Presidente da Anvisa diz que há "guerra política" na produção de vacina contra Covid-19 no Brasil
Antônio Torres fez referência ao embate entre Jair Bolsonaro e João Dória, que trocam opiniões contrarias em relação ao imunizanteEm coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira, 10, o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, afirmou que existe uma "guerra politica" no Brasil em torno da produção de uma vacina contra a Covid-19. Na ocasião, o líder defendeu ainda que a instituição sanitária precisa ficar "de fora" de qualquer movimento desse caráter.
Torres fazia referência ao embate entre o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) e o governador de São Paulo (João Doria), que têm trocado farpas por manterem opiniões contrárias sobre questões como a obrigatoriedade do uso do imunizante. Além disso, o chefe de Estado vem demostrando um olhar negativo quanto à vacina chinesa Coronavac, produzida no Brasil em parceira com o instituto Butantan, enquanto o líder governamental tem mostrado o oposto.
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Nessa segunda-feira, 9, a Anvisa anunciou que foi informada pelo Butantan sobre a morte de um dos voluntários do processo de testagem e suspendeu os testes. Bolsonaro usou a noticia para ir às redes sociais afirmar, mesmo sem provas, que o imunizante provoca "morte, invalidez e anomalia" e que havia "ganhado mais uma" contra o governador.
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Durante a coletiva realizada pelo Anvisa, Torres foi questionado quanto ao comportamento do presidente e destacou que não havia falado com ele sobre o assunto. "O que o cidadão brasileiro não precisa hoje é de uma Anvisa contaminada por guerra política. Ela existe, claro que existe, está aí. Mas ela tem que ficar do muro para fora", afirmou.
Em outro momento, o presidente da Anvisa ainda defendeu que as pessoas que estão envolvidas com ciência não podem fazer comentários ou análises sobre determinados assuntos. "Acho que, no momento que estamos vivendo, pessoas como nós, técnicos, precisam ficar dentro dos seus quadrados. Se sairmos deles vai causar insegurança a população", destacou Torres.
Suspensão dos testes da vacina contra Covid
O processo de testagem da vacina Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech, foi declarada após ocorrência de "evento adverso grave", que teria acontecido no último dia 29 de outubro. O fato teria sido a morte de um dos voluntários do processo, que não teve informações reveladas por questão de sigilo.
No entanto, a TV Globo divulgou nesta terça-feira que teve acesso ao boletim de ocorrência do caso. Segundo a emissora, o voluntário teria vindo a óbito por suicídio, não por razões decorrentes da vacina. O laudo médico está programado para sair no fim desta tarde.
Durante a coletiva, tanto Torres como os demais representantes da Anvisa que estavam presentes alegaram que o Instituto Butantan não declarou causa de suicídio. De acordo com eles, foi apenas informado um "efeito adverso grave" e, seguindo protocolo, os estudos foram interrompidos.
Com a determinação, nenhum novo voluntário deverá ser vacinado e os estudos só devem prosseguir quando testes se mostrarem seguros. Apesar disso, processos como a compra de doses da vacina não devem ser interferidos.
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