Diretor do Butantan estranha suspensão de testes da Coronavac: "Óbito não relacionado à vacina"

De acordo com Dimas Covas, o Instituto Butantan já pediu esclarecimentos à Anvisa e espera novidades ainda nesta terça-feira

09:37 | Nov. 10, 2020

Por: Catalina Leite
O diretor frisou que o isolamento social poderia acabar com a pandemia (foto: Reprodução/Jornal Cultura)

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse ter estranhado a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de suspender os testes da Coronavac. Em nota, a Anvisa afirma que interrompeu os testes após a ocorrência de um “evento adverso grave” - seria a morte de um voluntário, no dia 29 de outubro. A Coronavac é desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech, com colaboração do Instituto Butantan.

No entanto, à TV Cultura, Covas afirma que o óbito não tem relação com a vacina. “Ou seja, como são mais de 10 mil voluntários nesse momento, pode acontecer óbitos. Nesse momento, [o voluntário] pode ter um acidente de trânsito e morrer. Ou seja, é um óbito não relacionado à vacina. É o caso aqui. Ocorreu um óbito, que não tem relação com a vacina. Portanto, não existe nenhum momento [ou motivo] para interrupção do estudo clínico", disse o diretor ao canal. Dimas não informou a causa exata da morte do voluntário.

Ele também informou que o Instituto Butantan já pediu esclarecimentos à Anvisa sobre a interrupção e espera ter respostas ainda nesta terça-feira, 10. O mesmo foi pedido pelo Governo do Estado de São Paulo, que diz ter sido informado da suspensão por meio da imprensa, e “não diretamente pela Anvisa”. Ainda, o governo informa que fará uma entrevista coletiva às 11h desta terça-feira, já em posse das informações do órgão regulatório.

Interrupções durante a Fase 3

Pausas nos testes da Fase 3, a última e mais rigorosa dos estudos clínicos, são comuns e necessários. Em nota, a Anvisa reforça que as interrupções integram os procedimentos de Boas Práticas Clínicas “esperadas para estudos clínicos conduzidos no Brasil”.

A partir dessas pausas, os pesquisadores podem analisar a segurança da vacina e trabalhar em melhoramentos. Em outubro, por exemplo, os testes da vacina desenvolvida pela Johnson & Johnson’s foram suspensos para avaliar uma doença inexplicada em um participante. Em novembro, a Anvisa aprovou a continuidade do estudo, garantindo que o produto continuava seguro.