"Não é mais barato investir na cura do que na vacina?", questiona Bolsonaro sobre Covid-19
Presidente segue sustentando o discurso antivacina e voltou a defender o uso de medicamentos sem eficácia médica comprovada contra o coronavírusEm conversa com apoiadores, nesta segunda-feira, 26, o presidente Jair Bolsonaro defendeu que talvez seja mais interessante investir na cura da Covid-19 do que em uma vacina contra a doença.
Na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que a produção da vacina poderia demorar pelo menos 4 anos, com base no histórico de outras produções, o que geraria um custo imensurável.
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“Agora, pelo que tudo indica, né, todo mundo diz que a vacina que menos demorou foram quatro anos. Eu não sei porque correr em cima dessa. Eu dou minha opinião pessoal: não é mais barato ou mais fácil investir na cura do que até na vacina? Ou jogar nas duas, mas também não esquecer da cura", disse.
O presidente também voltou a defender a utilização de alguns medicamentos como possíveis agentes da cura, sendo que nenhum dos três mencionados por ele tem eficácia médica comprovada contra a Covid-19.
"Eu sou um exemplo. Eu tomei cloroquina, outros tomaram ivermectina outros tomaram Annita... e pelo que tudo indica todo mundo que tomou precocemente uma das três alternativas aí foi curado”.
COMPRA DA VACINA
Após suspender, junto ao Ministério da Saúde, a compra da Coronovac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, em cooperação com o Instituto Butantan, devido ao ‘descrédito muito grande’, Bolsonaro disse que o governo não deve correr desesperadamente para adquirir uma vacina. "O que a gente tem que fazer aqui é não querer correr, não querer atropelar, não querer comprar dessa ou daquela sem comprovação ainda".
Apesar do discurso antivacina, o presidente assinou em agosto uma medida provisória que garante 1,9 bilhão de reais para a aquisição de doses da potencial vacina desenvolvida pela farmacêutica britânica AstraZeneca com parceria da Universidade de Oxford. Além da compra, posteriormente haverá produção local da solução.
VACINA OBRIGATÓRIA
Um dos receios de Bolsonaro é que a vacina obrigatória seja judicializada, já que ele e o ministro da Saúde Eduardo Pazuello são contra. Luiz Fux, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), já se posicionou sobre a questão e disse que o mérito era de suma importância. Nesta sexta-feira, 23, partidos entraram com um pedido na Corte objetivando pressionar o governo contra qualquer negligência no âmbito da Covid-19.
Em resposta, Bolsonaro, neste sábado, 24/10, postou em sua rede social uma foto com seu cachorro, Faísca. Na legenda, ele ironizou: "Vacina obrigatória só aqui no Faísca".
Na manhã desta segunda-feira, (26/10) o presidente ressaltou que vai se reunir com Eduardo Pazuello para debater a questão.
"Hoje vou estar com ministro Pazuello para tratar desse assunto, porque temos uma jornada pela frente onde parece que foi judicializada essa questão e eu entendo que isso não é questão de Justiça, é questão de saúde. Não pode um juiz decidir se você vai ou não tomar vacina, isso não existe", afirmou.