Dr. Cabeto nega que o Ceará esteja em crescimento no número de óbitos por Covid-19
Levantamento do Consórcio de Veículos de Imprensa apontou que o Estado é o único em alta no número de mortes por Covid-19. A média móvel de óbitos saiu do índice de 7% para 19%
14:19 | Set. 10, 2020
O titular da Secretaria da Saúde do Ceará, doutor Cabeto, nega que o Estado esteja em crescimento no número de óbitos por Covid-19, após levantamento do Consórcio de Veículos de Imprensa apontar que o Ceará é o único em classificação “alta” na média móvel de óbitos no Brasil. De acordo com Cabeto, apesar do Consórcio utilizar dados da plataforma IntegraSUS para o cálculo da média móvel, a metodologia utilizada não representa a situação atual observada no cenário epidemiológico do Ceará.
“A nossa realidade é que, em nenhuma região do Ceará há acréscimo de número de casos ou número de óbitos, mesmo com o nosso aumento da testagem com a introdução do centro de testagem da Fiocruz”, afirma o titular da Sesa. “Quando se olha apenas o cenário apresentado na notificação de casos, que muitas vezes não representa o total de casos daquele dia, e, sim, de casos anteriores, pode causar alguma confusão na interpretação”, acrescenta.
Em relação aos dados divulgados pelo Consórcio na última terça-feira, 8, o Estado saiu de situação estável no número de mortes para a classificação “em alta”. A média móvel de óbitos saiu do índice de 7% para 19%. Segundo os critérios do Consórcio de Veículos de Imprensa, isso representa um crescimento ou uma alta no número de óbitos. Essa comparação leva em conta a média de mortes dos últimos sete dias até a publicação do balanço, em relação à média registrada duas semanas atrás.
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Conforme Cabeto, se levada em consideração a data do registro, pode haver uma interpretação inadequada ou um erro metodológico. Por isso, a Secretaria da Saúde do Ceará entrou em contato com o Consórcio de Veículos de Imprensa para explicar como os dados apresentados pela plataforma IntegraSUS devem ser utilizados. Além disso, a Sesa deve divulgar ainda nesta quinta-feira, 10, uma simulação do cálculo da média móvel, para comparação dos indicadores de queda, estabilidade e crescimento.
Segundo a secretária-executiva de Vigilância e Regulação da Sesa, Magda Almeida, um dos entraves percebidos pela pasta no início da pandemia, tratou-se especificamente de como realizar o registro desses óbitos. Ela acrescenta que, no cenário epidemiológico divulgado pela Sesa, leva-se em consideração a data de ocorrência do óbito. “A data de ocorrência do óbito é o que vai mostrar pra gente o que está acontecendo naquele momento, então quando a gente vai para os números do Consórcio eles não estão em correlação com os nossos números”.
Em comparação com a última semana epidemiológica, o boletim divulgado pela Sesa na quarta-feira, 9, apresenta a tendência de queda na média móvel. “Muitas vezes, o exame de confirmação do óbito não acontece no mesmo dia, acontece posteriormente, e isso faz com que a data de confirmação seja feita de forma retrospectiva”, explica Cabeto, destacando que, um número de óbitos registrado em determinado dia, pode ser diferente daquele observado dias depois.
Critérios do Consórcio de Veículos de Imprensa
Os dados sobre casos e mortes de coronavírus no Brasil foram obtidos por uma parceria entre os veículos de imprensa G1, O Globo, Extra, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL. As informações são detalhadas em indicadores que apontam onde as mortes causadas pelo novo coronavírus estão aumentando, diminuindo ou estáveis. Os critérios adotados são:
Média móvel: média de casos ou mortes dos últimos 7 dias
Variação: mudança da média móvel nos últimos 14 dias
Estabilidade: variações de até 15%, para mais ou para menos
Assim, para saber a média móvel, basta somar o número de casos ou mortes do dia com o dos seis dias anteriores. A tendência é calculada a partir da variação percentual das médias móveis em um intervalo de 14 dias. Ou seja, a média móvel do dia 14, por exemplo, será comparada com a média móvel do dia 1º. Se o percentual for de até 15%, considera-se a estabilidade. Se for superior a 15% positivos, está em crescimento. Se for mais de 15% negativos, está em queda.
A mudança mais drástica nas tendências observadas pelo Consórcio de Veículos de Imprensa, em levantamento publicado nesta quinta-feira, 10, ocorreu no Amazonas (AM). O estado aparecia em alta de mortes com 208%, até as 8 horas da quarta-feira, 9, e chegou a baixa de -32% nesta manhã. O Amazonas era o único estado em alta no número de óbitos, antes do Ceará ocupar a classificação.
Segundo o portal de notícias do G1, a mudança se deve à inclusão, no dia 2 de setembro, de 146 mortes de meses anteriores cujas causas foram revisadas. Assim, a inserção desses dados pesou na média móvel do estado na última semana e, por isso, saiu do cálculo que leva em conta os últimos 7 dias.