Semana Epidemiológica 46, a média móvel de casos estimada hoje é de 59. O número é 60% menor ao que foi registrado há duas semanas (146,3) e 94% inferior a identificada no período de pico da pandemia, de 959,9.

O cálculo da média móvel é feito somando o total de casos registrados da doença na semana e dividindo-o por sete, número correspondente aos dias transcorridos. O recurso tem sido bastante utilizado por especialistas como meio de acompanhar com mais precisão o comportamento da patologia nas cidades.

Em relação aos óbitos, ainda que alguns bairros apresentem um aumento de casos, a curva de mortalidade relativa a doença não tem sido impactada. Conforme levantamento, a média móvel de óbitos dos últimos sete dias é 2,0, cerca de 23% menor da mensurada há 14 dias atrás, de 2,6.

Procurada pelo O POVO, a SMS reforçou que o aumento na taxa de transmissão não tem ocorrido em toda região de Fortaleza. Por esse motivo, a média móvel de casos ainda pode ser considerada "confortável" em relação ao período de pico da doença, que ocorreu entre abril e maio deste ano.